Em meio às expectativas pela 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que transformará Belém em palco de debates globais sobre sustentabilidade, uma preparação silenciosa, mas essencial, acontece longe dos holofotes. No distrito de Icoaraci, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) se organiza para exercer um papel estratégico: garantir atendimento humanizado, seguro e culturalmente sensível à população indígena que participará ou será impactada pelo evento.
Considerado o maior hospital público do Governo do Pará, o HRAS integra a rede de retaguarda assistencial do Estado e possui em seu sistema o registro de mais de 300 etnias. A unidade é pioneira na Amazônia na adesão ao Incentivo para a Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI), do Ministério da Saúde, cumprindo os 11 requisitos exigidos pelo programa. O objetivo é ampliar o acesso das comunidades indígenas aos serviços especializados de saúde, com base no princípio da diversidade cultural e interculturalidade.
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Segundo Heloísa Guimarães, secretária-adjunta de Gestão de Políticas de Saúde da Sespa, o hospital está preparado para atender às demandas específicas desse público. "O Abelardo Santos tem uma estrutura moderna e capacidade para esse tipo de atendimento. Nos quartos do bloco indígena foram adaptadas redes, respeitando aspectos culturais e garantindo um atendimento humanizado a todas as etnias. Além disso, todos os profissionais estão preparados para realizar esse acolhimento", afirma.
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ATENDIMENTO SEM DISTINÇÃO

Nos últimos três anos, o HRAS realizou mais de mil atendimentos a pacientes indígenas, em sua maioria das etnias Tembé, Assurini, Amanayé e Munduruku. Essa atuação é fortalecida por parcerias com a Casa de Saúde Indígena (Casai) e o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), que oferecem suporte linguístico e cultural para facilitar a comunicação durante o tratamento.
Entre os pacientes, o reconhecimento é unânime. Bep Kaprin Xikrin destacou o atendimento sem distinção como uma marca da unidade. "Sem distinção. O tratamento é igual para todos, e estou melhorando a cada dia", relatou. Já Ireprin Xikrin Gavião, acompanhante, reforçou a sensibilidade da equipe. "Pedi uma rede para que pudesse me deitar, e atenderam ao meu pedido", contou.
RESPEITO E CONFIANÇA
Para Freddy Cardona, liderança indígena Warao, a experiência no hospital foi marcada pelo respeito e pela confiança. "O atendimento universal foi uma das coisas que mais me chamou a atenção. Sempre há um receio de irmos a um lugar desconhecido e não sermos bem tratados. Mas aqui posso dizer que me senti tranquilo e confiante", destacou.

Com o objetivo de fortalecer a preparação para a COP30, o HRAS promoveu, em agosto, o 3º Circuito de Palestras de Saúde Indígena, reunindo palestrantes indígenas e capacitando toda a equipe hospitalar. O evento reforçou a importância da valorização dos saberes tradicionais e da construção de um atendimento mais humano e respeitoso.
A diretora-geral do hospital, Aline Oliveira, enfatiza que a rotina de cuidado será mantida com o mesmo compromisso de sempre. "Vamos fazer o que já fazemos: oferecer assistência com segurança, qualidade e compromisso, reforçando o papel da unidade no cuidado à população e aos visitantes que virão para este evento histórico no Pará", afirma.
QUALIDADE RECONHECIDA

O Hospital Abelardo Santos ostenta a certificação Acreditado – ONA1, concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), um dos mais importantes reconhecimentos de qualidade da saúde no Brasil. "Nossa atuação é extremamente importante para os paraenses, e foi reconhecida pela organização da COP30 e pelo Ministério da Saúde. Estamos prontos para este momento", reforça Aline Oliveira.
Com 360 leitos distribuídos entre emergência, internação, cirurgia e unidades de terapia intensiva, o HRAS oferece 11 especialidades médicas e mantém atendimento ininterrupto para mulheres, crianças e comunidades indígenas. Com índice de satisfação superior a 90%, o hospital consolida sua imagem como referência em acolhimento, qualidade e respeito à diversidade cultural, princípios que devem guiar o atendimento durante a COP30.
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