
Em muitas cidades brasileiras, o direito de ir e vir esbarra em obstáculos que vão além do trânsito e da infraestrutura urbana. A simples tarefa de estacionar em uma vaga pública pode se tornar um momento de tensão, especialmente para mulheres.
Um episódio registrado, nesta quinta-feira (18), em Belém (PA), reacendeu o debate sobre a atuação irregular de “guardadores de carro” nas ruas da capital paraense. Uma motorista lactante, que preferiu não ter o nome divulgado, foi ameaçada e intimidada por um flanelinha ao tentar estacionar na Travessa Almirante Wandenkolk, entre as ruas Domingos Marreiros e Boaventura da Silva, no bairro do Umarizal.
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De acordo com o relato da vítima, o homem tentou impedir que ela utilizasse uma vaga pública, exigindo pagamento antecipado para “guardar” o espaço. Antes mesmo do início da gravação, ele teria chutado o carro da condutora, aumentando ainda mais a tensão. No vídeo, que viralizou nas redes sociais, o suspeito aparece exaltado, gesticulando de forma agressiva e se aproximando do veículo, enquanto a mulher, claramente abalada, expressa medo de represálias.
“Essa não é a primeira vez que ele me ameaça. Ele circula por aqui e fica cobrando de todo mundo, como se a rua fosse dele”, disse a motorista, visivelmente angustiada. Após a divulgação do vídeo, várias outras mulheres relataram situações semelhantes envolvendo o mesmo homem, com comentários como: “Esse flanelinha no Umarizal tá aterrorizando as mulheres. Já passei por isso, ele é agressivo e acha que manda na rua!”
VEJA O MOMENTO DAS AMEAÇAS
Um problema antigo
A cobrança irregular por flanelinhas é um problema antigo em Belém, especialmente em bairros como Umarizal, onde o estacionamento em via pública é gratuito. Motoristas relatam que, mesmo sem qualquer autorização legal, muitos “guardadores” atuam de forma coercitiva, cobrando valores fixos ou ameaçando danificar veículos de quem se recusa a pagar.
Diante da crescente insegurança, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) e da Guarda Municipal, já realizou operações para coibir essa prática. Uma das ações mais recentes envolveu a fiscalização e retirada de flanelinhas que atuavam de forma ilegal em áreas de grande movimentação, como o centro comercial e bairros residenciais de alto fluxo.
Medo
Para quem vive em Belém, a presença desses indivíduos já virou parte do cotidiano. Porém, para as vítimas, especialmente mulheres que estão sozinhas, com crianças ou em horários de menor movimento, o encontro com flanelinhas agressivos deixa marcas. O medo de ter o carro arranhado, os pneus furados ou de sofrer agressões físicas transforma uma simples ida ao trabalho ou ao médico em um episódio de tensão.
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