
Entre reuniões de gabinete e pressão partidária, o destino de Celso Sabino à frente do Ministério do Turismo pode ser definido nesta sexta-feira (19). O ministro, filiado ao União Brasil, se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir se permanece no cargo, após a Executiva Nacional da legenda aprovar, na última quinta-feira (18), resolução que exige a saída imediata de todos os integrantes do partido no governo federal.
A medida estabelece um prazo de 24 horas a partir da publicação da resolução, atingindo diretamente ministros e dezenas de ocupantes de cargos na administração direta e indireta. Conforme o estatuto do União Brasil, o descumprimento da determinação pode resultar em processo disciplinar e até expulsão por "infidelidade partidária". Entre os principais afetados, além de Sabino, está o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), cuja saída do governo foi definida pelo Progressistas, que concedeu um prazo maior de 30 dias.
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REORGANIZAÇÃO DA BASE ALIADA
A decisão do União Brasil e do PP força o Palácio do Planalto a reorganizar a Esplanada dos Ministérios. A movimentação política, segundo analistas, pode ser aproveitada pelo governo para atrair novos aliados e fortalecer a base no Congresso, especialmente diante da perda de bancadas expressivas para votação de projetos estratégicos.
COP3O EM BELÉM
O contexto da possível saída de Sabino é ainda mais delicado pelo calendário de eventos internacionais. O ministro representa o Pará, palco da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em 2025, evento que colocará o estado e o Brasil em evidência global, exigindo articulação e liderança do Ministério do Turismo.
Com União Brasil e PP fora da gestão, o Planalto abre espaço para negociações com outros partidos do Centrão e da centro-esquerda, que podem ser contemplados com ministérios e cargos estratégicos em troca de apoio político, garantindo estabilidade para o governo nos próximos meses.
ENVOLVIMENTO COM O PCC
O movimento acontece em meio a apurações da Polícia Federal sobre o presidente da legenda, Antônio Rueda. A suspeita envolve a propriedade oculta de aeronaves particulares usadas no transporte de lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) em operações bilionárias no mercado financeiro e no setor de combustíveis. Segundo a PF, o nome de Rueda chegou à investigação pelo depoimento do piloto de um dos jatos.
Em nota, o partido manifestou solidariedade ao seu presidente e afirmou que "causa profunda estranheza que essas inverdades venham a público justamente poucos dias após a determinação oficial de afastamento de filiados do União Brasil de cargos ocupados no Governo Federal". O União Brasil acusa o governo de usar a Polícia Federal politicamente para desgastar a imagem de Rueda e "enfraquecer o posicionamento de um partido que adotou posição contrária ao atual governo".
SIGILO BANCÁRIO E FISCAL
Para se defender, Rueda colocou seus sigilos bancário e fiscal à disposição do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e apresentou comprovantes de pagamento pelos voos realizados na empresa de táxi aéreo. Além disso, solicitou uma audiência com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Durante a reunião da Executiva Nacional, também apresentou recibos e levantamentos de bases públicas, como do Tribunal Superior Eleitoral, mostrando que a empresa suspeita prestou serviços a diversas autoridades, inclusive do governo federal.
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