A Black Friday, que este ano será no dia 29 de novembro, já se consolidou no calendário dos consumidores brasileiros como um dos momentos mais aguardados do ano. Com promessas de promoções imperdíveis, a data movimenta o comércio em diversos segmentos, como o de eletrônicos e eletrodomésticos. No entanto, por trás das ofertas atraentes, está o risco do endividamento. Para aproveitar as promoções de forma consciente, é essencial um planejamento financeiro prévio.
Comprar aquela fritadeira elétrica, um ventilador novo, trocar o smartphones e a televisão ou, simplesmente, renovar o vestuário são desejos comuns nessa época de fim de ano. Embora a data oficial pareça distante, muitas lojas começam a oferecer descontos antecipados, com a prática da “Black Week”, em que as promoções começam antes da sexta-feira oficial, o que torna o cuidado com as finanças ainda mais necessário. Segundo o economista Luiz Carlos Silva, membro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), o grande perigo da Black Friday está no entusiasmo pelas compras, que podem gerar uma bola de neve de dívidas.
“A dica fundamental é não agir por impulso. É importante fazer uma lista com o que realmente é preciso, pois muitas vezes os produtos acabam não tendo utilidade e ficam encostados em casa”, explica. “Apenas compre por necessidade e não pelo apelo de consumo. Mesmo com ofertas tentadoras, estabeleça um orçamento para gastar à vista ou em parcelas. Se não fizer isso, pode se complicar no pagamento”, acrescenta.
Outro erro comum que pode levar ao endividamento é o desconhecimento sobre o produto e sua real variação de preço. Ele recomenda fazer uma pesquisa de mercado mais extensa, monitorando os preços dos produtos desejados antes de fazer a compra. “Verifique o histórico de preços do produto, compare em diferentes sites e lojas. Somente assim você poderá avaliar se o desconto realmente vale a pena ou se é melhor esperar pela Black Friday”, frisa.
Dificuldade
Para aqueles que têm dificuldade em resistir às compras por impulso, o economista enfatiza a necessidade de estabelecer limites financeiros claros. “Estabeleça um orçamento e gaste apenas aquilo que foi planejado. Além disso, se o preço [do produto] for muito baixo, desconfie, pois pode ser uma cilada. [Em compra online], verifique também a confiabilidade do site para evitar surpresas desagradáveis, como produtos descontinuados ou em condições que não atendem às expectativas”, indica.
Para evitar o endividamento, o especialista sugere uma regra simples para quem, por exemplo, ganha um salário mínimo, apesar de cada pessoa ter realidades e necessidades diferentes. “Deve evitar comprometer mais de 30% da sua renda com parcelas de carnês ou empréstimos. Dizemos que esse é um número gabarístico, um número base para garantir que o orçamento não fique apertado e gere, ainda, uma inadimplência”.
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Silva também reforça que o período de grandes promoções ocorre pouco antes do início de um novo ano, que traz consigo despesas fixas para algumas pessoas, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), além de materiais e mensalidades escolares. Assim, o consumidor deve evitar começar o ano no vermelho. “É preciso ter em mente que logo depois da Black Friday, vem o ano novo com novas contas a pagar. O planejamento financeiro precisa considerar essas despesas que acabam comprometendo o orçamento para o resto do ano”, diz.
Ele relembra a taxa de agravamento de endividados no Brasil, e através de iniciativas como o programa “Desenrola”, do governo federal, foram desenvolvidos para ajudar os brasileiros a renegociar suas dívidas. No entanto, Luiz Carlos alerta que, após saírem do endividamento, muitos consumidores voltam a cometer os mesmos erros, principalmente em períodos como a Black Friday.
“O endividamento ocorre quando compramos algo que podemos pagar, mas a inadimplência aparece quando não conseguimos honrar esses compromissos. É essencial entender essa diferença e evitar que o nome fique sujo neste período”, conclui.
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