
Uma baleia-de-Bryde, com cerca de 14 metros, foi encontrada morta na comunidade de Viçosa, zona rural do município de Chaves, no arquipélago do Marajó, nordeste do Pará. O cenário um tanto inusitado chamou a atenção da população local e ganhou destaque nas redes sociais.
O caso, registrado na última quinta-feira (31), mobilizou moradores e gerou debate sobre o destino do corpo do animal, que se encontra em avançado estado de decomposição.
A aparição do enorme cetáceo ocorreu durante a maré baixa, em uma faixa de areia em frente à fazenda Periquito. Imagens feitas por moradores da região rapidamente circularam pela internet, mostrando a baleia encalhada e sem vida, em uma situação que surpreendeu mesmo aqueles acostumados com os fenômenos naturais da região amazônica.
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De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Chaves, ainda não há uma definição clara sobre as providências que serão tomadas em relação ao animal. Técnicos estudam as possibilidades de remoção ou enterro da baleia, considerando as dificuldades logísticas e ambientais envolvidas em uma operação desse porte.
A causa da morte da baleia ainda é desconhecida. Autoridades ambientais e especialistas devem analisar o caso com mais profundidade nos próximos dias, embora o estado avançado de decomposição possa dificultar a identificação de indícios claros.
A Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade do Pará (Semas) informou que está apurando o caso. "A Semas disponibiliza, por meio do app 'Semas Pará', um canal para denúncias", disse o órgão estadual em nota.
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Biólogas explicam o que pode ter acontecido
Baleias-de-Bryde (pronuncia-se "brude") são mamíferos marinhos que vivem em águas tropicais e subtropicais e podem chegar até 15 metros de comprimento. Apesar de não ser comum o encalhe desses animais em regiões como o Marajó, há registros isolados nos últimos anos — o que reforça a necessidade de estudos sobre o comportamento e as rotas migratórias desses cetáceos.
Em entrevista ao DOL, a bióloga Valéria Nascimento explicou que o Arquipélago do Marajó abriga o maior estuário do mundo, onde o Rio Amazonas encontra o Oceano Atlântico. "Essa zona de transição tem características únicas que podem desorientar algumas espécies marinhas, especialmente indivíduos jovens”, explicou ela.
A bióloga também destacou que as fortes marés, aliadas à busca por alimento, como cardumes de peixes, podem levar baleias a adentrarem os rios por engano — e em muitos casos, não conseguirem retornar ao oceano, ficando presas durante a maré baixa.
A bióloga Renata Emin, fundadora do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (GEMAM/MPEG) e do Instituto Bicho D'água, ressaltou que desde 2024, o Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC) vem sendo desenvolvido na região com a participação do Instituto Bicho D’água, em parceria com o Laboratório de Mastozoologia (LAMAM), o Laboratório de Sensoriamento Remoto Aplicado a Estudos Aquáticos (LASA) do IEPA e a coordenação técnica do Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (CEMAM).
“O monitoramento sistemático é fundamental. Mesmo quando o encalhe é de um animal já sem vida, ele fornece informações valiosas sobre a biodiversidade local e as ameaças enfrentadas por esses animais”, destaca Renata.
Enquanto isso, a presença da gigantesca baleia na praia continua atraindo curiosos e levantando questionamentos sobre o impacto da morte de um animal de grande porte no ecossistema local.
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