O apresentador Fausto Silva, 75, foi submetido nesta semana a um transplante de fígado e a um retransplante de rim, e em 2023 passou também por um transplante de coração.
A Central de Transplantes do Estado de São Paulo afirma que Faustão "apresentou insuficiência hepática e renal sendo inscrito em maio de 2025 para transplante duplo, fígado e rim, e foi transplantado no dia 6 de agosto, seguindo os critérios de gravidade estabelecidos para esse órgão". A central diz ainda que todos os procedimentos seguem estritamente o que é estabelecido na legislação, conforme os princípios de equidade e igualdade do SUS (Sistema Único de Saúde).
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A lista de espera para transplante de rim não segue apenas a ordem de chegada, alguns casos recebem prioridade com base na gravidade e em situações específicas, diz o médico responsável pelo serviço de nefrologia do Hospital Leforte Liberdade, da Rede Américas, Leon Alvim Soares Júnior.
"Os pacientes considerados mais urgentes são aqueles que não conseguem mais fazer hemodiálise, por falta de acesso venoso, nem diálise peritoneal, dois tratamentos essenciais para quem sofre de doença renal avançada", afirma.
Outro grupo prioritário inclui pacientes que já receberam transplantes de outros órgãos sólidos (como coração ou fígado) e, posteriormente, desenvolveram insuficiência renal crônica, necessitando de diálise. Em São Paulo, essa prioridade é garantida por lei, reconhecendo que esses pacientes já passaram por procedimentos complexos e têm maior vulnerabilidade.
COMO FUNCIONA A FILA DO TRANSPLANTE?
De acordo com dados de 2024 do Ministério da Saúde, no estado de São Paulo há 26.715 pessoas esperando um transplante. São 3.074 inscritos na fila por um rim, 730 aguardando um fígado e 123 à espera de um coração.
Os pacientes que precisam de um transplante são cadastrados no Sistema Estadual de Transplantes pela equipe médica responsável, que também fica encarregada de manter os dados atualizados, afirma o Ministério da Saúde.
A distribuição dos órgãos é realizada em conjunto com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e leva em consideração fatores como a disponibilidade do órgão através de doações, tempo de espera do paciente na fila, gravidade do caso clínico e existência ou não de tratamentos alternativos.
O critério de prioridade na fila de transplantes é definido principalmente por três fatores: a gravidade do quadro do paciente, a compatibilidade com o doador e o histórico médico do receptor, explica o clínico geral e pesquisador Ramon Andrade de Mello, da Universidade de Oxford.
"Pacientes em situação de risco iminente de vida ou que já realizaram um transplante anterior sem apresentar rejeição tendem a ter prioridade no sistema. Embora o tempo de espera na fila seja considerado, ele geralmente funciona mais como um critério de desempate quando outros fatores são equivalentes", diz Mello.
Ele cita também que pacientes que já passaram por um transplante e desenvolveram rejeição ou complicações podem receber prioridade relativa. Isso ocorre quando o caso é avaliado como uma continuação do tratamento anterior, exigindo intervenção mais imediata.
O médico Leon Alvim Soares Júnior acrescenta que cada órgão possui uma regra na fila. "O transplante de coração e fígado [é definido] por gravidade clínica do receptor, a fila do rim é por compatibilidade, e de outros órgãos, como pâncreas, é por ordem de inscrição na fila."
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Segundo dados da ABTO (Associação Brasileira Transplante de Órgãos), nos primeiros três meses de 2025 foram registrados no país 1.576 transplantes de rim, 588 de fígado e 104 de coração.
Em 2024, o Brasil alcançou a marca de 30,3 mil transplantes por ano, entre órgãos e tecidos. Os órgãos mais transplantados foram rins (6.320), fígado (2.454) e coração (440), enquanto entre os tecidos destacam-se córnea (17.107) e medula óssea (3.743).
Ao longo da última década (2014-2024), foram realizados 52.657 transplantes renais, 20.227 hepáticos e 3.460 cardíacos.
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