Língua morta? Conheça o Sânscrito e como é usado atualmente!

"Ela leu o feitiço em sânscrito, língua que o imperador não dominava...". Essa foi uma referência no cinema, no filme "A Múmia, Tumba do Imperador Dragão" [2008], a um dos idiomas mais antigos do mundo, a exemplo do latim.

O sânscrito, língua indoeuropeia com cerca de 3.000 anos de antiguidade, está vivenciando um renascimento global. Contrariando a percepção de ser um idioma morto, esta língua ancestral atrai cada vez mais estudantes, não apenas na Índia, mas também na América e Europa, onde cresce o interesse pelo aprendizado.

Na Universidade de Deli, o maior Departamento de Sânscrito do mundo abriga mais de 500 estudantes de pós-graduação. Segundo o professor Ramesh Bhardwaj, "o sânscrito não é só uma língua, mas também o estudo da história e da cultura indiana".

O número total de estudantes supera 4.000 em diferentes universidades indianas, com mais de 300 centros de pesquisa dedicados a manter viva esta língua ancestral.

Leia Também:

• Saiba como limpar a sua AirFryer e mantê-la bem conservada

• Tomografia 3D e IA leem pergaminhos budistas sem precisar abri-los

Quer receber mais curiosidades na tela do seu celular? Acesse o canal do DOL no WhatsApp!

Esta língua milenar deixou marcas profundas no português moderno. Palavras como ioga, avatar, guru, mantra e nirvana têm origem sânscrita. Além disso, de forma indireta, nomes de cores como azul e lilás, e frutas como limão e laranja também derivam desta antiga linguagem.

Motivos para estudar Sânscrito

O interesse contemporâneo pelo sânscrito vem de diversas motivações, entre elas:

• Conhecimento filosófico: Para compreender a filosofia indiana;
• Práticas religiosas: Hindus buscam entender suas orações diárias;
• Acesso histórico: Grande parte do passado indiano está disponível apenas em inscrições sânscritas.

Estudantes como Sandhya Pruthi alertam que "se você não sabe sânscrito, não será capaz de entender as fontes do conhecimento" em disciplinas atuais como gestão empresarial. Já Deepti Kumari reforça que é "uma língua antiga, mas muito prática para os tempos modernos".

O movimento Samkrita Bharati promove o estudo do sânscrito além das fronteiras indianas, com presença notável em países como Estados Unidos e em continentes tais quais Europa, com destaque para a Alemanha, e Ásia, em lugares como Camboja, China e Japão.

No sistema legal indiano, juízes e advogados recorrem diariamente ao sânscrito nos tribunais, demonstrando sua relevância prática atual.

Outro exemplo notável é o caso de Manjul Bhargava, matemático americano de origem indiana que conquistou o prêmio mais prestigioso da matemática mundial ao resolver, com ajuda do sânscrito, um problema que desafiou matemáticos por dois séculos.

Tecnologia a favor da preservação

A internet democratizou o acesso ao aprendizado do sânscrito. Diversas páginas e blogs dos Estados Unidos, México e Espanha oferecem cursos online desta língua que foi durante séculos a linguagem litúrgica do Hinduísmo, Budismo e Jainismo.

O governo indiano já promove ações para promover uma língua "que nos últimos 65 anos esteve abandonada", segundo o professor Bhardwaj. As novas tecnologias oferecem oportunidades únicas para revitalizar este patrimônio cultural.

Filosofia e sabedoria ancestral

O lema sânscrito "toda a terra é como uma família e o conhecimento dá cortesia, humanidade" reflete a visão universal desta língua. Para estudantes como Rekha Singh, o sânscrito "dá soluções realmente brilhantes para todos os problemas", enquanto outros defendem que ele "tem as soluções para muitos problemas" contemporâneos.

O sânscrito está longe de ser uma língua morta. Como observa a estudante Deepti Kumari, "não podemos dizer que esteja morta: está muito viva". O crescente interesse global, combinado com o apoio tecnológico e governamental, sugere um futuro promissor para esta língua milenar que continua oferecendo sabedoria ancestral para desafios modernos.

A revitalização do sânscrito representa mais que o estudo de um idioma antigo - é uma ponte entre a sabedoria ancestral e as necessidades contemporâneas, provando que algumas tradições transcendem o tempo e permanecem eternamente relevantes.