
Um esquema milionário de corrupção, que teria desviado mais de R$ 109 milhões dos cofres da Prefeitura de Ananindeua, colocou no centro das investigações o empresário Danillo da Silva Linhares, dono das construtoras Edifikka e DSL. De acordo com o Ministério Público do Pará (MPPA), ele é suspeito de integrar uma organização criminosa que operava com o apoio direto de membros do alto escalão da gestão municipal.
Danillo chama a atenção não apenas pelo papel central no suposto esquema, mas também pela relação de proximidade com outros envolvidos. Ele é vizinho do prefeito afastado Daniel Santos e do secretário de Saneamento, Paulo Roberto Cavalleiro de Macedo. Os três residem no mesmo condomínio de luxo, o Residencial Castanheira, que virou peça-chave nas apurações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Segundo o MPPA, as construtoras de Danillo foram favorecidas em pelo menos seis processos licitatórios suspeitos de fraude, firmando contratos milionários com as secretarias de Saneamento (Sesan) e Saúde (Sesau). Só da Sesan, uma das empresas recebeu mais de R$ 88 milhões.
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Na última terça-feira (05), durante a Operação Hades, o MPPA cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de Danillo, do secretário Macedo e do prefeito Daniel Santos, que foi afastado do cargo por determinação judicial por um período inicial de seis meses.
Outros nomes na mira
As investigações também envolvem outros integrantes da administração municipal de Ananideua. A secretária de Saúde, Dayane Silva Lima, e o ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação, Manoel Palheta Fernandes, são apontados como participantes ativos da organização criminosa. Também estão sendo investigados um ex-sócio de Danillo e o enteado dele.
A principal suspeita é que o grupo atuava para fraudar licitações, superfaturar contratos e lavar o dinheiro desviado dos cofres públicos.
Condomínio é ponto comum entre os investigados
O Residencial Castanheira, onde vivem os principais alvos da investigação, é um condomínio de alto padrão com imóveis milionários e forte esquema de segurança. Mas, além de conforto, o local tem se tornado um ponto em comum entre diversos investigados por crimes contra a administração pública.
No último abril, o mesmo condomínio foi alvo de outra operação do Gaeco, que apurava desvios de mais de R$ 260 milhões do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (Iasep). Entre os investigados estavam o empresário Elton dos Anjos Brandão e o servidor público Ed Wilson Dias e Silva. O MP afirma que ambos tinham ligações com o Hospital Santa Maria, que pertenceu a Elton e ao próprio prefeito Daniel Santos até 2022.
As apurações revelaram cobranças superfaturadas em até 1.000% por serviços médicos. Em um dos exemplos, uma agulha foi cobrada por um valor 60 vezes acima do preço de mercado. Ed Wilson, que já foi chefe de gabinete na Assembleia Legislativa durante a gestão de Daniel Santos, é apontado como o operador do esquema no Iasep e hoje se apresenta como pré-candidato a vice-prefeito na tentativa de reeleição do atual grupo político.
Enquanto moradores de Ananindeua enfrentam problemas graves de infraestrutura, como a precariedade no saneamento básico e a falta de serviços de saúde, os investigados levavam uma vida de luxo no Residencial Castanheira. Casas de alto padrão, carros importados e conforto em contraste com a dura realidade da maioria da população.
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Próximos passos da Justiça
Com o afastamento de Daniel Santos, a Justiça determinou o bloqueio de bens dos envolvidos, incluindo imóveis rurais e até uma aeronave comprada com dinheiro supostamente ilícito. Além disso, também foi imposta a proibição de deixar o país.
O Ministério Público do Pará promete intensificar as investigações e responsabilizar todos os envolvidos no esquema. A sociedade de Ananindeua agora aguarda os desdobramentos do caso.
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