Uma pesquisa recente revelou como a antiga civilização de Caral conseguiu sobreviver a uma seca severa há cerca de 4.200 anos, no Vale do Supe, no Peru. Naquela época, a agricultura parou e os habitantes precisaram deixar a cidade. No entanto, a população não entrou em colapso. Pelo contrário, ela se reorganizou e migrou para áreas costeiras e do interior, matendo tradições culturais e práticas cerimoniais.
A arqueóloga Ruth Shady, que liderou a pesquisa, destaca a importância dessa adaptação para a civilização do local. “A continuidade cultural ajudou a reforçar a identidade coletiva durante o deslocamento”, disse.
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Arte e símbolos de esperança em Vichama
Em Vichama, templos construídos no deserto exibem frisos tridimensionais que retratam fome, morte e sofrimento, com corpos magros e costelas expostas. Logo depois, surgem imagens de mulheres grávidas, dançarinas e peixes grandes, símbolos de esperança e abundância.
Entre os desenhos mais curiosos está um sapo atingido por um raio, representando a chegada da chuva, além de serpentes que simbolizam a água e uma figura metade humana, metade animal, que funciona como metáfora de uma semente e do retorno das colheitas.
Mais a leste, em Peñico, arqueólogos encontraram 18 estruturas no estilo monumental de Caral. A região revela uma sociedade organizada e pacífica, sem sinais de conflitos, mas com forte presença de comércio de longa distância. Restos de macacos e araras também indicam contato com a Amazônia, cerâmicas mostram animais da selva e conchas vieram de regiões tropicais ao norte.
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Além disso, a economia local combinava agricultura e pesca, com mercados ao ar livre movimentando milho, abóbora, batata-doce, abacate e pimenta. Figuras de barro pintadas mostram equilíbrio entre homens e mulheres, enquanto relevos do pututu, trombeta cerimonial andina, reforçam a identidade comunitária.
Pesquisadores afirmam que essa seca fazia parte de um evento climático global que também atingiu Mesopotâmia e Vale do Indo. Mas a reação de Caral foi singular. A população migrou, preservou tradições e reconstruiu a vida sem fragmentar a sociedade.
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