
Algumas perdas são sentidas em silêncio, outras refletem em lamento coletivo, como se uma corda tivesse arrebentado no meio da canção. A morte de Hélio Delmiro, aos 78 anos, na última segunda-feira (16), em Brasília (DF), carrega as duas dimensões. Silenciosa como foi sua vida pessoal nos últimos tempos, mas profundamente ruidosa para a música instrumental brasileira, que se despede de um de seus maiores expoentes.
Nascido no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1947, Delmiro foi muito mais que um guitarrista e violonista virtuoso, ele foi um artista de técnica invejável, sensibilidade rara e influência global. Tocou com os grandes da música brasileira, como Elis Regina, Milton Nascimento, Clara Nunes, Nana Caymmi e Djavan. Mas sua música foi além das fronteiras da MPB, alcançando o respeito da cena jazzística mundial ao lado de nomes como a norte-americana Sarah Vaughan e o pianista Clare Fischer.

Sua morte, provocada por uma infecção urinária somada a complicações decorrentes de diabetes e problemas renais, encerra uma trajetória de 64 anos dedicados à música. Desde junho de 2024, ele já estava afastado dos palcos por conta das mesmas condições de saúde.
Do baile ao mundo
Delmiro começou a carreira aos 14 anos, ainda adolescente, tocando nos bailes cariocas como integrante do conjunto de Moacyr Silva. Nos anos 1960, passou por grupos como Fórmula 7 e o Conjunto 3-D. A projeção nacional veio na década seguinte, quando participou do icônico álbum Elis & Tom (1974) e produziu Claridade (1975), disco essencial na consagração de Clara Nunes.
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Na década de 1980, partiu para a carreira solo com o lançamento do álbum Emotiva (1980). No ano seguinte, assinou com César Camargo Mariano o aclamado Samambaia (1981), considerado uma das obras-primas da música instrumental brasileira. Vieram ainda Chama (1984), Romã (1991), Compassos (2004) e Violão Urbano (2022), entre outros trabalhos.

Seu último registro em vida, o álbum Certas Coisas, em parceria com o cantor Augusto Martins, foi lançado em 30 de maio de 2025. Sem saber, o músico se despedia com a mesma elegância com que conduziu cada acorde ao longo de sua carreira.
Um legado eterno
Hélio Delmiro era daqueles músicos que não apenas tocavam, eles transformavam. Sua guitarra tinha a capacidade de dizer o indizível, de traduzir sentimentos complexos com delicadeza e alma. Para quem entende de música instrumental, ele foi e continuará sendo uma referência.

Ouça alguns clássicos:
Hélio Delmiro - Ponteio
Waltzin' - Hélio Delmiro - Emotiva (1980)
Helio Delmiro - Autumn Leaves
Hélio Delmiro - Chama (1984)
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