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RUMO À COP 30

As mudanças climáticas sob o ponto de vista das comunidades

Coletivo de mulheres da periferia de Belém se reúne para criar espaços de debate e empoderamento diante da necessidade de mudar o futuro. E as ações começam a mudar a realidade local.

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Imagem ilustrativa da notícia As mudanças climáticas sob o ponto de vista das comunidades camera Coletivo Jandyras atua desde 2021 buscando mudar a realidade das mulheres que residem em comunidades periféricas | Divulgação

A referência à palavra de origem tupi que significa ‘abelha de mel’ simboliza a organização e a força coletiva das mulheres que, há três anos, decidiram se organizar para liderar a Rede Jandyras. Rede de articuladoras ambientais, a organização atua pela justiça climática, buscando transformar a realidade não apenas das integrantes que compõem o coletivo, mas também de suas comunidades.

Presidente da Rede Jandyras, Waleska Queiroz explica que a rede surgiu em 2021, em Belém, e é formada e liderada por 20 mulheres, em sua maioria não brancas e periféricas. Essa atuação organizada teve início quando elas perceberam que precisavam se reunir para debater as questões climáticas a partir de um viés diferente.

“Sentimos a necessidade de discutir os efeitos da crise climática em Belém de maneira interseccional, abordando questões de raça e gênero e garantindo os direitos das populações vulneráveis”, explica.“Nosso objetivo principal é criar um espaço de empoderamento, fortalecimento mútuo e amplificação das vozes femininas na luta por justiça racial, social e climática, além de ocuparmos espaços de tomada de decisão”.

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A forma encontrada pelo coletivo de mulheres para possibilitar isso foi através da atuação em diferentes eixos, o que inclui advocacy, mobilização e articulação, e educação ambiental climática. “O advocacy é uma parte central das nossas atividades, buscando influenciar políticas públicas locais para enfrentar as ameaças climáticas. Além disso, promovemos campanhas de conscientização e engajamento comunitário, como a criação da Agenda Climática para Belém, que orienta ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Nossa atuação é, portanto, política, no sentido de garantir direitos e ocupar espaços de decisão, mas também educativa e mobilizadora, buscando engajar a sociedade civil na luta por uma cidade mais justa e resiliente”.

AGENDA

Entre as iniciativas já colocadas em prática pela rede, Waleska destaca a criação da Agenda Climática para Belém. Ela explica que a estratégia aborda questões como o direito à água e ao saneamento, justiça climática e racial, mobilidade urbana, direito à cidade, e infância e clima. “Outras campanhas incluem ‘Fórum Climático Já!’, que defendeu a criação do Fórum Municipal de Mudanças Climáticas de Belém, e ‘Aquilombar é Preciso’, que fortaleceu a primeira comunidade quilombola certificada de Belém, localizada em Sucurijuquara, na Ilha de Mosqueiro”.

Outra atuação destacada por Waleska é a construção coletiva da campanha ‘Guardiãs dos Rios’, que ao destacar a história dos rios urbanos de Belém transformados em canais e seus impactos nas comunidades locais, buscou ressaltar como as mulheres estão na linha de frente da defesa do território, na proteção dos recursos hídricos e na resistência contra a degradação ambiental.

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Diante não apenas deste exemplo, mas do próprio trabalho desenvolvido pelas mulheres que integram a Rede Jandyras, Waleska considera que a sociedade civil organizada desempenha um papel fundamental na defesa dos povos, do meio ambiente e dos territórios. “É essa sociedade organizada que, historicamente, luta e reivindica por transformações reais para que a cidade atenda verdadeiramente às necessidades de todos os seus habitantes. Foi por meio dessa luta que muitos direitos foram conquistados. Por exemplo, a Rede Jandyras, a COP das Baixadas, das quais faço parte, assim como diversas outras organizações do território, contribuem ativamente para a construção de políticas públicas mais inclusivas e equitativas, seja por meio de campanhas ou projetos”, considera. “Para mim, a participação da sociedade civil é essencial para garantir que os direitos previstos na Constituição sejam plenamente implementados. Para isso, é crucial que as contribuições das comunidades vulneráveis sejam ouvidas e consideradas na formulação de políticas públicas, para que elas promovam a justiça racial, social e climática. É imperativo que os saberes tradicionais estejam presentes nessas políticas e que, mais do que sermos ouvidos, sejamos envolvidos em todos os processos, do início ao fim”.

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