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SEXUALIDADE NÃO É DOENÇA

Igrejas prejudicam vidas LGBT+ na busca por "cura gay"

Ainda em 2023, muitas instituições religiosas, como as igrejas, promovem uma prática chamada de "cura gay" para a comunidade LGBTQIAP+, afetada constantemente por essa busca descabida. Saiba mais!

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Imagem ilustrativa da notícia Igrejas prejudicam vidas LGBT+ na busca por "cura gay" camera Comunidade LGBTQIAP+ segue na busca por direitos e respeito | gpointstudio/ freepik

No dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu um passo importante ao retirar a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), marcando um marco histórico na luta pelos direitos LGBTQIAP+.

Em 2019, a transgeneridade também deixou de ser considerada uma doença. No entanto, apesar desses avanços, ainda persistem instituições que buscam reverter a sexualidade e identidade de gênero de pessoas, alegando falha, pecado ou erro.

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No debate, as instituições religiosas desempenham um papel central na busca do que é frequentemente chamado de “cura gay”.

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No Brasil, vários casos ilustram essa prática, sendo o caso da ex-influenciadora bolsonarista Karol Eller o evento mais recente a reaparecer essa discussão prejudicial. Karol era uma mulher, que em determinado momento afirmou ter "renunciada à prática homossexual" e aos "vícios lésbicas e desejos da carne". O estágio trágico de sua história destaca os riscos associados a essa tentativa de "cura".

A tatuadora Leticia Sipriano, que se identifica como uma mulher bissexual, falou sobre o tem em entrevista ao portal Queer IG. “Quando eu era mais nova, até uns 16 anos, eu sentia muito ódio de mim mesma, eu frequentava a igreja nessa época e sempre ficava com a ideia de que meus sentimentos, desejos, não era o que Deus queria, foi piorando nessa época porque a minha mãe era muito homofóbica, então tinha um peso gigante nas minhas costas porque na minha cabeça eu estava desapontando minha mãe e Deus”.

Jonathan Monteiro, um estudante de jornalismo, também compartilhou uma experiência semelhante à busca da "cura gay".

“Essa pressão [de curar a própria sexualidade] acontece a todas as pessoas LGBTQIAP+ que passam pelo ambiente religioso. Desde criança você ouve ‘o que é certo e o que é errado’. Então, desde pequeno eu sentia essa pressão. Eu cresci na igreja Adventista, e a bíblia tem alguns versículos que a igreja gosta de usar para instrumentalizar e justificar o ódio”, afirma.

Para Jonathan, as instituições religiosas atuam de duas formas para cercear a sexualidade de seus membros. A primeira é inconsciente e se manifesta por meio das músicas tocadas, das pregações que enfatizam a família tradicional e o ambiente em si. A segunda é uma abordagem consciente, na qual pastores direcionam conselhos e até mesmo enviam materiais para aqueles que buscam "se curar".

Letícia, por sua vez, teve uma experiência dolorosa em um retiro evangélico, no qual diversos pastores estavam presentes, e um deles abordou o tema da "cura gay". Essa experiência fez questionar a sua própria orientação sexual e levou-a a um profundo sofrimento.

Em um momento crítico, ela chegou a considerar a ideia de tirar sua própria vida, incapaz de controlar seus sentimentos em relação ao mesmo sexo.

Além disso, o ambiente religioso muitas vezes estende seu alcance para a esfera familiar, causando conflitos e impactando a vida das pessoas LGBTQIAP+.

Para o psicólogo Daniel Amâncio, entre os impactos negativos estão: “um sentimento constante de vigilância, preocupação, culpa, relacionamentos prejudicados [afetivo, romântico, familiar, profissional, interpessoal], visão negativa sobre si mesmo, evitação social etc.”

Ele completa dizendo que a energia psicológica que se gasta “ocultando e aniquilando a própria identidade e espontaneidade para sofrer menos violência é imensa e muito desgastante.”

“É muito difícil se tornar um(a) jovem que tenha estima por si mesmo, confiança, quando todo o contexto te condena, te desumaniza, te faz acreditar que seu afeto tem menos valor, que tem algo de muito errado com você”, explica Daniel.

O Instituto Matizes e a All Out Brasil lançou um relatório de grande importância que joga luz sobre uma questão crítica que afeta a comunidade LGBTI+: as chamadas "curas" e "terapias" projetadas para reverter a orientação sexual e a identidade de gênero. O estudo, intitulado "Entre Curas e Terapias: esforços de correção da orientação sexual e identidade de gênero de pessoas LGBTI+ no Brasil", revelou uma identificação de 26 formatos dessas práticas.

Lideranças religiosas, pediatras, psicólogos, treinadores, filósofos clínicos, professores, diretores de escola e até familiares e amigos são identificados como os perpetradores dessas práticas. Isso lança luz sobre a amplitude deste problema, que afeta não apenas o âmbito profissional, mas também as relações pessoais.

O relatório também enfatiza a extrema vulnerabilidade de crianças e adolescentes nessas práticas específicas. A ausência de consentimento é um fator crítico, uma vez que eles não têm a capacidade legal de consentir com “tratamentos” ou “procedimentos” que possam representar riscos ou danos à sua saúde física e mental. Além disso, essas práticas muitas vezes são realizadas dentro de laços afetivos, o que aumenta a complexidade da situação. Pais, líderes religiosos, profissionais de educação, psicologia e medicina muitas vezes exercem influência sobre as crianças e adolescentes, tornando ainda mais difícil para eles recusarem ou denunciarem essas práticas prejudiciais.

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