A Bolívia inicia uma nova era política com a mudança de orientação ideológica em seu governo federal por conta da posse de um líder direitista após 20 anos de gestão da esquerda.
Rodrigo Paz foi empossado como presidente da Bolívia neste sábado (8), em cerimônia no palácio legislativo de La Paz ocorreu em meio a uma severa crise econômica que atinge a nação andina.
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O político de 58 anos recebeu a faixa presidencial em solenidade realizada no parlamento boliviano, com presença de deputados e delegações internacionais.
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Filho do ex-mandatário Jaime Paz, que governou entre 1989 e 1993, o novo chefe de Estado foi aplaudido pelos presentes durante o evento oficial.
A solenidade ocorre sob forte esquema de segurança policial nas proximidades do Palácio do Governo e do Congresso Nacional. O vice-presidente Edmand Lara, ex-oficial policial, conduziu a cerimônia em que Paz pronunciou o juramento: 'Deus, família e pátria: Sim, juro!'.
País enfrenta maior crise econômica em quatro décadas
A Bolívia atravessa sua mais grave recessão em 40 anos, com escassez de dólares e combustíveis que agrava o cenário financeiro nacional. O governo anterior, comandado por Luis Arce, consumiu praticamente todas as reservas cambiais para manter subsídios universais à gasolina e ao diesel.
A inflação atingiu 19% no acumulado até outubro, após alcançar pico de 25% em julho. Filas extensas em postos de combustível e dificuldades para obter alimentos subsidiados caracterizam o cotidiano dos 11,3 milhões de habitantes do país andino.
Novo governo propõe reformas econômicas estruturais
O presidente eleito pelo Partido Democrata Cristão anunciou planos para reduzir mais da metade dos subsídios aos combustíveis como medida de ajuste fiscal. Sua proposta inclui implementar um programa denominado 'capitalismo para todos', com foco na formalização da economia.
As reformas previstas abrangem redução da burocracia governamental e diminuição da carga tributária. Paz enfatizou durante a campanha a necessidade de diálogo para reduzir a polarização política que marca o país.
Esquerda boliviana demonstra fragmentação interna
Evo Morales, que não participou do pleito eleitoral, manifestou críticas aos novos dirigentes, alegando que não representam adequadamente o movimento popular e indígena.
O ex-mandatário defendeu o voto nulo, reconhecendo o cumprimento democrático sem aprovar as opções disponíveis.
A divisão na esquerda boliviana reflete a fragmentação política intensificada após a saída de Morales do poder em 2019. O ciclo progressista iniciado em 2006 trouxe crescimento inicial com a nacionalização do gás, mas a posterior queda na produção gerou a atual crise cambial.
Relações internacionais e integração regional
O novo chefe de Estado manifestou interesse em manter canal diplomático aberto com o Brasil, reconhecendo Luiz Inácio Lula da Silva como parceiro estratégico principal. Paz pretende preservar a participação boliviana no Mercosul e no Brics, apesar das diferenças ideológicas.
Mais de 50 delegações internacionais compareceram à posse, incluindo o vice-chanceler norte-americano Christopher Landau e os presidentes Gabriel Boric (Chile), Javier Milei (Argentina) e Yamandú Orsi (Uruguai). A presença diplomática demonstra a relevância geopolítica da Bolívia na América do Sul.
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