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RISCO IMINENTE

Megaterremoto pode redesenhar a costa oeste dos EUA

Estudo revela que um megaterremoto pode redesenhar a costa oeste dos EUA, afetando infraestrutura e comunidades. Entenda os riscos e as consequências.

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Imagem ilustrativa da notícia Megaterremoto pode redesenhar a costa oeste dos EUA camera Vazamento de fluido misterioso, que se origina de profundidades de até 4 km, desempenha um papel crucial na lubrificação entre placas tectônicas na costa de Oregon, nos EUA | Reprodução/Universidade de Washington

A possibilidade de um megaterremoto na costa oeste dos Estados Unidos voltou a chamar atenção da comunidade científica e do público após a publicação de uma pesquisa na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, no mês passado. O estudo sugere que um abalo de grandes proporções na falha de Cascadia não só causaria devastação imediata, como também provocaria mudanças permanentes na paisagem do litoral do Pacífico.

O estado do Oregon está situado na chamada Zona de Subducção de Cascadia, uma falha tectônica de cerca de 1.100 quilômetros de extensão, que vai do norte da Califórnia até a Colúmbia Britânica, no Canadá. A região é o ponto de encontro entre a Placa Juan de Fuca e a Placa Norte-Americana, onde a primeira mergulha lentamente sob a segunda — um processo que gera acúmulo de energia sísmica.

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Segundo os autores, um terremoto de magnitude superior a 9.0 pode atingir áreas como Califórnia, Oregon e Washington por até cinco minutos. Durante esse tempo, o movimento das placas pode forçar o solo a subir abruptamente, desencadeando um tsunami de grandes proporções. Em poucos instantes após a onda, o litoral pode sofrer rebaixamentos drásticos.

O levantamento indica que, em algumas áreas costeiras, o terreno pode afundar mais de dois metros imediatamente após o tremor, ampliando significativamente as zonas de inundação — regiões que já são naturalmente vulneráveis a enchentes. A situação pode ser ainda mais crítica se o evento ocorrer nas próximas décadas, quando o nível do mar estará mais alto devido ao aquecimento global.

Base histórica e geológica

As conclusões do estudo se baseiam em registros do último grande terremoto ocorrido na falha de Cascadia, datado de 26 de janeiro de 1700. De acordo com a professora Tina Dura, principal autora da pesquisa e especialista em geociências pela Virginia Tech, naquela ocasião o solo da região afundou de forma súbita, transformando pântanos em áreas sujeitas à maré e eliminando florestas inteiras com a invasão da água salgada.

Os pesquisadores analisaram evidências como camadas de sedimento marinho cobrindo solos de pântano e as chamadas “florestas fantasmas” — árvores mortas pelo avanço da maré após o rebaixamento do solo. Esses dados ajudaram a modelar o que pode ocorrer caso um novo abalo seja combinado ao avanço do mar causado pelas mudanças climáticas.

Entre os pontos mais preocupantes, o estudo aponta que aeroportos, indústrias, estações de tratamento de esgoto, subestações elétricas e até quartéis de bombeiros estão situados nessas áreas vulneráveis, o que coloca infraestrutura essencial em risco. Vias importantes, como longos trechos da rodovia US-101, também estariam sujeitas a impactos severos.

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Consequências a longo prazo

Tina Dura alerta que, mesmo após os tremores e o tsunami, comunidades costeiras continuarão enfrentando problemas crônicos de alagamento, o que pode comprometer a rotina, os serviços públicos e a mobilidade local por anos.

“Longos trechos de rodovias, usinas de tratamento de esgoto e estações de energia podem ficar permanentemente dentro da nova planície de inundação”, afirma a pesquisadora.

O geólogo Andrew Meigs, da Universidade Estadual do Oregon, lembra que o histórico sísmico da região revela uma média de um grande terremoto a cada 500 a 600 anos, com intervalos que já variaram entre 150 e mais de mil anos. Já se passaram 325 anos desde o último evento catastrófico.

Embora o lento soerguimento do solo devido ao movimento tectônico tenha até aqui ajudado a conter o avanço do mar, o estudo mostra que a combinação entre terremotos e mudanças climáticas pode alterar essa dinâmica de forma brusca, aumentando rapidamente a vulnerabilidade da região.

Vazamentos no fundo do mar levantam novas pistas

Além dos registros geológicos e relatos de povos indígenas — que coincidem com documentos japoneses sobre um tsunami em 1700 —, os pesquisadores também estão de olho em fenômenos recentes no fundo do oceano. Em 2015, um grupo da Universidade de Washington detectou um vazamento de fluido quente próximo à costa do Oregon, batizado de Oásis de Pítia.

Esse fluido, proveniente de cerca de 4 km de profundidade, atua como lubrificante entre as placas tectônicas. A perda desse fluido pode fazer com que as placas se travem, aumentando o acúmulo de energia sísmica.

“Se a pressão do fluido for alta, as placas deslizam suavemente. Se a pressão cair, elas travam, acumulam estresse e podem liberar essa energia em um grande terremoto”, explicou o professor Evan Solomon, coautor de outro estudo sobre o fenômeno, publicado em 2023.

Risco iminente e necessidade de ação

O trabalho, fruto de uma colaboração entre a Virginia Tech e a Universidade de Oregon, analisou 24 estuários ao longo da costa do Oregon, Washington e norte da Califórnia. Os pesquisadores reforçam que as políticas públicas de resiliência climática e urbana devem levar em conta não apenas o aumento gradual do nível do mar, mas também o impacto súbito do afundamento do solo em caso de terremoto.

O estudo conclui que, nas próximas décadas, o número de pessoas, imóveis e estruturas sujeitas a inundações severas pode triplicar na região. Diante desse cenário, os cientistas alertam para a urgência na reavaliação dos planos de preparação para desastres, a fim de garantir a proteção de comunidades inteiras e de infraestruturas vitais.

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