Quem vive com cães sabe que quanto menor o tamanho, maior a personalidade. Não é raro ver vídeos viralizando nas redes sociais com chihuahuas, pinschers e shih-tzus “prontos para o ataque”, arrancando risadas e memes que alimentam a fama desses pequeninos como estressados e temperamentais. Mas, por trás do humor, existe ciência e ela ajuda a entender por que alguns cães de pequeno porte realmente reagem de forma mais intensa ao mundo ao redor.
Segundo o médico-veterinário comportamental Edilberto Martinez, embora não seja uma regra absoluta, estudos isolados mostram que raças pequenas tendem a apresentar comportamentos mais reativos, como latidos constantes e agressividade defensiva.
Leia mais:
- 4 dicas para evitar o cheiro ruim nas roupas em dias de chuva
- Receitas de Chibé seguem vivas na mesa dos paraenses
Essa tendência, explica o especialista, tem raízes na própria história dos cães pequenos. “Eles foram selecionados para acompanhar humanos de perto, dentro de casa, o que favoreceu um comportamento de proteção maior”, afirma. Além disso, o hábito comum de carregar esses animais no colo, em vez de deixá-los explorar o ambiente, pode deixá-los mais inseguros diante de estímulos novos.
Pequenos, protegidos e inseguros
O processo de humanização também contribui para comportamentos indesejados. “Raças pequenas são, muitas vezes, tratadas como bebês. Essa superproteção pode resultar em cães com comportamentos agressivos e possessivos”, destaca Edilberto.
Quer ler mais notícias curiosas? Acesse o canal do DOL no WhatsApp!
O veterinário explica que tutores superprotetores costumam ser pessoas ansiosas ou inseguras e, mesmo sem perceber, acabam reforçando o medo e a ansiedade do animal. “Isso impede que o cão aprenda a lidar com situações novas e faz com que se sinta vulnerável diante de estímulos que, normalmente, não deveriam causar preocupação.”
Experiências negativas e falta de socialização também pesam. Por serem pequenos, esses cães estão mais suscetíveis a pisões acidentais, aproximações bruscas e carícias inadequadas, o que aumenta a sensação de risco.
Edilberto exemplifica: “Imagine um golden retriever brincalhão dando uma patada para chamar um chihuahua. Pode machucar e até causar uma lesão grave. O mesmo vale para mordidas leves de brincadeira.”
No ambiente urbano, o cenário pode ser ainda mais desafiador. Como todos os cães, eles têm audição sensível mas, somada à superproteção dos tutores, essa sensibilidade pode resultar em limiar emocional mais baixo.
Sinais de que o pequeno está estressado
O veterinário orienta os tutores a observar sinais de alerta, como:
- Lambedura excessiva das patas
- Comportamento destrutivo
- Falta de apetite
- Latidos excessivos
- Isolamento
- Agressividade
- Alterações no sono
Como ajudar o pet a se sentir mais seguro
Ao notar esses sintomas, Edilberto recomenda criar uma rotina tranquila e previsível, em um ambiente seguro, antes de expor o pet gradualmente a novos estímulos sejam urbanos, humanos ou de outros animais.
Um ponto importante: não pegar o cão no colo ou consolá-lo no momento da reação, pois isso reforça o comportamento. O ideal é trabalhar com recompensas, treinos de dessensibilização e contra-condicionamento.
Além disso, é essencial que o cão brinque, fareje, passeie e satisfaça suas necessidades naturais, fortalecendo sua autonomia e confiança.
“E nunca use punição clássica como forma de ensinamento”, reforça o especialista. “A tendência é que o cão se torne ainda mais inseguro e ansioso.”
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar