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CASO POZE DO RODO

'Narcocultura': entenda o termo atribuído a Poze pela polícia

Entenda o conceito de narcocultura atribuído ao MC Poze e as implicações sociais e legais de sua música no contexto atual.

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Imagem ilustrativa da notícia 'Narcocultura': entenda o termo atribuído a Poze pela polícia camera Essa estética aparece em letras de música, filmes, vídeos e séries | ​Foto: Reprodução/Redes sociais

O debate sobre os limites da liberdade artística, o papel da cultura periférica e a atuação das autoridades no combate ao crime ganhou novos contornos com a prisão de Marlon Brendon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo. Em meio a críticas e manifestações de apoio nas redes sociais, a Polícia Civil do Rio de Janeiro defende que o cantor tem sido peça estratégica de uma estrutura criminosa maior, ao utilizar sua música como meio de propagação do que chamam de “narcocultura”.

Durante uma coletiva de imprensa, o secretário estadual de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que Poze converteu sua arte em um canal de divulgação da ideologia do Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do país. “As músicas desse falso artista têm um alcance incalculável e muitas das vezes são muito mais lesivas do que um tiro de fuzil disparado por um traficante”, declarou Curi.

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O conceito de narcocultura, segundo a polícia, se refere a um conjunto de valores, comportamentos e símbolos associados ao universo do narcotráfico. Essa estética aparece em letras de música, filmes, vídeos e séries, sempre exaltando a figura do traficante como um personagem poderoso, cercado de luxo, armas e influência. Carros importados, joias chamativas e vestimentas caras também fazem parte dessa construção visual.

Para as autoridades, Poze representa essa estética de forma explícita em suas letras e em sua imagem pública. Segundo investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), o cantor promove o uso de drogas, enaltece armas de grosso calibre e faz referências diretas à violência entre facções. Vídeos nos bastidores de seus shows já o mostraram portando armamento e sua apresentação visual — com joias e figurinos — também seguiria esse mesmo padrão.

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A Polícia Civil argumenta que a atuação de artistas como Poze não se limita ao entretenimento. De acordo com eles, os shows são realizados em territórios dominados pelo Comando Vermelho e funcionariam como forma de lavar dinheiro, aumentar lucros com a venda de entorpecentes e, ao mesmo tempo, propagar a ideologia da facção. Em vídeo publicado nas redes sociais da corporação, a polícia é direta: “Querem atrair gente para os shows para promover o estilo de vida dos bandidos, para normalizar o consumo de drogas, o domínio de territórios e o uso ilegal de armas. Esse dinheiro financia crimes, roubos, guerras, mortes”.

A instituição afirma ainda que a liberdade de expressão tem limites quando cruza o território da apologia ao crime. “As letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas”, declarou a Polícia Civil em nota, acrescentando que as investigações seguem para identificar outros envolvidos e eventuais financiadores dos eventos.

REPERCUSSÃO NO MEIO

A repercussão foi imediata entre artistas da cena do funk e do rap, com alguns se manifestando publicamente contra o que consideram perseguição à cultura das favelas. Dois outros cantores — Cabelinho e Oruam — que também estão sob investigação, reagiram nas redes sociais.

Cabelinho criticou a seletividade na forma como a arte é tratada: “Quando um traficante aparece numa obra de ficção, chamam de arte. Mas quando um MC da favela relata a realidade nas músicas, vira apologia ao crime”.

Já Oruam fez um desabafo mais direto: “Prenderam o Poze. E a pergunta que não quer calar é: acabou com o crime? O Estado está perdendo. E para saciar a sociedade, vai criminalizar o pobre, o preto, o favelado. Hoje foi o Poze. Amanhã, sou eu. Isso não vai parar, tropa”.

A equipe de Poze também se pronunciou por meio de nota nas redes sociais. No texto, o cantor rebate as acusações e afirma que sua trajetória é marcada pela superação: “A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido. Poze é um artista que venceu na vida por meio da música. Muitos músicos, diretores e atores produzem obras que retratam crimes, e nem por isso são processados — porque se trata de ficção”.

A nota também critica o que considera um viés discriminatório por trás da prisão: “A prisão do Poze, ou de qualquer MC nesse contexto, é uma tentativa de criminalizar a arte periférica. É perseguição, é preconceito institucional, é mais um caso claro de racismo. A forma como ele foi conduzido diz tudo”.

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