
A música brasileira perdeu um de seus maiores ícones nesta sexta-feira (8). Arlindo Cruz, referência absoluta no samba, faleceu aos 66 anos, deixando um legado que transcende gerações. Mais do que um intérprete, Arlindo foi compositor, instrumentista e, sobretudo, um revolucionário do gênero. Sua importância para o samba é comparável à de grandes mestres, por sua capacidade de unir tradição e inovação com profundidade e sensibilidade únicas.
Sua trajetória ganhou notoriedade nacional a partir dos anos 80, quando passou a integrar o grupo Fundo de Quintal — um dos principais expoentes do chamado samba de raiz. Arlindo entrou na segunda formação do conjunto em 1981, substituindo Jorge Aragão, outro gigante do gênero.
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Antes disso, ele já tinha história. Após deixar a Aeronáutica no início dos anos 1980, Arlindo passou a frequentar as tradicionais rodas de samba do Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro. Naquela efervescência cultural, cercado de talentos como Beth Carvalho e o próprio Aragão, ele lapidou seu estilo e viu suas composições ganharem vida nas vozes de grandes nomes. Em apenas um ano frequentando o Cacique, teve 12 músicas gravadas — uma delas por Beth Carvalho, que viria a ser sua grande incentivadora.
O convite para integrar o Fundo de Quintal chegou em 1981, após a saída de Jorge Aragão. Começava ali uma das fases mais importantes de sua carreira. Arlindo ficou 12 anos no grupo, de 1981 a 1993, período em que não apenas compôs sucessos eternos como “O Show Tem Que Continuar”, “Sorriso Aberto” e “Só Pra Contrariar”, como também contribuiu para a modernização do samba com a introdução de instrumentos como o banjo, o tantan e o repique de mão, marcando a sonoridade que seria replicada por inúmeros grupos nas décadas seguintes.
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Arlindo não foi apenas mais um integrante: ele foi um dos grandes responsáveis por moldar o estilo e o som que definiriam o Fundo de Quintal e, por extensão, o samba contemporâneo. Sua saída do grupo em 1993 abriu caminho para uma carreira solo igualmente bem-sucedida, mas sua passagem pelo Fundo permanece como uma das mais brilhantes da história do gênero.
A formação original do grupo Fundo de Quintal contava com Bira Presidente, Ubirany, Sereno, Sombrinha, Almir Guineto, Jorge Aragão e Neoci — quatro deles já falecidos. Atualmente, apenas três seguem vivos: Sereno, Sombrinha e Jorge Aragão. Sereno é o único que ainda integra o grupo.
Nas redes sociais, o Fundo de Quintal lamentou a morte do ex-integrante com uma simples e poderosa frase: "Mestre de todos nós.”
Arlindo Cruz parte deixando um vazio enorme, mas também uma herança musical que seguirá viva nas rodas de samba, nos palcos e nos corações de todos que reconhecem o valor de um verdadeiro mestre.
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