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DINHÃO

Corpo de saxofonista morto em acidente no Pará é velado 

O velório é realizado no Centro Cultural Sereia do Mar. O músico era uma das grandes promessas para o carimbó, em Marapanim.

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Imagem ilustrativa da notícia Corpo de saxofonista morto em acidente no Pará é velado  camera Dinhão era chamado de "boto" por ser o único homem do grupo de carimbó Sereia do Mar. | Jefferson Oliveira/Facebook

"Se tivesse tido mais vida, iria se tornar um grande mestre [de carimbó]", destacou a pesquisadora Roberta Brandão, que estuda o carimbó. A fala dela foi em referência a morte do músico Raimundo Teixeira Neves, o Dinhão, como era conhecido no meio cultural. O saxofonista foi morto na noite do último domingo (14), em um acidente de trânsito na rodovia PA-220 (a TransMaú), num trecho entre o distrito de Vila Maú e a comunidade rural de Fazendinha, no município de Marapanim, nordeste paraense.

Ele estava numa motocicleta e teria sido atingido por um veículo particular, dirigido por Robson da Silva Neves, de 40 anos. O corpo dele foi liberado pelo Instituto Médico Legal de Castanhal pouco antes das 12h desta segunda-feira (15). O velório ocorre no Centro Cultural Sereia do Mar, em Vila Silva, também na zona rural de Marapanim. O Sereia do Mar é um dos grupos de carimbó mais tradicionais da região e é comandado por mulheres. Dinhão era o único homem do grupo.

Dinhão era chamado de "boto" por ser o único homem do grupo de carimbó Sereia do Mar.
📷 Dinhão era chamado de "boto" por ser o único homem do grupo de carimbó Sereia do Mar. |Jefferson Oliveira/Facebook

"O Dinhão era o único homem do grupo, daí se vem o apelido dele de 'boto'. Mas ele nunca se comportou como o único homem. Ele sempre deixou elas protagonizarem, mas sempre contribuindo e sendo o 'chão musical' delas", comentou Roberta, que conhecia o artista e o grupo durante a pesquisa para a dissertação de mestrado 'Feminino pau e corda: uma fotoetnografia das sereias tocadoras de carimbó", que defendeu pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

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Roberta lembra que o saxofonista também transitava por outros grupos de carimbó da região, sendo bastante reconhecido pelo seu talento com o ritmo. "Foi uma perda que vai desarticular muitos grupos, porque ele era o sopro daquelas bandas", resumiu.

O sepultamento de Dinhão será na manhã desta terça-feira (16), no cemitério de Vila Maú. A comunidade está preparando uma grande homenagem para o músico. O cortejo com caixão deverá percorrer diversas ruas da localidade, passando em frente a centros culturais e espaços onde "o boto" tocou o saxofone para levar alegria, poesia e som ao público.

Investigações

A morte do musico é investigada pela Delegacia de Marapanim. Até a manhã desta segunda-feira (15), três pessoas já haviam prestado depoimento ao delegado Diego Silva Dantas, que preside o inquérito que foi aberto para apurar as circunstâncias do acidente e responsabilizar possíveis responsáveis.

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Um dos que já prestaram esclarecimentos à Polícia Civil foi o motorista Robson Silva das Neves, que dirigia o carro que se envolveu no acidente e morte de Dinhão. À polícia, Robson alegou que a vítima teria se jogado em frente ao carro com ele, num suposto suicídio, segundo ele.

A morte do músico é investigada pela Delegacia de Marapanim.
📷 A morte do músico é investigada pela Delegacia de Marapanim. |( Reprodução )

O motorista, que está na condição de suspeito, confirmou que seguia pela PA-220, num trecho onde não havia iluminação pública e desviou de uma motocicleta que estava caída no asfalto. "Cerca de 10 metros depois percebeu algo 'se jogando na frente do seu veículo'", declarou. Robson prosseguiu dizendo que "não entendeu o que estava acontecendo".

Parou o carro e viu que tinha atingido uma pessoa - que logo reconheceu que se tratava de Raimundo Teixeira Neves, o Dinhão. Robson disse, ainda, que pediu para a esposa buscar socorro em Vila Maú, enquanto ele iria prestar assistência à vítima. Ele ressaltou que trabalhou como motorista de ambulância durante 8 anos e que tinha conhecimento de primeiros socorros.

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O delegado solicitou perícias no corpo de Dinhão e, também, no carro de Robson. A perícia no local do acidente não pôde ser realizada em virtude da quantidade de populares que esteve no local e acabou alterando elementos importantes para serem levantados e analisados por peritos.

Os laudos periciais de vem sair a partir de dez dias úteis. A reportagem não conseguiu contato com Robson.

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