
Ricardo Amado é consultor de marketing político há três décadas, com atuação em campanhas majoritárias no Brasil e no exterior (América Latina, América Central, África e Portugal). Assina vitórias como Hélder Barbalho (2018 e 2022, a reeleição mais votada do país), Beto Faro (Senado/PA), Danilo Medina (Rep. Dominicana, 2012) e integra a direção regional do CAMP.
Foi eleito Melhor Consultor Político em Língua Portuguesa no Napolitan Victory Awards (2021), voltou ao pódio com cases premiados em Washington (Melhor Campanha do Ano e Melhor Jingle) e figura na Washington Compol 100 desde 2023; em 2025, somou troféus no Polaris Awards e no Prêmio Camp da Democracia.
Nesta entrevista para o COMPOL Belém, Ricardo destrincha TV x digital, criação de slogan que cola, resposta a fake news e como traduzir a voz das ruas em comunicação vencedora — com aprendizados extraídos de campanhas na Amazônia e fora do país. O COMPOL Belém 2025 acontece em 18 de outubro, no Radisson Maiorana. Ingressos online compolbrasil.com.br/compol-belem-2025/.
O que decide uma eleição hoje? O que mudou — e o que segue igual?
São vários fatores, e cada pleito tem seu contexto: campo político, proposta de gestão, desejo de mudança ou continuidade. Como lembra o sociólogo Antônio Lavareda, economia e incumbência costumam pesar muito. Não existe fórmula única — é comunicação customizada ao cenário. O que mudou irreversivelmente foi o peso do digital (capilaridade e segmentação). Ainda assim, as inserções de TV seguem muito fortes em visibilidade. O que faz diferença é gestão do mix (TV + digital + rua) com mensagem clara, vibrante e testada. O que não muda? Construir uma persona política sólida e conceitos fortes.
Da Amazônia a Portugal: o que há em comum — e seus pilares inegociáveis?
Tudo muda (cultura, regras, história), por isso meu “não abro mão” é pesquisa qualitativa e quantitativa contínua para ler o ambiente. E criatividade para unir narrativa + imagem, erguendo uma persona coerente com o território. Cada lugar pede um caminho; o método — ouvir, interpretar, criar e testar — é o mesmo.
Como transformar o que as ruas dizem em um slogan que todo mundo repete?
Essa é uma marca do meu trabalho: traduzir sentimento em conceito. Em 2018, com Hélder Barbalho, veio “Presente. Cuidando da gente”; em 2022, “Pra seguir em frente, é Hélder novamente”. Em Belém, nas municipais, o sentimento era levantar a cidade — daí “Levanta Belém, Levanta”. Em grupos focais, o imperativo funcionou como convocação: aglutinou, motivou e emocionou porque correspondia ao que o eleitor já sentia.
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Para quem vive no celular e desconfia da política: o que aproxima e o que afasta?
É falar no formato e ritmo das redes: precisão, carisma e conteúdo. O desafio é equilibrar a persona influencer com a de gestor.
Se surge desinformação, o que fazer no mesmo dia sem ampliar o boato?
O antídoto é verdade + agilidade + estrutura. Em tempos de fake news (e com IA tornando o ambiente mais belicoso em 2026), é crucial monitorar, responder rápido e tecnicamente e não dar palco ao boato — corrigir o fato, apontar evidências e seguir na agenda propositiva.
O que você apresenta no COMPOL Belém? Qual é o fio comum dos seus cases na Amazônia?
Ricardo — Vou compartilhar cases recentes vencidos no Pará e na região: como escuta, ideia-força e testes viraram peças-âncora (da TV ao digital) e rua mobilizada. O fio comum? Proximidade real com o eleitor, verdade verificável e consistência multicanal.
Compartilhe um bastidor que virou aprendizado
Ricardo — Na primeira eleição do Helder Barbalho (2018), um insight veio das qualitativas: em várias regiões do Pará, pessoas lembravam com afeto as cartas que o então governador Jader Barbalho enviava décadas atrás. Parecia ‘analógico’ para os tempos atuais — mas era memória viva. Decidimos revisitar o formato com linguagem própria: criamos a peça ‘Carta ao Coração do Pará’. Helder escrevia e as cartas eram, de fato, postadas. Filmamos a chegada e a leitura. Mesmo nas pré-exibições, com a montagem inacabada, as pessoas choravam. Reconheciam ali cuidado, presença, compromisso — exatamente a demanda central do eleitorado. A peça estreou no horário eleitoral, ganhou versões de 1 minuto e 30 segundos e, nas duas primeiras semanas, vimos progressão consistente, virando liderança até o fim da campanha. O aprendizado: tecnologia importa, mas emoção com lastro de verdade move montanhas.
Em 2018, não ‘inventamos’ emoção; reconhecemos a que já existia e demos forma contemporânea a ela. Em 2026, o caminho é o mesmo: verdade, proximidade e compromisso.
Serviço:
O COMPOL Belém 2025 acontece dia 18 de outubro, das 9h às 18h, no Hotel Radisson Maiorana, na Av. Cmte. Brás de Aguiar, 301-321 - Nazaré. Os ingressos estão à venda online: https://compolbrasil.com.br/compol-belem-2025/
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