
Desde o anúncio de que Belém seria a sede da COP 30 em 2025, a capital paraense vem recebendo uma série de ataques preconceituosos sobre a sua capacidade de realização do evento. Nos últimos meses, com a proximidade do evento, os discursos preconceituosos sobre a cidade, sua população, cultura e a própria Amazônia têm sido mais constantes. Jornalistas, políticos e mesmo celebirdades como o apresentador Ratinho manifestaram falas polêmicas sobre a cidade.
Durante a solenidade de inauguração de obras em Belém realizada nesta quinta-feira (2), quando foi entregua o Parque Linear da Nova Doca, com a presença do presidente Lula, diversas autoridades aproveitaram o espaço para realizar uma defesa veemente da escolha da capital paraense para sediar a COP 30.
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O evento contou com autoridades locais e federais, incluindo o Governador Helder Barbalho, a Vice-Governadora Hana Ghassan, o Ministro das Cidades Jader Filho e o Prefeito Igor Normando. Durante a solenidade, as autoridades denunciaram o preconceito sofrido pela Amazônia e a resistência enfrentada para garantir que o maior evento climático do mundo ocorresse na região.
O prefeito Igor Normando resgatou o histórico de descaso com a cidade e celebrou a visibilidade alcançada, assegurando que o preconceito foi superado com trabalho:
"Belém vai voltar a ser a capital da Amazônia pro Brasil e pro mundo e o orgulho de todos nós. Essa é só mais uma obra de tantas outras que juntos vamos entregar. Ninguém constrói nada na vida sozinho", afirmou o prefeito. "E para encerrar a minha fala, eu quero dizer, presidente, a esperança venceu o medo. A COP é da Amazônia, é de Belém, é do Pará e é do Brasil".
Já o governador Helder Barbalho foi incisivo ao descrever o esforço necessário para que a COP 30 fosse confirmada em Belém, agradecendo a parceria do Governo Federal e criticando a resistência internacional:
"O mundo está acostumado a decisões previsíveis, a tomar decisões fáceis, a tomar decisões dentro da lógica do senso comum. E há o momento em que se escolher o Brasil, normalmente, presidente, nós teríamos a COP em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Mas teve a sua visão e, acima de tudo, a sua coragem de compreender de que, para discutir o meio ambiente, precisa trazer o mundo para conhecer a Amazônia e colocar o pé na floresta amazônica", ressaltou Helder.
O governador também detalhou as tentativas de retirada do evento da capital paraense e o preconceito enfrentado por ser uma cidade do Norte:
"Eu sei o quanto a ONU tentou lhe constranger. Eu sei o quantos países tentaram lhe constranger porque acham que é impossível a Amazônia sediar o maior evento climático do planeta. Mas o senhor foi valente, o senhor foi resiliente, o senhor foi corajoso e o senhor acreditou que a parceria do Governo Federal, do Governo do Estado e da Prefeitura de Belém seriam capazes de fazer com que o planejamento saísse do papel", concluiu o governador.
O Ministro das Cidades Jader Filho também expressou a gratidão do povo paraense pela confiança depositada na capacidade de Belém:
"Hoje nós só temos que agradecer. Agradecer a parceria, a confiança que o senhor teve de dizer que a Belém, que a nossa Belém, podia sim fazer a COP 30. E tá aprovado! E nós vamos fazer a melhor COP de todas, porque quem sabe receber é o povo do Pará", celebrou o ministro Jader Filho.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se pronunciou sobre o caso. Aproveitando sua fala durante o evento, ele fez um extenso relato de experiências passadas em que grandes eventos esportivos ou culturais, como a Torre Eiffel e as Olimpíadas do Rio, enfrentaram ceticismo e preconceito. Lula defendeu que a escolha de Belém foi deliberada para subverter essa lógica:
"E quando a gente resolveu lá no Egito que a gente ia bancar Belém, eu já sabia do preconceito. Porque todo mundo fala 'por que querer fazer investimento no Amazonas, lá no estado do Pará, se São Paulo já tem a cadeia de hotéis que os turistas precisam? Porque fazer em Belém? Rio de Janeiro já tem os hotéis que os turistas precisam'. E eu tomei a decisão de que a gente ia fazer aqui, porque a COP não é um desfile de moda", ressaltou o presidente.
Lula desafiou os críticos sobre a falta de infraestrutura de luxo, prometendo a calorosa recepção do povo paraense:
"Para compensar o luxo de um quarto de hotel vai ter o amor do povo do Pará na rua dessa cidade, sabe? Mostrando que tipo de gente que nós somos. Que tipo de gente que nós somos", enfatizou Lula.
Ao final, o Governador Helder Barbalho mandou um recado direto aos diplomatas e países que questionaram a infraestrutura local:
"Diga ao povo da ONU: 'Nós não temos os prédios de Dubai, mas nós temos as florestas da Amazônia. Nós talvez não podemos oferecer o luxo que os diplomatas querem, mas nós oferecemos a legitimidade do povo da Amazônia, a legitimidade dos povos da floresta para a construção de um ambiente melhor'", concluiu o governador.
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