Médicos alertam para os riscos de segurar o espirro; entenda

Quem nunca tentou disfarçar um espirro em público? Seja em uma reunião, transporte coletivo ou sala de aula, segurar esse reflexo natural é um hábito comum — mas perigoso. Embora pareça algo inofensivo, impedir que o espirro aconteça pode desencadear danos à saúde que vão de dores momentâneas a complicações mais sérias, mesmo que raras.

Especialistas em otorrinolaringologia alertam que segurar o espirro é um risco que muita gente subestima. A pressão que deveria ser expelida pelo nariz e pela boca acaba se deslocando para o interior do corpo, atingindo estruturas sensíveis como o ouvido médio, a garganta e os vasos sanguíneos da cabeça.

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O espirro é, na verdade, um reflexo de defesa do organismo. Ele ocorre quando o nariz detecta a presença de partículas irritantes — como poeira, fumaça, pólen ou até microrganismos — e precisa eliminá-las rapidamente. Para isso, o corpo gera uma forte corrente de ar, expelida pelo nariz e pela boca, que pode alcançar velocidades superiores a 150 km/h.

Essa ação ajuda a remover secreções e agentes nocivos antes que cheguem aos pulmões. Ou seja, espirrar é uma reação saudável e necessária.

Quais os riscos de segurar o espirro?

Quando o espirro é bloqueado — ou seja, quando se tampa o nariz e a boca ao mesmo tempo para impedir a saída do ar — a pressão interna aumenta significativamente. O resultado pode ser uma série de consequências indesejadas, desde desconfortos leves até lesões graves.

Segundo a médica Larissa Camargo, otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia (DF), essa prática pode resultar em um ambiente de pressão fechada que eleva os riscos de:

Principais complicações relatadas:

• Danos ao ouvido médio, com possibilidade de dor, sensação de ouvido entupido e até perfuração do tímpano
• Deslocamento de cartilagem nasal
• Dores de cabeça intensas
• Ruptura de vasos sanguíneos (no nariz, olhos ou cabeça)
• Hemorragias nasais e oculares
• Infecções secundárias
• Lesões nas vias respiratórias
• Em casos raros, pneumotórax — quando o ar escapa dos pulmões para o espaço entre o pulmão e a parede torácica, o que pode comprometer a respiração

A pressão do espirro é dezenas de vezes maior que a de uma respiração normal. Ao segurá-lo, essa energia fica “presa” dentro do corpo, forçando estruturas delicadas.

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Por que o ouvido sofre tanto?

O ouvido médio está diretamente conectado à garganta pela chamada tuba auditiva, e é justamente por essa ligação que ele sofre tanto com a pressão acumulada. Quando o ar não pode escapar naturalmente, ele pode se deslocar para essa região, provocando dor, inflamação, sensação de ouvido tampado e até perda auditiva temporária.

Quem está mais vulnerável?

De acordo com o otorrinolaringologista Thiago Zaga, de São Paulo, algumas pessoas correm mais riscos ao tentar conter o espirro. Entre os grupos mais vulneráveis estão:

Grupos com maior risco:

• Pessoas com rinite ou sinusite: já apresentam inflamação nas vias aéreas, o que eleva a pressão interna.
• Crianças: têm canais auditivos mais curtos e imaturos; o risco de infecções no ouvido médio (como otite) é maior.
• Idosos: possuem vasos sanguíneos mais frágeis e tendência à pressão arterial elevada, o que aumenta o risco de sangramentos.

Mitos e verdades sobre o espirro

Um dos mitos mais comuns é o de que “o coração para de bater durante o espirro”. A resposta é: não, isso não é verdade. O que pode acontecer é uma pequena alteração no ritmo cardíaco por frações de segundo, por conta do aumento da pressão no tórax — mas o coração continua funcionando normalmente.

Outro ponto importante é que espirrar não significa, necessariamente, que a pessoa está doente. Muitas vezes, o reflexo é provocado apenas por uma mudança de ambiente, um cheiro forte, luz intensa ou poeira.

Como espirrar de forma segura?

O ideal é nunca tentar segurar o espirro. Se precisar espirrar em público:

• Cubra o nariz e a boca com um lenço descartável ou com o braço (nunca com as mãos).
• Jogue fora o lenço imediatamente.
• Lave ou higienize as mãos com álcool em gel depois.

Esses cuidados ajudam a evitar a disseminação de vírus e bactérias, protegendo você e quem está por perto.