
A batalha judicial pelo espólio de Mário Jorge Lobo Zagallo, lendário ex-técnico da Seleção Brasileira, ganhou um novo e impactante capítulo. Uma gravação até então mantida sob sigilo pelos advogados da família veio à tona no processo de partilha de bens, reacendendo polêmicas e, ao mesmo tempo, desmontando alegações de que o ídolo estaria incapaz no momento da assinatura de seu testamento. O vídeo, incluído nos autos no último dia 11 de setembro, pode ser determinante para a decisão da Justiça sobre o destino dos bens deixados por Zagallo, falecido em janeiro de 2024, aos 92 anos.
Na gravação, feita em 18 de novembro de 2016 durante a elaboração de seu testamento, Zagallo aparece em um cartório, diante de uma tabeliã, falando com clareza sobre seus bens e a relação conturbada com parte de seus filhos. Ao ser questionado sobre quantos filhos teve, ele responde com precisão: “Quatro filhos”. E os nomeia, na ordem: “Marilia Emilia, Paulo Jorge, Maria Cristina e Mario Cesar”. O vídeo foi anexado por Mário César Zagallo, o caçula, para rebater a narrativa dos irmãos de que teria havido manipulação e isolamento do pai nos últimos anos de vida.
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Durante a conversa com a tabeliã, Zagallo se mostra firme e consciente. Em um desabafo duro, diz: “Infelizmente, os três filhos não valem nada... Eu vou escrachar mesmo. Tive quatro filhos, três só estão visando o dinheiro...”. Quando a tabeliã comete um erro e menciona “Mario Jorge”, ele prontamente a corrige: “Mario Cesar... Isso eu sei de cabeça, não sou demente”. A mulher reconhece o engano e comenta: “Vejo que o senhor está respondendo tudo bonitinho”. Zagallo prossegue e aponta quem, segundo ele, esteve ao seu lado: “Paulo Jorge e Maria Cristina não valem nada na minha vida... porque estão fazendo um processo contra minha pessoa, dizendo que sou demente. Os três. Só o Mario César, não. Ele me deu toda a atenção. Me ajuda, me leva ao médico, paga as contas. Tudo o que é de interesse para mim, é com ele”.
A tabeliã, buscando garantir que não houve coação, pergunta se Mario César o obrigou a assinar algum documento. Zagallo nega com convicção: “Tudo o que eu fiz foi de livre e espontânea vontade”. Ela insiste, e ele reafirma: “Totalmente de livre vontade”. Em outro momento, ela questiona se ele está ciente de que Mario César será beneficiado com uma fatia maior da herança. Ele responde de forma taxativa: “O dinheiro é meu. Eu posso fazer o que bem entender dele”.
Zagallo ainda comenta o afastamento dos filhos após as acusações sobre sua suposta demência: “Os três sumiram daqui, depois que fizeram a declaração contra minha pessoa. É duro. Mas eu repito quantas vezes for preciso. Daqui pra frente, não quero vê-los”. Quando questionado se eles estavam proibidos de entrar em sua casa, respondeu: “Por enquanto não, mas vou proibir, já está proibido. A realidade tem que ser dita”.
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O testamento, conforme reconhecido pela Justiça, é válido e não pode mais ser alterado quanto à divisão dos bens. Zagallo deixou 62,5% de sua herança para Mario César. Já os irmãos Paulo Jorge, Marilia Emilia e Maria Cristina, que contestam a partilha, pedem agora que sejam investigadas supostas movimentações financeiras no exterior e a ocultação de imóveis. No entanto, o vídeo anexado ao processo enfraquece significativamente a tese de que o ex-técnico teria sido manipulado ou estivesse sem plena capacidade mental no momento em que redigiu seu testamento.
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