Sapatos gigantes de 2 mil anos surpreendem arqueólogos

Os calçados encontrados poderiam passar despercebidos, não fosse um detalhe surpreendente: o tamanho. Arqueólogos britânicos descobriram um conjunto de sapatos romanos com medidas incomuns durante escavações no Forte Magna, localizado ao norte da Inglaterra, próximo à histórica Muralha de Adriano.

Eles são datados de quase dois mil anos, e são itens que revelam que alguns dos ocupantes do local tinham pés significativamente maiores do que a média da época, e até mesmo da atualidade.

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O achado aconteceu durante uma escavação contínua conduzida pelo Vindolanda Trust, com apoio de fundos britânicos de patrimônio histórico. Entre as 34 peças localizadas em maio, oito medem mais de 30 centímetros, o que equivale ao número 46 no Brasil, algo ainda raro em tempos modernos, quanto mais no período romano.

Soldados “gigantes”?

A primeira peça chamou atenção tanto pelo comprimento quanto pela preservação do couro. “Chegamos a pensar que fosse uma bota reforçada para o inverno, ou que tivessem usado meias grossas. Mas com o surgimento de outros pares semelhantes, ficou claro que alguns indivíduos tinham pés realmente grandes”, explicou a arqueóloga Rachel Frame, que lidera a escavação.

A descoberta alimenta hipóteses de que tropas compostas por homens de porte físico avantajado foram estrategicamente posicionadas naquele ponto da antiga fronteira do Império Romano. Segundo a professora Elizabeth Greene, da Universidade de Western Ontario e especialista em calçados romanos, mesmo considerando a contração natural do couro ao longo dos séculos, os tamanhos são "impressionantes".

Coleção diversa e bem preservada

Além das “botas gigantes”, o local revelou modelos infantis, sandálias de verão e calçados usados para longas marchas, um retrato fiel da diversidade da população que vivia no entorno do forte: soldados, mulheres e crianças.

Grande parte dos itens se conservou graças ao solo encharcado e pobre em oxigênio, que retardou o processo natural de decomposição. Mas esse tipo de preservação está sob ameaça. Mudanças climáticas vêm afetando o equilíbrio do solo, alterando o pH e introduzindo oxigênio, o que acelera a degradação de materiais orgânicos como couro e madeira.

“Cada sapato conta uma história de quem viveu ali, não de imperadores, mas de pessoas comuns”, afirma Frame.

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As escavações continuam nos próximos meses, com a expectativa de mais descobertas sobre o cotidiano romano em uma das regiões mais remotas do antigo império.