Jader Filho cobra continuidade dos investimentos em mobilidade

A continuidade dos investimentos e o protagonismo do governo federal como indutor do desenvolvimento de projetos são fatores indispensáveis para implementar melhorias na mobilidade urbana do país. A avaliação é do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho (MDB), que destacou que um dos problemas enfrentados na área é a inconstância do fomento por parte da União.

“Como é que nós vamos cobrar bons projetos de estados e municípios se não têm nem a quem apresentar esses projetos? Qual a sinalização que nós fizemos aos municípios nos últimos anos?”, questionou Jader.

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Ao defender a importância da periodicidade nos investimentos, o ministro aproveitou, assim, para criticar indiretamente o governo de Jair Bolsonaro (PL), ainda que sem citar o ex-presidente nominalmente. Segundo ele, a pasta estava com uma carteira “paralisada”, com projetos de mobilidade sendo bancados por recursos próprios de outros entes.

“As ideias de governos vão mudar, mas precisamos assegurar que esses programas quatro anos depois encontrem estrutura e tenham canto para infraestrutura. Não pode ser mais um soluço de governo”, afirmou.

Ao participar do evento “Caminhos do Brasil”, realizado pelos jornais O GLOBO e Valor e pela Rádio CBN, Jader Barbalho Filho apontou a combinação de três caminhos como chave para destravar o avanço da mobilidade urbana no Brasil: o diálogo com Estados e municípios, para entender os desafios enfrentados pelo usuário na ponta; a mobilização de recursos públicos e privados; e o apoio técnico para o desenvolvimento de projetos.

“Sem recursos não há como ter grandes projetos de mobilidade em qualquer lugar do planeta. E nós temos que ter bons projetos para que esses recursos possam ser usados da maneira correta”, argumentou.

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REALIDADE LOCAL

O titular da pasta de Cidades também ressaltou que não há solução única e simples em um país de dimensão territorial e desigualdades sociais como o Brasil. Para ele, um “equívoco” do governo é querer estabelecer, a partir de Brasília, os projetos que serão apoiados:

“Quem conhece a realidade local são os prefeitos e as cidades. São eles que têm de apontar os projetos mais urgentes. Uma solução para um município do Norte do Brasil não é a mesma que vai atender para o Sul, nem para o Centro-Oeste, nem para o Nordeste”.

Segundo Barbalho Filho, o Ministério das Cidades dispõe de mais de R$ 40 bilhões para investir em mobilidade até 2026. O montante inclui recursos do orçamento geral da União e de financiamentos públicos por meio de instituições como a Caixa Econômica Federal e o BNDES. O ministro, no entanto, destacou diversas vezes durante o debate o maior problema do país atualmente não é a falta de recursos, mas de projetos qualificados:

“Nosso grande problema não é a ausência de recursos. O Brasil precisa hoje investir bem os recursos que já tem e que os projetos sejam bons o suficiente para serem bem usados. Você tem uma carteira, tem orçamento, tem tudo. Você tem um prefeito que, tecnicamente e institucionalmente, consegue ‘pegar na mão’ e apresentar um projeto correto, com viabilidade, com retorno, com adequação — e não tem como negar esses projetos, porque são bons projetos, merecem boas soluções”.