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NATUREZA

Clube se une em torno da observação e paixão por aves no Pará

Grupo de pessoas reúne-se para praticar a observação de pássaros, uma mistura de hobby, pesquisa científica e consciência ambiental. Para esses passarinheiros, é importante vê-los em seus habitats naturais

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Imagem ilustrativa da notícia Clube se une em torno da observação e paixão por aves no Pará camera Registro inédito da Garça-da-Mata, feita pelo clube | Foto: Gustavo Melo

No Pará, um grupo de apaixonados por aves reúne-se com frequência para praticar uma atividade que alia hobby, pesquisa científica e consciência ambiental: a observação de aves. O Clube de Observação de Aves do Pará (Coapa), fundado em 2024, reúne cerca de 280 membros de todas as idades interessados em estudar e registrar a diversidade de aves da região.

Gustavo Melo, co-fundador e atual presidente do Coapa, reforça que essa prática pode ser tanto um lazer quanto uma importante contribuição para a ciência, e o observador de aves pode ter diferentes perfis. “Um observador de aves pode ser desde um simples curioso apaixonado pela natureza até um cientista cidadão, ou até um biólogo preocupado com conservação e preservação. Nosso objetivo é juntar essa massa crítica para impulsionar a paixão pela observação de aves e também colaborar com pesquisas”, explica.

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Ele lembra que a observação vai além do hobby, atraente para o aspecto econômico da atividade, movimentando um setor turístico: “Algumas pessoas vivem disso, guiando visitantes que vêm de outros Estados do Brasil e do mundo para registrar espécies raras daqui, como a ararajuba. Alguns participantes do grupo têm essa função de guia e é um trabalho interessantíssimo, que vale muito a pena”.

União

Gustavo explica que o clube surgiu da união de pessoas apaixonadas pela natureza, especialmente pelas aves, quando o Ideflor-Bio promoveu um curso que juntou interessados e curiosos, e disso surgiu a ideia de criar o clube para incentivar a observação de aves.

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Gustavo Melo, presidente do Coapa
📷 Gustavo Melo, presidente do Coapa |Foto: Gustavo Melo

Apesar de ser físico de formação, ele ressalta sua contribuição para o conhecimento das espécies, além de apaixonado pela natureza. “Mas sou apaixonado pela natureza e consigo dar minha contribuição como fotógrafo na medida em que vamos revelando novas espécies que não eram conhecidas ainda em Belém. No ano passado, consegui fazer o primeiro registro para Belém do Uiraçu, uma das águias mais elusivas do Brasil, além do registro inédito da Garça-da-Mata, a garça mais colorida do Brasil, e o Bacurau-Norte-Americano, que estamos acompanhando atualmente”.

Ele detalha a importância do trabalho de monitoramento para a ciência. Sobre a presença recente do Uiraçu em Belém, Gustavo comemora: “no ano passado, encontramos uma fêmea adulta; esse ano, um jovem, provavelmente macho, o que indica que essa espécie está conseguindo vencer aqui na região. Fazia décadas que não se registrava um Uiraçu em Belém. Isso é importantíssimo para a ciência brasileira”.

Equipamentos

Sobre os equipamentos usados, há diversidade e acessibilidade. “Os observadores utilizam desde celulares para fotografar ou gravar sons das aves. Existem aplicativos que usam inteligência artificial para identificar espécies a partir do som. Também usamos binóculos de boa qualidade para ver aves pequenas embrenhadas na mata, e câmeras que vão desde as simples até profissionais de alta qualidade”. Ele enfatiza que, mais importante que o equipamento, é o olhar do observador. “O ideal é investir em uma [câmera] teleobjetiva para alcançar aves distantes, mas o mais importante é a vontade de usar o equipamento e o olhar atento”.

Ao falar sobre o termo “passarinheiro”, ele esclarece que, apesar de originalmente estar associado à caça, hoje é sinônimo de observar aves. “E queremos difundir isso para que as pessoas saibam que é muito mais interessante e lucrativo ver aves soltas em vida livre do que aprisionadas. Inclusive, prender aves é crime federal inafiançável”, pondera.

Para os passarinheiros de plantão, participar do clube integra a força do networking para conhecer ou reencontrar determinadas espécies de aves. Na lista do presidente do Coapa, estão bons lugares como “o Parque do Utinga, o Refúgio de Vida Silvestre, a Ilha do Combu, a UFPA e a Ufra, Ilha de Cotijuba, são ótimos locais próximos. Ainda temos Benevides, Benfica, Itaituba, Altamira, Santarém, são ótimos para a observação”.

BACURAU

Falando especificamente sobre o Bacurau-Norte-Americano, ave migratória que tem sido monitorada pelo Coapa na Universidade Federal do Pará (UFPA). Embora não seja considerada em perigo de extinção, o Bacurau é difícil de ser encontrado, por sua camuflagem perfeita. “Ele se mimetiza fortemente com o ambiente, tem a mesma coloração do galho do ipê. É uma ave difícil de visualizar, e só aparece em períodos específicos do ano, por isso a gente corre para registrar”.

“Foi encontrado no ano passado aqui na UFPA pelo nosso vice-presidente, que fez a identificação. Ela ficou aqui cerca de 15 dias, e neste ano começamos a monitorar de novo, observando que chegou em agosto. Ela vem da América do Norte, passa um tempo aqui no Brasil e depois volta”, conta. Sobre o comportamento da ave, explicou: “é noturna, se alimenta de insetos, abre muito o bico para capturar insetos em voo e passa o dia dormindo. À noite, começa a cantar e se movimentar para se alimentar”.

Um amor que se transforma em livros e é compartilhado com a nova geração

Valdiane Santana, formada em Ciências Naturais, é membro do Clube e chegou através da paixão pela fotografia das aves, mas as observa há cerca de dez anos. “Fotografar aves exige paciência e dedicação, porque elas são difíceis de captar. Passei a fazer parte do clube para trocar experiências, porque antes ia sozinha para os matos e era mais difícil”.

Entre as aves que mais a encantam, está a ararajuba, por ser endêmica da Amazônia e ameaçada de extinção. “Ela só existe aqui, na nossa região, e por isso temos que preservar e cuidar dela, junto com projetos de soltura”. Presentes no cotidiano, outras podem ser observadas mesmo no quintal de casa ou na rua. “Basta ter o ouvido atento para identificar seus cantos, como o do Curió, que é muito apreciado, embora infelizmente ainda preso ilegalmente em gaiolas”.

A paixão pelas aves se estende para os livros. Ela escreve livros infantis que promovem a conscientização ambiental. “Tenho dois livros na [plataforma] Amazon: ‘Aves do Meu Quintal’, com fotos minhas, mostrando que as aves estão perto de nós, e ‘As Aventuras de Bento’, um livro ilustrativo sobre um passarinho, o Bem-te-vi, que se perde na cidade e faz amigos”. “Nos livros, eu mostro que as aves estão perto da gente, no quintal de casa, e que devemos respeitá-las no seu ambiente natural, sem prender ou incomodar”, frisa.

O vice-presidente do Coapa, Humberto Pereira, também atua tanto na observação de aves quanto na educação infantil, unindo suas duas paixões. Através das aulas enquanto pedagogo, utilizando sua trajetória para conectar os jovens ao tema. Na adolescência, ele não tinha conhecimento do valor ecológico das aves e chegou a prejudicá-las. “Ninguém me falou das funções que elas desempenham, como espalhar sementes, controlar a quantidade de insetos, polinizar flores, qualidade de vida para nós humanos e todas as outras espécies. Então, contei essa história para as crianças”, lembra.

Membro do Coapa desde a fundação, Humberto também compartilha a emoção de registrar aves raras, como o Uirapuru-vermelho, que o marcou profundamente. “Foi a ave mais rara que encontrei até agora, tremi para filmar e fotografar. Quando vou às aulas, uso uma camisa com a foto dela, e as crianças adoram”, comentou enquanto, coincidentemente, vestia a camisa com o desenho da ave. Ele observa ainda o efeito multiplicador do conhecimento: “Você fala para uma pessoa, ela fala para outra, e assim vai multiplicando”.

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