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"NÃO PARA MEU MARIDO"

Michelle pede a evangélicas que olhem para ela: "serva"

Em culto, Michelle Bolsonaro pediu para que eleitoras evangélicas pensassem nela

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Imagem ilustrativa da notícia Michelle pede a evangélicas que olhem para ela: "serva" camera A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na posse do presidente | Reprodução

A primeira-dama Michelle Bolsonaro fez um clamor diante de uma plateia feminina na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, para que eleitoras pensassem nela, e não no presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Não olhe para meu marido, olhe para mim que sou uma serva do senhor", disse no culto Mulheres Vitoriosas, que celebrou nesta quinta (20) os 63 anos da pastora Elizete Malafaia.

O pedido para que lhe dessem um voto de confiança pontuou um discurso de forte tom eleitoral no púlpito da igreja liderada pelo marido da aniversariante, o pastor Silas Malafaia.

Michelle, que por nove anos frequentou um templo da igreja na Barra da Tijuca (zona oeste carioca), onde foi uma "canelinha de fogo" antes de mudar para uma denominação batista, entrelaçou a história pessoal com críticas ao PT e exaltações a Bolsonaro.

Ela comentou a própria postura, cada vez mais política neste ano eleitoral, contraponto à mulher retraída que raramente assumia o microfone no começo do mandato do marido.

"Não é fácil estar à frente de uma Presidência. Deus realmente escolhe aqueles que se escondem, né? Nos dois primeiros anos, fiz muita birra com Deus porque eu falava, eu não queria estar aqui, Senhor. Meu marido, sim, ele trabalhou 28 anos no Congresso. Mas eu sempre fui uma dona de casa, porque eu escolhi ser uma dona de casa."

Michelle também disse que ficou deprimida após Bolsonaro tomar posse, em 2019. "Quando eu chego em Brasília, veio a depressão, o medo, a angústia. A depressão por chegar na Presidência e ter orado ao Senhor, de ter falado para Ele que ia fazer a diferença, não queria ser uma primeira-dama de enfeite."

Ela contou que teve "vontade até de morrer" e chegou a se visualizar dentro de um caixão, antes de se reerguer.

Disse que não havia estrutura na capital federal para ela trabalhar e, ignorando outras que a antecederam, afirmou que o Brasil nunca teve "uma primeira-dama atuante" antes. A antropóloga Ruth Cardoso, esposa de Fernando Henrique Cardoso, engajou-se em políticas sociais, por exemplo.

A ideia de que o Brasil está sob a névoa de uma "ameaça comunista", comum na oratória bolsonarista, apareceu na fala da primeira-dama. "É muito fácil falar que vai votar no Partido das Trevas com iPhone na mão, cursando faculdade paga pelos pais." Seriam posições de jovens da esquerda que "não sabem o que é comunismo".

Segundo Michelle, não vencer de cara teve um ponto positivo. "Amados, seria bom se tivéssemos ganhado no primeiro turno. [...] Mas a gente precisava desse segundo turno para acontecer o despertamento da igreja. Nunca houve tanta Marcha para Jesus [no país]."

Bolsonaro ficou cinco pontos percentuais atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno. O eleitorado feminino é um flanco para ele e Michelle entrou em cena para tentar reverter esse quadro. Ela é tida como suavizadora de sua imagem mais bruta.

A primeira-dama repetiu que a chegada da família Bolsonaro serviu para consagrar os palácios presidenciais a Deus, como tinha feito em culto anterior, na Igreja Batista Lagoinha. "Oramos e consagramos aquele lugar ao Senhor", disse sobre o Palácio da Alvorada. "É uma guerra espiritual que estamos vivendo."

Após sua fala, Michelle foi contemplado com uma oração conduzida pela pastora Antonieta Rosa, que fez vários jogos de palavras com o número de Bolsonaro nas urnas, 22. Disse, por exemplo, que Michelle tem "dois joelhos que se dobram", enfatizando duas vezes o numeral.

A deputada Celina Leão (PP-DF) leu um versículo do Livro de Ezequiel, do Antigo Testamento, que entende como um recado pró-vida -e, de quebra, uma troça com o apelido bovino que a esquerda dá a bolsonaristas: "Farei com que haja muita gente e muito gado. Entre vocês haverá mais gente do que nunca, e vocês terão muitos filhos".

Também a fala da pastora Marcia Teixeira teve notas políticas. Após chamar Michelle de guardiã, ela convocou a plateia feminina: "Nesses tempos, temos que nos levantar como intercessoras, mulheres virtuosas".

Seguiu com uma alusão não nominal a Lula. "Creio que Deus vai colocar freio na boca desse elemento. Com eles está o braço de carne, conosco está o braço do Senhor. Já basta de mentiras e enganos. O Senhor não vai deixar o inimigo tomar conta do Brasil."

No telão sobre o púlpito, a silhueta de uma borboleta preenchida pela bandeira do Brasil.

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