
O futebol perdeu um de seus torcedores mais ilustres. Nascido em Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, sempre foi um apaixonado pelo esporte e, principalmente, pelo seu clube do coração: o San Lorenzo. Mais que líder da Igreja Católica, o pontífice foi, por 12 anos, um símbolo de como o futebol pode ultrapassar as quatro linhas e tocar valores humanos profundos, como humildade, fraternidade e fé.
Desde os tempos em que usava batina pelas ruas da capital argentina, Francisco não escondia seu amor pelo Ciclón. Era sócio oficial do clube, com carteirinha e tudo, e fazia questão de acompanhar a trajetória do time. Em 1998, aliás, protagonizou uma cena que virou folclore entre os torcedores: foi gentilmente convidado a se retirar do vestiário do San Lorenzo pelo então técnico Alfio Basile, que acreditava que a presença do futuro Papa poderia trazer azar à equipe.
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Mas bastou Francisco ser eleito pontífice, em 2013, para que os ventos mudassem no Nuevo Gasómetro. Naquele mesmo ano, o San Lorenzo quebrou um jejum de seis anos e voltou a levantar um título nacional. No ano seguinte, fez história e conquistou, pela primeira vez, a tão sonhada Libertadores da América. Coincidência ou milagre? Para muitos torcedores, foi a força divina do seu ilustre torcedor em ação.
Durante seu papado, Francisco nunca escondeu o carinho pelo futebol brasileiro. Recebeu camisas de clubes, acolheu atletas e falou com reverência dos nossos craques. Em entrevista RAI, em 2023, surpreendeu ao ser questionado sobre os maiores da história. “Pelé é o maior. Um homem de grande humanidade, um verdadeiro senhor”, afirmou, colocando o Rei à frente até mesmo de seus compatriotas Messi e Maradona.
Sobre Diego, a resposta foi carregada de emoção: “Como jogador, foi imenso. Mas como homem, infelizmente, escorregou. Foi bajulado, mas pouco ajudado. Conheci o Maradona no meu primeiro ano de pontificado. Depois, veio o triste fim. Isso acontece com muitos atletas que não têm apoio fora do campo.”
Sobre Messi, o Papa foi direto: “Um senhor. Correto, respeitoso, digno.” Mas fez questão de reforçar: “De todos, Pelé é o grande. Um homem com um coração gigante.”
Do Vaticano ao estádio, Francisco fez do futebol mais que um passatempo — transformou a paixão em instrumento de fé e humanidade. Em cada encontro com atletas, clubes ou delegações esportivas, reforçou a mensagem de que o esporte, quando guiado pelos valores certos, pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social.
Torcedor raiz, Papa Francisco deixa um legado que vai além da batina: mostrou que, seja em uma capela de bairro ou no gramado de um estádio, a bola tem o poder de unir, emocionar e ensinar.
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