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TRAGÉDIA NOS EUA

Cem mortos: por que enchentes do Texas foram tão letais?

Mais de 100 mortes em enchentes no Texas levantam questões sobre prevenção e resposta a desastres naturais. Entenda as causas e o impacto da tragédia.

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Imagem ilustrativa da notícia Cem mortos: por que enchentes do Texas foram tão letais? camera O alerta de mais chuvas no Texas, ainda preocupam autoridades. | (Reprodução)

Grandes tragédias ambientais acendem alertas sobre os cuidados com a natureza e futuro do planeta, principalmente devido aos impactos causados após chuvas, terremotos e outros eventos climáticos.

Mais de 100 pessoas morreram — entre elas, ao menos 30 meninas e adolescentes — após as chuvas torrenciais que atingiram o centro do Texas na última sexta-feira (4), feriado do Dia da Independência dos Estados Unidos. A catástrofe natural, provocada pela rápida elevação do Rio Guadalupe, já é considerada uma das mais letais da história recente do estado.

As operações de busca e resgate continuam, especialmente na região do condado de Kerr, onde dezenas de pessoas seguem desaparecidas. O epicentro da tragédia foi o trecho conhecido como “Flash Flood Alley” — uma zona propensa a inundações repentinas, que abrange áreas de Dallas, Austin e San Antonio, até a fronteira com o México.

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Geografia de risco

Segundo o professor Hatim Sharif, da Universidade do Texas, essa área já liderava o país em número de mortes por enchentes. Em artigo para o site The Conversation, Sharif aponta que, entre 1959 e 2019, ao menos 1.069 pessoas morreram no Texas em eventos semelhantes — muitas delas na mesma região afetada agora.

“As colinas escarpadas, os solos que não absorvem bem a água e os riachos rasos formam uma combinação fatal. Quando chove, a água desce rápido e, ao convergir nos rios, cria uma força destrutiva capaz de arrastar casas, carros e pessoas”, explicou o especialista.

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Outro fator que contribui para o fenômeno é a Escarpa de Balcones, cadeia de colinas íngremes na região. A interação entre o ar quente vindo do Golfo do México e essa formação geológica provoca chuvas intensas e localizadas.

Na última sexta-feira, em apenas 45 minutos, o nível do Rio Guadalupe subiu oito metros, provocando a enxurrada que devastou comunidades inteiras.

Sistema de alerta falhou?

A tragédia reacendeu questionamentos sobre a eficácia dos sistemas de alerta. O Departamento de Gestão de Emergências do Texas (TDEM) ativou seus recursos na quarta-feira (3), e o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) chegou a emitir alertas na quinta-feira, destacando o condado de Kerr como área de alto risco.

No entanto, segundo autoridades, nem todos os moradores e turistas foram notificados a tempo. “Há áreas sem cobertura de celular. Não importa quantos sistemas de alerta você assine, você não vai receber uma única mensagem”, disse Nim Kidd, diretor do TDEM.

O governador Greg Abbott também alegou que ninguém esperava uma “parede de água” de quase nove metros. Já o juiz do condado de Kerr, Rob Kelly, admitiu que um sistema de sirenes de alerta para enchentes chegou a ser considerado há seis anos — mas nunca foi instalado, por falta de recursos.

Dalton Rice, autoridade municipal de Kerrville, prometeu uma revisão completa do sistema de notificações: “Devemos isso a quem perdeu a vida e a todos os moradores da nossa comunidade”.

Impacto de cortes no governo Trump

Enquanto familiares aguardam notícias dos desaparecidos, o debate político ganhou força. Segundo o The New York Times, cortes orçamentários e de pessoal implementados pelo governo do ex-presidente Donald Trump teriam enfraquecido o funcionamento do NWS.

De acordo com Tom Fahy, da Organização de Funcionários do NWS, os escritórios no Texas operam com déficit de hidrólogos e meteorologistas. Ex-funcionários afirmam que a redução de pessoal compromete a coordenação com autoridades locais em emergências climáticas.

O governo federal rebateu. “As previsões e alertas emitidos neste fim de semana mostram que o NWS segue plenamente capaz de cumprir sua missão”, declarou o Departamento de Comércio, ao qual a agência está vinculada.

Apesar disso, o NWS perdeu cerca de 600 servidores em 2025, segundo o próprio Times, como consequência de demissões e aposentadorias forçadas sob o Departamento de Eficiência Governamental, chefiado pelo bilionário Elon Musk.

Tragédia no acampamento cristão

Entre as vítimas mais impactantes estão ao menos 27 meninas e adolescentes que estavam no acampamento cristão Mystic, fundado nos anos 1930 e dedicado ao “crescimento espiritual de meninas em ambiente cristão”.

As vítimas dormiam quando as águas invadiram o local. Stella Thompson, de 13 anos, sobreviveu por estar em uma cabana em área mais alta. "Ficamos histéricas e rezamos muito", relatou à NBC.

A pequena Renee Smajastrla, de 8 anos, foi encontrada sem vida. Sua morte foi confirmada pelo tio, Shawn Salta, nas redes sociais. “Ela estava se divertindo muito, como mostra a foto tirada ontem”, escreveu.

Outras vítimas incluem as irmãs Blair e Brooke Harber, de 13 e 11 anos. Segundo o pai, RJ Harber, Blair era uma estudante brilhante, e Brooke “tinha o dom de iluminar qualquer ambiente”.

O diretor do acampamento, Richard "Dick" Eastland, também não resistiu. Um monitor segue desaparecido.

Histórias de heroísmo e dor

Fora do acampamento, histórias comoventes também vieram à tona. Em Texas Hill, Julian Ryan, de 27 anos, quebrou a janela do trailer onde morava com a família para permitir a fuga da água. Ele se feriu no vidro e morreu antes da chegada do socorro.

“Ele morreu como um herói, e isso nunca será esquecido”, disse sua irmã, Connie Salas, à imprensa local.

Com o avanço das buscas e previsão de mais chuvas, autoridades temem que o número de vítimas ainda aumente.

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