
Após décadas de silêncio, a Irlanda começa a enfrentar um dos capítulos mais sombrios de sua história. Na última segunda-feira (14), escavações foram iniciadas no antigo terreno da St Mary’s Mother and Baby Home, na cidade de Tuam, oeste do país, para recuperar os corpos de 796 crianças que morreram entre os anos de 1925 e 1961. As vítimas foram enterradas em valas comuns, sem qualquer tipo de rito fúnebre.
A instituição, comandada por freiras católicas com apoio do Estado, acolhia mulheres grávidas que engravidavam fora do casamento, consideradas, à época, um símbolo de vergonha moral.
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Os filhos nascidos nesses locais viviam em condições precárias e, muitas vezes, não sobreviveram a doenças evitáveis, fome e maus-tratos. Crianças com aparência “mais desejável” eram separadas para adoção, enquanto as demais eram negligenciadas.
Investigação histórica levou à escavação
O caso veio à tona graças à historiadora Catherine Corless, que localizou certidões de óbito de centenas de crianças sem registro de enterro. A descoberta desencadeou pressão pública, investigações governamentais, um pedido formal de desculpas e, agora, a operação arqueológica que visa recuperar os restos mortais e devolvê-los às famílias.
"É um momento de alívio e reparação. Essas crianças merecem ser lembradas e enterradas com dignidade", afirmou Corless à imprensa, visivelmente emocionada.
Especialistas do mundo inteiro
A escavação, prevista para durar cerca de dois anos, reúne 18 especialistas internacionais, incluindo arqueólogos, antropólogos e forenses de países como Reino Unido, Colômbia, Austrália, Espanha e Estados Unidos. A legislação que permitiu o início da operação só foi aprovada em 2022, após anos de impasses legais.
Um passado que ainda assombra
O caso de Tuam é apenas um entre muitos. Relatório de 2021 revelou que, entre 1922 e 1998, cerca de 56 mil mulheres e 57 mil crianças passaram por 18 instituições similares na Irlanda. Estima-se que ao menos 9 mil crianças tenham morrido nesses abrigos, vítimas de abandono institucional.
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Em 1975, restos humanos já haviam sido encontrados no local, mas, à época, alegou-se que seriam vítimas da Grande Fome do século XIX. A versão foi mantida até que novas investigações expuseram a verdade: um sistema que institucionalizou o castigo e o esquecimento.
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