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Katyana Xipaya e a revolução do empreendedorismo indígena

A história de Katyana Xipaya é um exemplo de como a cultura e o empreendedorismo podem se unir para criar um impacto positivo e duradouro, valorizando as raízes indígenas e promovendo o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

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Imagem ilustrativa da notícia Katyana Xipaya e a revolução do empreendedorismo indígena camera A iniciativa de Katyana Xipaya é exemplo de como o empreendedorismo pode ser uma ferramenta de empoderamento para povos indígenas. | Divulgação

O portal Diário Online (DOL), através do trabalho jornalístico da repórter Thayná Coelho e do coordenador de conteúdo Ronald Sales, desenvolveu uma reportagem especial sobre a inspiradora trajetória de Katyana Xipaya, uma notável empreendedora e líder da comunidade indígena Ribeirinha de Jericoá 2, no Vale do Xingu, no sudoeste paraense.

Katyana Xipaya começou sua jornada vendendo frutas desidratadas e, com muita determinação e criatividade, expandiu seu negócio até lançar sua própria marca de chocolates. Sua história, agora contada através de uma cobertura rica e envolvente com vídeos e entrevistas, visa conectar emocionalmente o público com seu percurso de superação e inovação.

A Norte Energia, empresa privada e concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, reconhece a importância do empreendedorismo sustentável e das parcerias para o desenvolvimento socioeconômico da região do Médio Xingu. Nesse sentido, surgiu o programa Belo Monte Empreende, destinado a apoiar a nova geração de empreendedores na Amazônia. Este programa oferece suporte completo para que os participantes descubram suas potencialidades e desenvolvam negócios sustentáveis, como a agricultura familiar.

Foi com o apoio do Belo Monte Empreende que Katyana iniciou a produção de chocolate, recebendo orientação sobre a plantação de cacau na região do Xingu. As mulheres envolvidas no projeto plantaram e colheram 17 mil pés de cacau, além de desidratarem frutas utilizando técnicas ancestrais. "O chocolate Sídja Wahiü nasceu de um convite da Cacau Way de criar um chocolate com as frutas desidratadas e o cacau produzido por nós", contou Katyana Xipaya.

O chocolate é resultado de uma parceria com a Cacau Way, estabelecida durante a realização do Programa Belo Monte Empreende, um projeto da Norte Energia executado pelo Centro de Empreendedorismo da Amazônia. "O chocolate traz 72% do puro cacau e frutas desidratadas, representando um sabor ímpar ao produto. Assim como nós, outra comunidade indígena também foi beneficiada, e juntas fazemos parte da primeira linha de chocolates da Cacau Way Comunidades Indígenas", explicou Katyana.

Na página da empresa no Instagram, Katyana apresenta com orgulho a diversidade de frutas desidratadas oferecidas pela Sídja Wahiü. "Com muita alegria e satisfação, apresentamos nossas frutas desidratadas 100% naturais, livres de conservantes, açúcares adicionais, agrotóxicos ou qualquer substância nociva à vida e ao meio ambiente", destaca.

A história de Katyana Xipaya é um exemplo de como a cultura e o empreendedorismo podem se unir para criar um impacto positivo e duradouro, valorizando as raízes indígenas e promovendo o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Atualmente, no Brasil, muitos indígenas desenvolvem e comercializam artesanato e outros produtos como bijuterias, cerâmicas e artefatos, além de chocolates feitos com técnicas tradicionais. Algumas comunidades indígenas estão envolvidas no ecoturismo, oferecendo visitas guiadas, hospedagem, experiências culturais autênticas e também estão envolvidas na produção e venda de alimentos orgânicos, plantas medicinais e produtos naturais que são comuns em algumas comunidades.

Empreendimentos indígenas frequentemente integram práticas tradicionais, ajudando a preservar e transmitir conhecimentos ancestrais para as novas gerações. Além de produzirem produtos e serviços indígenas, eles também promovem a identidade cultural única das diversas etnias, fortalecendo o orgulho e a autoestima das comunidades indígenas.

O empreendedorismo indígena oferece uma fonte de renda sustentável para as comunidades, melhorando as condições de vida e reduzindo a dependência de ajuda externa. Muitas vezes, adotam práticas sustentáveis e ecológicas, baseadas em um profundo respeito pelo meio ambiente e no uso responsável dos recursos naturais.

Esse tipo de empreendimento pode contribuir para a preservação de ecossistemas e da biodiversidade, já que muitas comunidades vivem em áreas de grande riqueza natural e não utilizam agrotóxicos na produção. Indígenas têm produção agropecuária diversificada, com mais mulheres produtoras e menos agrotóxicos, diz o IBGE. Veja nos gráficos:

Katyana Xipaya e a revolução do empreendedorismo indígena
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O empreendedorismo indígena está presente e crescendo, com diversos exemplos de sucesso em áreas como artesanato, turismo e agricultura. Katyana Xipaya é um modelo de sucesso para a comunidade de Jericoá 2, em Altamira, no Pará. A líder incentiva e mostra aos demais como empreender usando matéria-prima da região.

História de Katyana Xipaya

Katyana, de 37 anos, é produtora agrícola e líder indígena da comunidade ribeirinha de Jericoá 2, situada na região da Volta Grande do Xingu, no sudoeste do Pará. Ela fundou a marca de chocolate Sidjä Wahiü, lançada em junho de 2023. Há sete anos, após a morte de seu avô, então líder da Comunidade Jericoá, Katyana começou a buscar maneiras de garantir a sobrevivência da comunidade e enxergou na agricultura uma oportunidade para desenvolvimento e empreendedorismo.

A princípio, Katyana planejava trabalhar somente com frutas desidratadas. No entanto, através de algumas parcerias, surgiu a ideia de produzir chocolate. Hoje, essa iniciativa é um grande sucesso. O chocolate feito por Katyana é o primeiro chocolate indígena da região e já conquistou muitos consumidores, encantados tanto pelo sabor único quanto pela história por trás da marca. A história de Katyana Xipaya é um exemplo de como a cultura e o empreendedorismo podem se unir para criar um impacto positivo e duradouro, valorizando as raízes indígenas e promovendo o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Veja o vídeo onde a dona da marca Sidjä conta um pouco da história dela, de como acontece a produção dos chocolates, um pouco do processo da desidratação das frutas, como chega à fábrica e as dificuldades que ela enfrentou nesse processo.

Programa Belo Monte Empreende

O Belo Monte Empreende é um programa criado pela Norte Energia, a concessionária responsável pela Usina Hidrelétrica Belo Monte, em parceria com o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (CEA). O objetivo principal do programa é promover educação empreendedora com um enfoque em negócios sustentáveis para jovens da região do Médio Xingu.

Iniciado em agosto de 2022, o programa inclui uma Jornada Empreendedora, que oferece aos participantes a oportunidade de desenvolver suas próprias ideias de negócios e receber orientações para validá-las. O programa é dividido em várias etapas, começando com a fase chamada Despertar, onde os jovens são introduzidos ao empreendedorismo e à construção de modelos de negócios. A iniciativa também inclui comunidades indígenas ribeirinhas e urbanas.

Durante a fase inicial, várias ideias de negócios são inscritas e selecionadas para uma fase de Pré-Aceleração, que inclui oficinas presenciais e culmina na apresentação final das ideias mais promissoras. No final, um grupo de especialistas em empreendedorismo avalia e seleciona os projetos que se destacam, representando vários municípios da região.

Na fase atual, denominada Aceleração, o objetivo é transformar os modelos de negócios sustentáveis selecionados em empresas reais e minimamente estruturadas. Durante esta etapa, os novos empreendedores participam de oficinas e mentorias específicas sobre diversos tópicos, como modelo de negócios, aspectos jurídicos (tipos de empresas, modelos societários), contabilidade, finanças, marketing/marca, mercados, produção e gestão. Além disso, eles recebem aporte financeiro de capital semente. Todas essas atividades são acompanhadas pelo grupo de execução e por consultores e especialistas.


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A Norte Energia, por meio do Belo Monte Empreende vem prestando essas diversas consultorias, oficinas voltadas a diversos eixos de jurídico, contabilidade, produção, sustentabilidade, marketing, precificação, enfim. São várias oficinas durante essa jornada que é o Belo Monte Empreende e ela (Katyana) vem participando junto com alguns membros da comunidade dela pra poder absorver cada vez mais conhecimento, e ampliar os seus negócios.

Thomás Sottili, gerente de Projetos de Sustentabilidade da Norte Energia,
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Interesse do mercado global

O cacau da Amazônia tem atraído interesse global por várias razões, destacando-se por qualidades únicas, sustentabilidade e impacto socioeconômico. A fruta possui características sensoriais distintas devido ao seu terroir único, o que resulta em chocolates de alta qualidade com sabores complexos e perfis aromáticos especiais. Esta singularidade torna o cacau amazônico altamente desejado por chocolatiers e empresas de alimentos gourmet ao redor do mundo.

Além de contribuir para o desenvolvimento da região, a produção sustentável de cacau pelos indígenas tem recuperado florestas degradadas na Amazônia. Isso é possível através de sistemas agroflorestais que combinam o cultivo de mandioca, banana, cupuaçu, açaí e o manejo de madeiras como cedro-cheiroso e mogno. O resultado é a recuperação dessas áreas, que em grande parte foram convertidas de pastagens, com uma consequente redução do uso do fogo e do desmatamento na região.

A fruta do cacau cresce diretamente no tronco do cacaueiro, e sua colheita é realizada manualmente com a ajuda de um podão de cacau, uma ferramenta específica para cortar a planta. A amêndoa do fruto é a matéria-prima utilizada na produção de chocolates. Normalmente, a primeira colheita ocorre quatro anos após o plantio, e a produção continua anualmente a partir daí.

Segundo a Cacauway, os critérios de classificação para um bom cacau começam na lavoura, com a colheita. Quando o fruto atinge a maturação ideal, apresentando uma cor amarelo-ouro, ele segue para o processo de fermentação, que dura de sete a oito dias, e em seguida é colocado para secar ao sol. Após esse processo, o cacau é enviado para a fábrica de chocolate, onde passa por uma rigorosa avaliação de qualidade e pelo crivo do classificador, que analisa também a aparência e o aroma. A etapa seguinte é o processo de fabricação.

Um estudo realizado pela Embrapa e outras instituições comprovou que a expansão sustentável do cacau tem sido extremamente benéfica para a Amazônia, integrando a geração de emprego e renda à preservação da floresta. Além disso, a rota do chocolate tem se tornado um atrativo para o turismo. Atualmente, o Pará é o maior produtor nacional de cacau, representando mais de 50% do total movimentado no país - R$ 1,8 de 3,5 bilhões. Aproximadamente 70% do cultivo é realizado em áreas degradadas, majoritariamente por agricultores familiares em sistemas agroflorestais.

A marca Sidjä Wahiü

Sidjä Wahiü, que significa "mulher guerreira" na língua Xipaya, reflete perfeitamente os objetivos de Katyana. Ela lutou arduamente para impulsionar o projeto e hoje alcança sucesso, inspirando muitas pessoas em sua comunidade. Além disso, a marca opera de maneira sustentável.

Katyana enfatiza que o nome escolhido carrega consigo uma história significativa. Mais do que simplesmente representar um produto, seja chocolate ou outras frutas, o nome da marca reflete a perseverança. Ele simboliza o empoderamento das mulheres indígenas na agricultura e a valorização do trabalho dos povos indígenas. Katyana busca, através da sua marca, inspirar outras mulheres indígenas e promover uma maior igualdade de gênero neste setor.

Com a ajuda de parceiros e de marcas conhecidas como a Cacauway, o chocolate de Katyana ganhou visibilidade e hoje é um dos melhores dentro do cenário paraense.

Veja a galeria de imagens

Cacauway

A Cacauway é reconhecida pelo produto autêntico, livre de conservantes e aromatizantes artificiais, o que a coloca entre os melhores chocolates do Brasil. A qualidade do chocolate Cacauway se inicia no cultivo do cacau e das frutas, que são cultivadas por membros de comunidades indígenas.

Katyana Xipaya e a revolução do empreendedorismo indígena
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A comunidade de Katyana participa ativamente do processo, que consiste em membros indígenas colhendo os frutos, realizando a separação dos melhores, quebrando, selecionando as amêndoas e levando-as para fermentar e secar. Após esse processo, a fruta é levada para a fábrica da Cacauway.

Chocolates da Amazônia

O chocolate de Katyana é uma experiência intensa, composta por 72% de cacau e 15% de frutas secas, como pitaia, abacaxi e banana, e é isento de glúten e lactose. Os ingredientes são colhidos nas lavouras da comunidade de Katyana, e o processo de desidratação das frutas foi ensinado pelo seu avô. A produção e comercialização são conduzidas pela Cacauway.


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Não é só um chocolate, não é só as frutas desidratadas, ele é um produto no mercado, ele é inovador, ele é diferente, ele tem história, ele tem raiz

Katyana Xipaya,
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A indígena já participou de exposições no Pará, onde pôde levar o chocolate que produz e um pouco da história de vida e superação, e como empreender sendo indígena na Amazônia.

Katyana Xipaya e a revolução do empreendedorismo indígena
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