A 4ª edição do Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus será realizada entre os dias 14 e 26 de janeiro, em Belém. A programação é gratuita e acontece em vários espaços da capital paraense.
As atividades serão realizadas no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Palacete Faciola; na ilha de Outeiro, em Icoaraci; e nas ilhas de Cotijuba, Mosqueiro e Maracujá. O evento contará com exibições de filmes, debates, formação audiovisual e apresentações musicais abertas para todos.
Para as oficinas, os interessados devem se inscrever de forma antecipada pelas redes sociais (@cinediaspora).
Nesta edição, o festival homenageia Felipa Maria Aranha, liderança quilombola histórica da região do Baixo Tocantins, no Pará. De acordo com Lu Peixe, diretora da Cine Diáspora, produtora responsável pela organização do Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus, a edição deste ano tem como foco de debate o fortalecimento das políticas afirmativas nos editais do audiovisual e de descentralização do cinema e a capacitação técnica dos profissionais.
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Incentivo à cultura amazônica
“Dos R$ 742 milhões liberados entre 2009 e 2019 do Fundo Nacional da Cultura, 51% foram destinados principalmente para as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Mas nos últimos anos, as políticas afirmativas e de descentralização adotadas pelo Ministério da Cultura foram cruciais para alavancar os fazedores de cultura da Região Norte, especialmente as pessoas negras e indígenas”, comenta a diretora.
Lu Peixe destaca que no Pará, iniciativas como a Fundação Cultural do Pará (FCP), o Curro Velho e a Casa das Artes, por exemplo, precisam ser fortalecidas, assim como as políticas afirmativas e de descentralização. “Vamos reunir cineastas de sete estados no Festival Zélia Amador de Deus para pensar sobre isso”, destaca Peixe.
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Programação
A abertura oficial do festival ocorre no dia 18, na Estação Cultural de Icoaraci, com a exibição do documentário “Ginga Reggae”, de Nayra Albuquerque (MA), com presença da cineasta. Em seguida, a festa continua no Espaço Cultural Coisas de Negro, com apresentação cultural do grupo Os Falsos do Carimbó (PA) e da DJ Cleide Roots (PA).
Desde o dia 14 até 17, a Estação Cultural de Icoaraci recebe as oficinas de fotografia para o cinema, direção de arte e continuidade para o cinema, ministradas pelos profissionais do audiovisual amazônico Lu Peixe (PA), Francisco Ricardo (AM) e Maurício Moraes (PA).
No dia 24, no MIS, o festival promove uma sessão de filmes com recurso de audiodescrição para pessoas com deficiência visual. A organização vai disponibilizar uma van para pessoas com problema de visão, em parceria com grupos de acessibilidade. Entre os filmes exibidos está “O som das redes”, de Assaggi Piá (BA), documentário que aborda a trajetória de Selmi Nascimento, atleta brasileiro de futebol de cegos. A sessão tem parceria com a HandsPlay, plataforma de filmes com acessibilidade.
O encerramento da programação será no dia 26, em Outeiro, no Balneário Curuperé, com apresentações da banda de carimbó Fogoyó e a divulgação dos vencedores do Troféu Zélia Amador de Deus.
O 4º Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus é uma realização da produtora Cine Diáspora e foi aprovado no Chamamento Público – Lei Paulo Gustavo – Apoio a cineclubes, festivais e mostras do município de Belém do Pará.
Formação e vivência para os cineastas nas ilhas
A bucólica Ilha de Cotijuba, composta por mais de dez praias de água doce, às margens da Baía do Guajará, também fará parte da programação do festival. No dia 19, cineastas convidados farão uma vivência junto a comunidades de matriz africana da localidade e um passeio de bicicleta pela ilha. Os moradores receberão exibições de filmes e apresentações culturais no Mirante da Pedra Branca.
A Ilha do Maracujá, localizada entre os municípios de Belém e Acará, de tradição ribeirinha e quilombola, também será cenário de encontros entre profissionais do cinema negro nacional. No dia 22, ainda como parte da programação, será realizado o Fórum de Cineastas Negros, com apoio da Associação de Profissionais Negros do Audiovisual (Apan).
Já nos dias 23 e 24, ocorrem as masterclass de coprodução com cinema indígena, com Bitate Juma (RO) e Beka Munduruku (PA), distribuição de curta-metragem, por Uilton Oliveira (BA/RJ), e montagem, com Mário Costa (PA).
Troféu Zélia Amador de Deus
Realizadores de todo o país puderam se inscrever, durante o mês de novembro de 2024, para o Troféu Zélia Amador de Deus, que premiará as melhores obras com valores em dinheiro que somam R$ 9,5 mil, com categorias exclusivas para as produções audiovisuais da Amazônia. Os vencedores serão conhecidos no dia 26, no encerramento do festival.
Foram selecionadas 40 obras dirigidas por pessoas negros ou povos originários nas categorias: curtas-metragens, animações, videoclipes e múltiplos formatos.
O Troféu Zélia Amador de Deus será concedido nas categorias: melhor filme da região amazônica, com premiação em dinheiro de R$ 1,4 mil; melhor animação amazônica, com prêmio de R$ 1,4 mil; melhor filme nacional, com R$ 1,2 mil; melhor videoclipe, com R$ 700; e melhor projeto múltiplos formatos, com R$ 700. A plataforma Todesplay vai licenciar um filme realizado na região amazônica por três meses, no valor de R$ 300 e a plataforma de HandsPlay licenciará quatro filmes, totalizando R$3,6 mil.
Além disso, a Associação de Profissionais de Edição Audiovisual (EDT) dará três anuidades para os filmes com melhor montagem e a Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) concederá a menção honrosa para melhor animação.
Sobre o Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus
Iniciado em 2019, o Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus é um projeto dedicado a produções realizadas por pessoas negras. O festival é realizado de forma bianual e já passou por cinco cidades do Pará, exibindo mais de 100 filmes, premiando 12 realizadores e auxiliando na formação de mais de 50 pessoas da região Norte.
A iniciativa carrega o nome de Zélia Amador de Deus, uma das principais lideranças do movimento negro do Pará e da Amazônia, professora universitária, atriz e diretora de teatro, membro-fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e do Grupo de Estudos Afro-Amazônico (Geam/UFPA).
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