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O que sentem as pessoas que se consideram viciadas em café?

Desde desconforto no estômago até nervosismo, confira os relatos de pessoas que se consideram viciadas em tomar café.

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Imagem ilustrativa da notícia O que sentem as pessoas que se consideram viciadas em café? camera O vício em café é uma realidade para muitas pessoas e representa consequências adversas | Reprodução/Pinterest

Existe uma tradição secular entre pessoas de todo o mundo que consiste em tomar uma xícara de café quente logo após acordar. Para muitos, esse é um passo fundamental no ato de despertar para um novo dia. No entanto, há quem faça tanto consumo de café durante a manhã e ao longo do dia que uma xícara é insuficiente.

O café, em sua composição, é rico em cafeína, um estimulante que afeta diretamente vários sistemas do corpo humano. Deste modo, muitas pessoas fazem uso da bebida como instrumento para se manter acordado e ativo durante as atividades do dia a dia, o que, ao longo do tempo, não é uma prática muito saudável.

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Nesta série de matérias especiais do DOL sobre o vício em café e seus efeitos no corpo, diversos especialistas foram ouvidos para comentar sobre o tema, mas faltaram aquelas pessoas que efetivamente se consideram viciadas em tomar café.

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Entre profissionais de enfermagem, professores, estudantes universitários e jornalistas, são muitas as pessoas que atuam em diferentes áreas cujas rotinas “pedem” que o consumo de café seja frequente. No entanto, vale relembrar que os especialistas ouvidos pelo DOL apontaram que o consumo de café nunca deve exceder os 200 mg/dia, o que equivale a, no máximo, três xícaras pequenas.

É NECESSÁRIO ESTAR ACORDADO

Para a professora e enfermeira plantonista Márcia Silva, de 55 anos, o café faz parte da rotina há muito tempo. Ela, que muitas das vezes precisa estar acordada e atenta durante a madrugada para os atendimentos de urgência e emergência de pacientes, consome bem mais do que três xícaras por dia.

“Já tiveram dias onde tomei duas garrafas de café, daquelas de 1 L, sozinha. Estava há dois dias sem dormir de madrugada e precisava estar atenta para seguir com o trabalho. Quando estou de plantão e não tomo café, sinto um certo nervosismo que só o café me faz relaxar”, diz.

Profissionais da saúde são alguns dos que mais costumam tomar café com o intuito de se manter ativos durante plantões
📷 Profissionais da saúde são alguns dos que mais costumam tomar café com o intuito de se manter ativos durante plantões |Reprodução/Freepik

No entanto, anos de consumo de café desenfreado cobraram um alto preço. “Comecei a sentir dores fortes no estômago. Fui ao médico, fiz exame de endoscopia e descobri que desenvolvi uma pangastrite e pólipos começaram a se formar na parede estomacal. Fiz procedimentos por duas vezes para remover esses pólipos do estômago”, revela Márcia.

A PANDEMIA E O CONSUMO DE CAFÉ

A estudante universitária Alice Inete, de 22 anos, é mais uma das pessoas que se consideram viciadas em café. Ela, que cursa Direito, começou a consumir mais café logo após o fim do ensino médio, em 2019, e acredita que a pandemia de Covid-19 e os novos hábitos que acompanharam as restrições sanitárias e isolamento social favoreceram com que tomar muito café virasse parte da rotina diária.

“Passei a estudar em casa, ficar muitas horas no computador e percebi que o café ajudava a ter mais atenção nas aulas. Com isso, passei a consumir café de 3 a 4 vezes por dia. Mas hoje tomo muito mais. Não sei ao certo, mas se sento em frente ao computador, tenho que ter a xícara com café do lado. Em média, chego a passar 9 horas no computador”, comenta Alice.

Como consequência desse hábito, a universitária afirma que qualquer período mais longo sem tomar café começa a despertar uma forte indisposição. “Fico lenta, muito lenta. Acaba que preciso parar o que estou fazendo por pelo menos 10 minutos para comprar um copo de café”, pontua. “Não sinto nenhuma coisa ruim por tomar café demais. Pelo contrário. O ruim é se eu não tomar. Eu não me sinto bem não tomando o café”, acrescenta.

Alice compartilha parte de sua rotina nas redes sociais. Em várias publicações, ela destaca o consumo de café diário
📷 Alice compartilha parte de sua rotina nas redes sociais. Em várias publicações, ela destaca o consumo de café diário |Reprodução/Arquivo pessoal

Alice até admite que pretende diminuir o consumo de café, visto que possui gastrite e sente acidez no estômago, mas conta que seu corpo ainda não vê necessidade de redução da ingestão da bebida.

“Eu acho que é mais a força de vontade mesmo. A minha rotina vai mudar porque eu vou voltar a estudar presencialmente, então eu vou passar menos tempo na frente do computador, que é onde eu consumo mais café”, explica.

CORAÇÃO ACELERADO

O professor de línguas estrangeiras e empreendedor Rogério Leandro é mais um adepto do café. Ele não costuma apenas tomar a bebida pura ou adicionada de leite e açúcar como a maioria, como também adiciona um ingrediente que muitos evitam consumir: canela.

A prática do teletrabalho propiciou um maior consumo de café entre profissionais de diversas áreas
📷 A prática do teletrabalho propiciou um maior consumo de café entre profissionais de diversas áreas |Marcelo Camargo/Agência Brasil

O café com canela, segundo Rogério, o deixa ainda mais enérgico para a rotina do dia a dia. “É incrível como o café e a canela me deixavam mais apto para praticar exercícios, trabalhar e desempenhar qualquer outra função, mas nem sempre me fazia bem”, comenta.

“Em uma oportunidade, fui fazer exames de coração para avaliar a saúde, pois meu pai convivia com problemas cardíacos. Ao chegar lá, comentei com o médico sobre essa prática e ele até perguntou se eu queria me matar. Ele me explicou que tanto o café quanto a canela são vasodilatadores e, juntos, deixam a circulação sanguínea tão rápida que até mesmo desligar e dormir se tornam atividades mais difíceis do que se manter acordado. Hoje em dia não tomo mais café com frequência, mas sinto falta da energia e do incremento da produtividade que me proporcionava”, relembra.

Por: Adams Mercês

"Paraense com o sangue da cor do açaí. Repórter do DOL e assessor de comunicação do Ministério das Cidades do Governo Federal. Formando em Comunicação Social - Jornalismo pela UFPA e um grande admirador de games, carros e da história das pessoas boas."

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