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Saiba como se proteger de fraudes em empréstimos

Fraudes bancárias aumentam 165% no pós-pandemia, alerta a Federação Brasileira dos Bancos (FEBRABAN), com mais de 8 milhões de casos registrados em 2022. Em entrevista exclusiva ao DOL, o defensor público Cássio Bitar dá dicas de como se prevenir dos golpes.

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Imagem ilustrativa da notícia Saiba como se proteger de fraudes em empréstimos camera Agência Brasil

Em meio à era digital, os brasileiros enfrentam uma crescente onda de fraudes bancárias nas quais os criminosos se valem de meios tecnológicos cada vez mais sofisticados. Apesar dos alertas constantes sobre a importância da proteção de dados e da cautela com comunicações suspeitas, o número de ocorrências continua a aumentar. Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (FEBRABAN), houve um crescimento de 165% nos golpes relacionados a fraudes em empréstimos e outros produtos bancários após a pandemia do novo coronavírus, a partir de 2021.

Naquele ano, o Brasil registrou mais de 4 milhões de golpes digitais, representando um aumento de cerca de 20% ao ano, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian. Em 2020, haviam sido registradas 3,5 milhões de fraudes desse tipo. Já em 2022, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo Serviço de Proteção ao Crédito, o SPC Brasil, esse número mais que dobrou, atingindo 8,2 milhões de brasileiros.

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Entre eles, estão os golpes da prova de vida, do falso motoboy, do consórcio, da portabilidade e as mensagens falsas por aplicativo de conversação. O defensor público também menciona o surgimento do golpe do pix reverso, onde a vítima é induzida a “devolver” um valor depositado em sua conta por criminosos que se passam por operadores de banco.

O defensor público, professor e colunista do DOL, Cássio Bitar, revela como o consumidor pode se proteger dos golpes digitais envolvendo empréstimos e outros serviços bancários.
📷 O defensor público, professor e colunista do DOL, Cássio Bitar, revela como o consumidor pode se proteger dos golpes digitais envolvendo empréstimos e outros serviços bancários. |Reprodução/Arquivo Pessoal

Responsável pela elaboração do folheto da campanha "Cuidado! É golpe!", realizada pela Defensoria Pública do do Estado do Pará, Procon, Ministério Público, Polícia Civil e Faculdade Integrada da Amazônia (Finama), Bitar ressalta que a vulnerabilidade digital das vítimas, principalmente idosos e pessoas com pouca instrução, é o principal ponto em comum entre essas fraudes.

ENGENHARIA SOCIAL

Segundo o defensor público, a falta de conhecimento e a boa-fé das pessoas acabam sendo exploradas nos golpes denominados "engenharia social", que são justamente aqueles que mais cresceram nos últimos anos. Essa modalidade consiste no uso de técnicas de manipulação que exploram falhas humanas para obter informações privadas, acessos ou bens de valor.

Nos crimes cibernéticos, esses golpes de "hacking humano" visam atrair usuários desavisados para expor dados, disseminar malware ou obter acesso a sistemas restritos. Os ataques ocorrem on-line, pessoalmente e por meio de outras formas de interação.

"Os golpes de engenharia social são baseados na compreensão do pensamento e comportamento humanos, sendo eficazes para manipular usuários. Ao entender as motivações de uma determinada parcela da população, os invasores conseguem enganar as vítimas de maneira eficiente", esclarece.

Os hackers exploram a falta de conhecimento do usuário, uma que muitos usuários não compreendem plenamente o valor de seus dados pessoais, como números de telefone, e podem não saber como se proteger adequadamente.

CAMPANHA "CUIDADO! É GOLPE"

Lançada no dia 15 de março de 2023, Dia do Consumidor, a campanha "Cuidado! É golpe", surgiu por meio da parceria entre Defensoria Pública do Estado do Pará, Procon, Ministério Público do Estado do Pará, Polícia Civil e Faculdade Integrada da Amazônia (Finama), com o objetivo de informar principalmente os idosos e pensionistas do INSS, principais alvos dessas fraudes. Para se proteger desses golpes, a ação enfatiza a importância da informação.

De acordo com Cássio Bitar, também aponta que os bancos têm uma parcela significativa de responsabilidade diante dos crescentes números de fraudes, principalmente pelo vazamento indevido de dados e informações cadastrais do consumidor.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:DOL - Qual o aspecto comum entre essas modalidades de fraudes financeiras?

Cássio Bittar: "O principal ponto em comum entre essas espécies de fraude diz respeito à vulnerabilidade digital das vítimas, em sua imensa maioria idosos e pessoas com pouca instrução que, através do ardil dos criminosos, acabam celebrando contratos de empréstimos e consórcio de forma inconsciente. Em grande parte as operações e fraudes se consumam por ligações e plataforma digitais".

DOL - Há algum "golpe novo na praça", além daqueles que têm vitimado milhões de brasileiros?

CB: "O golpe do pix reverso, no qual a vítima é abordada com informações e comprovantes fake de um deposito em sua conta e é induzida a "devolver" o valor ao criminoso. Muitos se passam por operadores do banco com informações cadastrais da vítima. Em que pese já existirem registros desde 2021, atualmente os registros tem aumentado sensivelmente".

DOL - Como o cidadão pode se proteger dos golpes digitais e fraudes financeiras?

CB: "A melhor forma de proteção é a informação. Operações de crédito por aplicativos são transações relativamente simples e o consumidor sem a instrução adequada pode vir a ser prejudicado diante da ação criminosa de grupos de estelionatários espalhados por todo país. A informação é uma das propostas da Campanha Cuidado é Golpe! que visa alertar o cidadão sobre os perigos e golpes praticados no Brasil".

DOL - Os bancos e instituições financeiras têm algum papel nessa prevenção?

CB: "Com certeza. Os bancos tem importante parcela de responsabilidade diante dos crescentes números de fraudes e golpes envolvendo operações de crédito. Na maioria dos casos, verificamos o vazamento indevido de dados e informações cadastrais do consumidor, que nas mãos de criminosos têm gerado estragos irreversíveis para muitos brasileiros. Também devem ser responsabilizados pelos atos de seus prepostos. Infelizmente grande parte das fraudes ocorre com participação comissiva ou omissiva de prepostos autorizados pelas instituições de credito a realizar operações".

DOL - Essas instituições bancárias têm alguma obrigação em ressarcir os clientes lesados? Em quais casos?

CB: "Uma vez caracterizada a falha na prestação de serviços, seja pelo vazamento de dados, seja pelo envolvimento ou omissão de correspondentes os bancos podem ser responsabilizados devendo indenizar os consumidores pelos prejuízos efetivamente sofridos, além de arcar com danos morais.

Repórter: Sales Coimbra

"Sales Coimbra é paraense, jornalista e professor de Língua Portuguesa graduado pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Em sua atuação profissional, procura combinar as paixões pelo futebol e pela literatura. Integra a redação do DOL desde 2022".

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