
Em meio aos desdobramentos da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (16). O alvo, desta vez, é a delação do tenente-coronel Mauro Cid, apontado como uma das peças-chave nas apurações conduzidas pela Polícia Federal.
A movimentação ocorre após a revelação de mensagens atribuídas a um perfil no Instagram que seria vinculado à esposa de Cid.
No pedido protocolado, os advogados de Bolsonaro solicitam ao ministro Alexandre de Moraes a anulação do acordo de colaboração firmado por Mauro Cid. Segundo a defesa, as mensagens divulgadas na última sexta-feira pela revista Veja indicam que "não há mais espaço para falar em desabafo".
A avaliação dos advogados é que Cid "tem mentido para acobertar as versões" e que o conteúdo das conversas representa "descumprimento dos termos do acordo de delação".
CONTEÚDO RELACIONADO
- Flávio Bolsonaro diz que Zambelli errou, mas defende anistia
- STJ mantém condenação de Nikolas Ferreira por transfobia
- Lula mira neutralidade de partidos em eleições 2026
Caso o pedido de anulação não seja acolhido, a defesa requer que a Meta, empresa responsável pelo Instagram, forneça informações detalhadas sobre a titularidade da conta usada para publicar as mensagens. Além disso, os advogados querem que o prazo para solicitar novas diligências só comece a contar após a entrega desses dados e após as manifestações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do próprio delator.
Quer mais notícias de política? Acesse o canal do DOL no WhatsApp.
A ofensiva jurídica não se restringe à defesa de Bolsonaro. O general Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa do ex-presidente, também protocolou solicitação no STF. Ele pede que seja realizada uma acareação entre ele e Mauro Cid, além do compartilhamento das provas obtidas nos outros núcleos investigados pela Polícia Federal. A defesa de Braga Netto solicita, ainda, um prazo de pelo menos 30 dias para analisar o material antes de qualquer manifestação e reforça o pedido para que sejam apuradas as informações do perfil no Instagram ligado a Cid.
ACAREAÇÃO COM EX-COMANDANTE DO EXÉRCITO
Já os advogados do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, querem uma acareação entre seu cliente e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes. Isso porque, segundo depoimento prestado por Freire Gomes, era Torres quem fornecia "apoio jurídico" ao então presidente Jair Bolsonaro em relação às discussões sobre os atos golpistas.
A defesa também pediu que o STF determine ao Google a identificação de quem teria publicado na internet a minuta golpista e que seja feita uma perícia no conteúdo apreendido na casa de Torres. A intenção, segundo os advogados, é comprovar que o documento encontrado "não tem qualquer semelhança" com os outros materiais apreendidos na operação.
OUTROS RÉUS TAMBÉM FAZEM PEDIDOS
A movimentação de pedidos inclui também o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Sua defesa protocolou solicitação para que Alexandre de Moraes inclua nos autos um documento oficial do Comando da Marinha que comprovaria a ordem para deslocamento de tropas durante o desfile de tanques ocorrido em Formosa (GO), em agosto de 2021. O ato militar aconteceu dias antes da votação de um projeto na Câmara dos Deputados que buscava questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas.
Por fim, o advogado do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, apresentou documentos que, segundo ele, comprovam não haver qualquer indício de fraude nas eleições, contrariando os discursos que sustentaram as suspeitas alimentadas pelo ex-presidente e aliados.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar