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FOTO EMBLEMÁTICA

Com ajuda de IA, historiador identifica nazista do Holocausto

Historiador Jürgen Matthäus identifica soldado nazista do Holocausto com IA, revelando novos detalhes sobre a imagem impactante da execução de um judeu.

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Imagem ilustrativa da notícia Com ajuda de IA, historiador identifica nazista do Holocausto camera Detalhe da fotografia emblemática conhecida como "O Último Judeu em Vinnitsa", de 1941. | Divisão de Gravuras e Fotografias da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

Em meio ao avanço das tecnologias e ao aprofundamento dos estudos históricos, um dos registros fotográficos mais marcantes do Holocausto ganhou novos contornos. A imagem conhecida como “O Último Judeu em Vinnitsa”, que retrata a brutal execução de um homem judeu por um soldado nazista diante de uma cova coletiva, teve um de seus protagonistas identificados — graças à combinação de pesquisa histórica minuciosa e ferramentas de inteligência artificial.

O responsável pela descoberta é o historiador Jürgen Matthäus, baseado nos Estados Unidos, que há anos investigava a origem e os rostos por trás da célebre imagem. O retrato, feito por volta de 1941, mostra um homem ajoelhado à beira de uma vala comum, prestes a ser morto por um soldado da Waffen-SS, enquanto outros soldados observam. Embora o nome da imagem sugira que o episódio ocorreu em Vinnitsa, a execução aconteceu nas proximidades de Berdychiv, na atual Ucrânia, durante uma das operações de extermínio da unidade Einsatzgruppe C, encarregada da “limpeza étnica” nas áreas ocupadas da União Soviética.

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A identidade do executor sempre foi cercada de dúvidas, alimentando especulações e investigações ao longo de décadas. A fotografia, de forte carga simbólica, tornou-se uma das representações visuais mais impactantes da violência nazista contra judeus do Leste Europeu. Apesar disso, os rostos nela permaneciam sem nome — até agora.

A virada na investigação veio quando um homem que acompanhava os estudos do historiador entrou em contato para compartilhar uma suspeita: o soldado com a arma seria seu parente por afinidade, Jakobus Onnen, tio de sua esposa.

Embora as cartas pessoais de Onnen tenham sido destruídas nos anos 1990, a família manteve fotografias dele em seus arquivos. A partir desse ponto, Matthäus deu início a uma nova linha de pesquisa.

Quando a história encontra a inteligência artificial

O processo de identificação envolveu múltiplas etapas: consultas a arquivos históricos, colaboração de colegas, participação de voluntários da plataforma de jornalismo investigativo Bellingcat, e o uso de análise facial com inteligência artificial, aplicada às fotos históricas de Onnen e à imagem do fuzilamento.

“A IA não chega aos mesmos níveis de precisão de um reconhecimento facial moderno, principalmente por se tratar de uma imagem histórica com baixa qualidade. Mas, segundo os especialistas, a correspondência facial foi excepcionalmente alta”, afirmou Matthäus em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

Com base no cruzamento de evidências históricas, fotografias da época e as correspondências faciais obtidas, o historiador concluiu que há base suficiente para confirmar que o soldado da imagem é Jakobus Onnen.

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Quem era Jakobus Onnen

Nascido em 1906, na vila alemã de Tichelwarf, próxima à fronteira com a Holanda, Onnen vinha de uma família considerada culta. Era professor de línguas e educação física, falava outros idiomas e tinha o hábito de viajar. Ingressou no Partido Nazista antes mesmo de Hitler subir ao poder em 1933.

Apesar de seu envolvimento em execuções, Onnen nunca foi promovido dentro da estrutura militar nazista. Morreu em combate em agosto de 1943. Segundo Matthäus, participar de ações como fuzilamentos em massa “não rendia recompensas ou méritos dentro das unidades de extermínio”.

As motivações pessoais de Onnen continuam obscuras. “Acho que a razão pela qual ele aparece naquela imagem, a forma como ele se mostra, é para impressionar”, avaliou o historiador. Segundo relatos da família, suas cartas durante a guerra eram “banalidades do cotidiano”, sem menções explícitas às atrocidades.

Uma imagem que continua a falar

Para Matthäus, a fotografia vai além do choque. Ela representa o momento em que a violência deixa de ser uma estatística e se transforma em algo cru, direto, pessoal. “Essa imagem deveria ser tão simbólica quanto o portão de Auschwitz. Ela mostra o assassino e a vítima, frente a frente, no exato momento em que a vida está prestes a ser tirada.”

Estima-se que, dos 20 mil judeus que viviam em Berdychiv em 1941, apenas 15 ainda estavam vivos em 1944, segundo levantamento da revista alemã Der Spiegel. “Execuções como essa continuaram até o último dia da ocupação nazista na região”, destacou Matthäus.

A fotografia em questão, acredita-se, foi tirada por outro soldado nazista. Imagens como essa eram colecionadas como troféus de guerra, parte do perverso cotidiano das tropas de extermínio.

IA como ferramenta, não como solução

Apesar da ajuda que a inteligência artificial ofereceu nesse caso, Matthäus alerta para os limites da tecnologia nas ciências humanas. “O uso de ferramentas digitais nas humanidades aumentou muito, mas ainda é voltado principalmente para processar dados em grande volume. Quando falamos em análise qualitativa, o fator humano continua essencial.”

A descoberta, embora não mude o desfecho trágico retratado na imagem, humaniza o processo histórico e joga luz sobre os rostos por trás do crime, relembrando que as tragédias do passado foram protagonizadas por pessoas comuns — e não apenas por figuras distantes ou anônimas.

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