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MÊS DO ORGULHO LGBT+

Gays: a representatividade de 1,2% da população brasileira

Mesmo com alguns avanços, a igualdade do amor entre homens ainda precisa de atenção e cuidados

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Imagem ilustrativa da notícia Gays: a representatividade de 1,2% da população brasileira camera Em junho é comemorado o mês do orgulho LGBT+. | (Emerson Coe/DOL)

A homossexualidade masculina talvez seja a que mais chame atenção quando se fala em LGBTs+. Por muitas vezes serem os que mais recebem atenção dentro e fora da comunidade, muitos homens ainda precisam lidar com a homofobia quando se dispõem a assumir relacionamentos com alguém do mesmo gênero.

Por ser, talvez, a letra mais popular da sigla, quando uma pessoa diz que não é heterossexual pode ocorrer uma generalização da sexualidade e logo supõe-se que seja "Gay", invisibilizando assim lésbicas, Bissexuais, assexuais, queer e tantas outras que são LGBTs+.

No Brasil, pesquisas apontam que os homossexuais correspondem a 1,2% da população sendo o equivalente a quase 2 milhões de pessoas. Mesmo com o número expressivo, o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo motivados pela homofobia e isso só mostra que ainda há muito a evoluir nas discussões e chamar a atenção para o afeto entre homens.

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A sociedade ainda vive uma realidade machista e patriarcal, o que interfere nos avanços para que haja menos discriminação entre homossexuais. É notório que quando há demonstração de carinho, abraço ou toque entre dois homens isso é o suficiente para abrir margem para as desconfianças.

O fato é que mesmo sendo quem chama atenção para que haja o acolhimento da comunidade LGBT+, os homens gays seguem sofrendo todos os dias e precisam deixar de ser discriminados pela sociedade.

"ME REPRIMI POR MUITOS ANOS"

Durante o processo de descobertas da sexualidade, que acontece muitas vezes na puberdade, o sentimento de confusão e auto aceitação são coisas difíceis de lidar. Por isso, quando a família não "aceita" a orientação sexual isso gera traumas psicológicos por muito tempo.

Quem conta a história sobre a descoberta da sexualidade é Rafael Deriggi, de 28 anos, que relembra os momentos anteriores a certeza de se entender como homossexual: "Desde a minha pré-adolescência, ali pelos 13 anos, eu sentia que tinha algo diferente em mim. Meus amigos (homens) da vizinhança já sentiam atração por mulheres e comentavam sobre o assunto. Alguns já até namoravam ou tinham tido contato com pornografia. Eu não conseguia entender o que era essa atração por mulheres que eles tanto sentiam, mas eu fingia pra poder participar dos diálogos e não ser excluído do grupo. Eu achava que era apenas minha puberdade que estava atrasada e eu era imaturo demais pra sentir", conta.

Por ser de uma família religiosa, Rafael chegou a pensar que a atração que sentia por outros homens deveria ser "corrigida" e que era errado, mas com o tempo entendeu que esse sentimento não iria mudar. "Essa atração permaneceu por muitos anos e confirmei quando beijei garotos e me apaixonei por um deles. Alguns anos depois eu até beijei uma garota para ver o que eu sentia. Eu não precisava ter feito isso, mas pelo menos criei argumentos para enfatizar o que eu já sabia: sou gay mesmo".

Logo que os pais descobriram a orientação sexual de Rafael, ele foi forçado a passar por um tipo de terapia reversiva, o que não deu certo, já que a psicóloga percebeu que não havia o que fazer. Isso ainda é algo bem marcante para ele: "para eu não causar mais preocupação para a minha família, eu reprimi minha homossexualidade e fingi ser hétero durante toda a minha adolescência. Foram 5 anos de tortura psicológica: me forcei a tentar gostar de garotas (cheguei até a marcar encontros), rezei pra que Deus me "convertesse" e reprimi meu jeito de falar e vestir, meus sentimentos e opiniões. Foram 5 anos sofrendo calado, sem poder contar pra ninguém. Perdi anos da minha vida tentando ser quem não sou e tentando me encaixar nos padrões heteronormativos. Até hoje eu tenho dificuldade em ser quem eu quero ser de verdade por medo do julgamento da sociedade. É uma experiência que não desejo a ninguém", Aconselha Rafael.

HOMOFOBIA E ACOLHIMENTO NO BRASIL

Esse medo é justificável quando pensamos nos dados da homofobia no Brasil. Segundo um levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, cerca de 316 pessoas LGBTs+ morreram de forma violenta no país por motivos de homofobia em 2021. Em contrapartida, existem ONGs e redes de proteção para acolher homossexuais.

O acolhimento para Deriggi, foi fundamental para que ele abraçasse a liberdade de ser quem é e seguir vivendo.

"A melhor sensação que uma pessoa LGBT+ pode sentir é a liberdade. Liberdade de ser quem quer ser. Ser aquela pessoa e personalidade que estão aprisionadas dentro de si a muito tempo por medo dos julgamentos da sociedade e por falta do apoio da família. O processo de sair do armário é libertador, perece que sai das costas um peso do tamanho do mundo. Mas tudo acontece no seu tempo, pois cada pessoa vive uma realidade diferente. Encontre alguém do seu círculo de amizade que você acha que vai te apoiar. Se ele/ela realmente te apoiar, agarre essa pessoa e não solte! Porque se sua família não te apoiar por ser LGBT+, você já sabe que tem pelo menos uma pessoa ali com quem pode contar. Uma companhia com quem você pode ser você mesmo (a) sem máscaras. Rede de apoio é tudo no processo de descobrimento e autoaceitação", aconselha.

O QUE É AMOR?

Não somos capazes de controlar sentimentos, nem reprimir nossos instintos e orientações românticas e sexuais. Amar é mais do que se relacionar com alguém, é se doar ao outro e ser feliz diariamente.

"Amor é decisão. É atitude e doação. É quando você escolhe cuidar do outro e ser cuidado pelo outro. É por isso que ele é maior que uma paixão e pode durar uma vida inteira ou acabar repentinamente," define Rafael.

Viver o amor é ter consciência de que pode ser capaz de se apaixonar sem medo e ser livre de amarras sociais, religiosas e morais, sem ligar para o que as pessoas dizem ser certo ou errado.

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