O Paysandu abriu oficialmente um novo capítulo para a temporada de 2026 com a apresentação de Marcelo Sant’Ana como novo executivo de futebol. Em uma coletiva marcada por transparência e detalhamento, o dirigente — que já presidiu o Bahia e trabalhou em clubes como Vasco, América-RN e agremiações internacionais — expôs seu diagnóstico inicial, as prioridades e o modelo de gestão que pretende implementar na Curuzu.
Logo em sua fala de abertura, Sant’Ana destacou a relevância do desafio que assume, afirmando estar “muito feliz de estar no Paysandu, o maior campeão da Amazônia”, ao mesmo tempo em que reconheceu a frustração do torcedor com o rebaixamento para a Série C. Ele elogiou a postura da torcida, lembrando que, mesmo com o time na lanterna da Série B, o clube registrou a quarta maior média de público da competição.
CONTEÚDOS RELACIONADOS
- Qual a situação dos clubes paraenses nas competições nacionais em 2026?
- Garcez se despede do Paysandu e agradece à torcida
- "Feliz e motivado", diz Junior Rocha ao ser confirmado no Paysandu
Visão de “clube-organismo”
Sant’Ana revisitou sua trajetória incomum no futebol — tornando-se presidente do Bahia antes mesmo de assumir outros cargos — e explicou como essa experiência moldou seu entendimento global sobre gestão esportiva.
Ele comparou um clube a um “organismo vivo”, no qual o futebol funciona como o coração, mas depende de departamentos como financeiro, comercial e sócio-torcedor para sobreviver e crescer. Segundo ele, essa visão integrada será aplicada no Paysandu, com indicadores claros e avaliação criteriosa de desempenho.
Para o dirigente, não basta contratar jogadores conhecidos: é preciso considerar a capacidade física, técnica, tática e emocional, além da frequência com que o atleta se mantém disponível ao longo da temporada.
Autonomia, método e cobrança
O novo executivo afirmou que terá autonomia técnica, sempre respeitando a hierarquia interna e prestando contas ao comitê gestor. Ele se definiu como um dirigente exigente, que cobra metas diariamente. Ao tratar da montagem do elenco, foi direto ao afirmar que “nenhum atleta é maior do que o Paysandu” e que essa regra vale para todos os funcionários.
Explicou que a análise sobre cada jogador seguirá três etapas: primeiro, saber se o atleta deseja permanecer; depois, avaliar se o salário condiz com sua entrega em campo; e, por fim, verificar se o clube tem condições de mantê-lo dentro do orçamento de Série C. O dirigente destacou ainda que há jogadores com contratos cujo patamar salarial está acima da realidade financeira do clube para 2026.
Rossi
Um dos pontos mais aguardados da coletiva foi a fala sobre Rossi, principal investimento do clube em 2025. Sant’Ana afirmou que ainda não conversou com o atleta desde sua chegada, mas reforçou que ele será tratado com respeito. Para ele, é natural que jogadores de maior visibilidade e maior remuneração também sejam mais cobrados — algo que não é exclusivo do Paysandu.
Ele lembrou que já trabalhou com Rossi no Vasco e destacou que a permanência do atacante dependerá do desejo do próprio jogador, da relação custo-benefício entre investimento e entrega em campo e da capacidade financeira do clube para mantê-lo em 2026. Segundo ele, as decisões precisam atender ao que for melhor para todas as partes.
Júnior Rocha
Sant’Ana também explicou a escolha do técnico Júnior Rocha, contratado horas antes de sua chegada oficial ao clube. Ele apresentou estatísticas e histórico para justificar a decisão, ressaltando que o treinador é um dos que mais trabalharam na Série C nos últimos anos, participou de quadrangulares finais e demonstra estabilidade em seus projetos, sem abandoná-los no meio da temporada.
Para o executivo, a contratação foi estratégica e alinhada ao objetivo central de recolocar o Paysandu na Série B.
Elenco atual, pré-temporada e renovação mínima
O dirigente informou que o Paysandu inicia 2026 com 17 atletas sob contrato — 10 do elenco principal e 7 oriundos da base — e que a pré-temporada está prevista para começar em 16 de dezembro. Sobre possíveis renovações, Sant’Ana foi categórico:
“Pouquíssimos jogadores que terminaram contrato vão renovar”, afirmando que a temporada de 2025 não foi satisfatória. Ele também revelou que há um jogador com pré-contrato assinado pela gestão anterior, mas que a diretoria ainda avalia antes de confirmar a contratação.
Base valorizada
A utilização das categorias de base será um pilar importante do modelo de trabalho do novo executivo. Ele afirmou gostar de trabalhar com jovens porque eles têm recuperação física mais rápida, custo menor e despertam o interesse do mercado. O dirigente espera contar com três a cinco atletas formados na Curuzu integrando o elenco profissional ao longo do ano.
Infraestrutura e profissionalização
Por fim, Sant’Ana também abordou temas estruturais e revelou que a presidência se comprometeu a entregar o novo centro de treinamento antes do início da Série C. A proposta é integrar academia, vestiário e campo em um único local, evitando deslocamentos e dando mais qualidade ao trabalho diário.
O executivo defendeu ainda a blindagem institucional do departamento de futebol, redução de interferências externas e aumento do nível de profissionalização dentro do clube, reforçando que o Paysandu precisa de boas práticas, processos sólidos e estabilidade para voltar a competir em alto nível.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Comentar