
Após meses de alta, o preço do açaí comercializado em Belém apresentou recuo de 10% em junho. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), o produto apresentou redução de até R$3,26 por litro em comparação ao mês anterior, enquanto em relação a janeiro foi de R$4,23. A safra aumenta a expectativa de novo recuo para agosto, mas ainda não foi observada pelos comerciantes da bebida.
De acordo com o supervisor técnico do Dieese-PA, Everson Costa, o cenário é de queda do preço do açaí, impulsionado pelo período da safra. Por isso, a expectativa é de que a safra deste ano seja melhor em relação a 2024. Por outro lado, um fator que pode dificultar o recuo é a questão do tarifaço. Porém, essa possibilidade ainda está em análise.
Segundo a batedora de açaí Lays Sampaio, o fruto está 50% mais caro em relação a agosto de 2024. Nesse mesmo período do ano passado, a lata do fruto foi vendida aos comerciantes a R$135, enquanto atualmente chega a R$220. O valor se reflete no preço da bebida já batida, sendo comercializada a R$24 (tradicional); a R$32 (médio) e R$45 do tipo grosso, com pouca diferença para os primeiros meses do início da safra (junho e julho). Apesar disso, o açaí está pelo menos 40% mais barato em comparação ao início do ano, marcado pelo período de entressafra.
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“Foi uma diferença significativa em relação ao começo do ano, que é o período de inverno. Mas pro verão o açaí ainda tá caro. Em relação ao ano passado, ele está mais do que 50% mais caro. Para te ter uma ideia, eu tou tendo que comprar açaí fora. Eu tou indo buscar em Abaetetuba porque a lata está custando entre R$110, R$120, a diferença é muito grande”, diz a proprietária do ponto Açaí da Lays, na Feira da 25.
Conforme a comerciante, os preços mais altos que o normal durante a safra são reflexo da exportação acelerada do fruto. “Não é que não tenha o açaí, é porque de dois anos pra cá o açaí ganhou o mundo. Antigamente eram só os Estados Unidos que bebiam açaí. Hoje o açaí tá em Dubai, na China. Recentemente, o Trump fechou as portas para o açaí, mas ele já ganhou o mundo. Ano passado tivemos um problema de seca muito grande, que resultou na falta do açaí”, explicou.
No ponto do Açaí do Édson, na travessa Mauriti com a Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, a bebida batida está sendo comercializada a R$26 (médio); R$35 (grosso); e R$40 do tipo papa. Apesar do valor reduzido em relação ao inverno, o batedor Édson Calandrini conta que o preço do açaí ainda é considerado alto para esta época do ano, que seria marcada pela grande oferta do fruto.
Segundo ele, a justificativa dos fornecedores para uma diminuição tímida do preço está relacionada a fatores climáticos, que influenciam diretamente no crescimento de bons frutos. “Eu converso com os rapazes que me fornecem, eles dizem que o mato (processo de frutificação) já está acabando, enquanto outros ainda vão começar. Por isso, esse sobe e desce de preço, ainda não está a um valor bem acessível como normalmente é. Eu compro na basqueta e tava saindo, em média, a R$220 ou R$250 a caixa. Agora foi para R$300, R$320, estagnou nesse preço”, relatou.
Apesar do preço ainda elevado, os comerciantes afirmam que a procura pelo açaí continua a mesma. “O pessoal continua comprando, mas sempre pergunta quando é que vai baixar. Não tem nem o que dar de resposta”, disse Édson. “O que acontece é que o cara ‘come’ menos, mas ele continua ‘comendo’. Ele não compra mais o médio, mas ele muda pro popular, e continua comprando. Se eu disser que a venda caiu não é verdade, continua a mesma coisa”, afirmou Lays.
CONSUMIDORES
- A doméstica Letícia Soares, 58 anos, compra açaí pelo menos quatro vezes na semana. Para ela, o preço está melhor do que no período chuvoso do ano. “Eu sempre compro aqui na Feira da 25. Nessa época do ano o açaí sempre é mais barato, agora não tá tão baixo, mas o preço tá bom, melhor do que no início do ano que tava muito caro mesmo. Eu creio que vá baixar ainda mais”, observou.
- Para o policial da reserva Edir Oliveira, 56 anos, o preço mais elevado do que o comum está relacionado à recorrência de chuvas. “Eu achei até que não baixou muito. Não sei se é por causa da chuva. Quando chove parece que o preço continua alto porque ainda continua chovendo. Eu costumo comprar no Umarizal e o valor por lá é R$40, aqui na Feira da 25 está mais em conta. Mas ainda não baixou o que era esperado não”, disse.
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