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Pará registra mais de 12 mil bebês prematuros em um ano

“Novembro Roxo” alerta para prevenção e cuidados de nascidos com menos de 37 semanas de gestação. Este ano, tema da campanha é voltado para o contato pele a pele com os pais.

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Imagem ilustrativa da notícia Pará registra mais de 12 mil bebês prematuros em um ano camera Divulgação

O Pará registrou o nascimento de 12.230 bebês prematuros no período de um ano, de setembro de 2022 a setembro de 2023. De acordo com a Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o estado paraense é o estado do Norte do Brasil com maior número de nascimentos prematuros em 2023, totalizando 6.483 – a atualização foi feita até o mês de junho deste ano -.

Em 2022, o Pará totalizou 15.869 nascimentos prematuros (janeiro a dezembro). Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, “o crescimento das taxas mostra a necessidade de maior atenção na assistência pré-natal e na intervenção precoce, fortalecendo a saúde das mães e crianças paraenses e oportunizando um nascimento sadio”.

A realidade estadual reflete um problema nacional e global. O Brasil é o 10º país no ranking mundial de nascimentos prematuros e registra anualmente cerca de 340 mil bebês que nascem antes de completar 37 semanas de idade gestacional. Gravidez na adolescência, ausência de pré-natal, doenças relacionadas à gestação e à desinformação são alguns dos principais motivos dos altos índices de parto prematuro no Brasil, segundo um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF/2021).

Os nascimentos prematuros cresceram cerca de 16% entre 2011 e 2021, segundo levantamento do Observatório de Atenção Primária à Saúde da Umane, com base nas informações mais recentes do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc).

Segundo especialistas, o valor se explica tanto pela melhora no padrão de registro desses nascimentos quanto pela pandemia, que acentuou a falta de um pré-natal adequado. Outro fator é a maior incidência de cesáreas.

Contato pele a pele imediato para todos os bebês

Este mês se volta a atenção para a campanha Novembro Roxo, que chama a atenção da população para as causas e consequências do nascimento prematuro. O Dia Mundial da Prematuridade é 17 de novembro.

O tema deste ano é “Pequenas ações, grande impacto: contato pele a pele imediato para todos os bebês, em todos os lugares”, que enfatiza os benefícios do contato pele a pele precoce entre o recém-nascido e seus pais, especialmente para bebês prematuros extremos.

Diante disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as instituições que compõem a Aliança Global para o Cuidado do Recém-nascido (GLANCE), incluindo a ONG Prematuridade.com, que representa o Brasil nessa rede, escolheram enfatizar o tema em 2023.

“O pele a pele precoce só traz benefícios para o bebê prematuro, tanto no momento do nascimento, quanto a longo prazo. E quanto menor a idade desse bebê, a necessidade desse contato com a mãe e com o pai é ainda maior. E isto é comprovado cientificamente, por isso, a Organização Mundial da Saúde e todas as instituições que compõem a Aliança Global para o Cuidado do Recém-nascido escolheram trazer esta temática novamente em 2023”, explica a médica pediatra e neonatologista, Tattiana Alvarez.

Programação

O objetivo é chamar a atenção sobre o assunto e debater estratégias para mudanças positivas no cenário do parto prematuro.

Dentre as atividades programadas pela especialista engajada na campanha, está uma palestra sobre o assunto no dia 17 de novembro, às 9h, conjuntamente com o Hospital Saúde da Criança, palestra que será dedicada para mães e pais dentro do estabelecimento de saúde.

No domingo, dia 19 de novembro, será realizada uma roda de conversa sobre o tema na Praça Batista Campos, a partir das 9h, gratuita e aberta ao público.

Além disso, no dia 17, a neonatologista pede que a população se vista de roxo em alusão à campanha.

Questões que podem ser levantadas durante a campanha Novembro Roxo

Quais as principais causas de parto prematuro?

• bolsa rota/ruptura prematura de membrana (RUPREME ou ROPREMA)

• hipertensão materna

• insuficiência istmo-cervical

• descolamento prematuro da placenta

• placenta prévia

• malformações uterinas

• infecções uterinas

• gestação múltipla

• fertilização in vitro

• malformações fetais

O bebê prematuro

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação (36 semanas e 6 dias) é considerado prematuro, ou pré-termo.

Os bebês prematuros podem ser classificados de acordo com a idade gestacional ao nascer, sendo:

• Prematuros extremos: aqueles que nascem antes das 28 semanas

• Muito prematuros: entre 28 e 31 semanas

• Moderados: os que nascem entre 32 e 36 semanas de gestação

Além disso, com relação ao peso de nascimento, os bebês podem ser divididos em:

• Baixo peso: menos de 2,5kg (2.499g ou menos)

• Muito baixo peso: menos de 1,5kg (1.499g ou menos)

• Extremo baixo peso: aqueles com peso menor que 1kg (999g ou menos)

Características do prematuro:

• Geralmente tem baixo peso ao nascer

• Pele fina, brilhante e rosada

• Veias visíveis

• Pouca gordura sob a pele

• Pouco cabelo

• Orelhas finas e moles

• Cabeça desproporcionalmente maior do que o corpo

• Musculatura fraca e pouca atividade corporal

• Poucos reflexos de sucção e deglutição (sugar e deglutir)

Principais complicações

• Problemas respiratórios

• Complicação cardíaca

• Complicação intestinal

• Hemorragia cerebral

• Retinopatia

Sobrevivência e sequelas

As possibilidades de sobrevida estão condicionadas a idade gestacional, o peso ao nascer e as complicações que o bebê prematuro apresenta.

Existem fatores que aumentam o risco de sequelas, e, algumas dessas incapacidades só poderão ser diagnosticadas durante a infância.

Taxas de sobrevivência:

Prematuros de 22 semanas - sobrevivência de 2% a 15%.

Prematuros de 23 a 25 semanas - 23 semanas têm taxa de sobrevivência entre 15% e 40%; com 25 semanas é em torno de 55% a 70%.

Prematuros de 26 a 28 semanas - taxas de sobrevivência são de 75% a 85%.

Prematuros de 29 a 32 semanas - taxa de sobrevivência é entre 90% e 95%.

Prematuros de 33 a 36 semanas - taxa de sobrevivência é maior do que 95%.

Vacinas

De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), aproximadamente 40% das mortes de bebês ocorrem no período neonatal (primeiros 28 dias de vida), e muitas dessas mortes ocorrem por infecções que podem ser prevenidas por meio de vacinas disponíveis para as gestantes.

Durante a gestação, os anticorpos da mãe passam para a criança por meio da placenta e, depois do nascimento, pelo leite materno. A vacina tríplice bacteriana, por exemplo, protege contra coqueluche, tétano e difteria. Todas essas doenças causam complicações na gravidez e são responsáveis por altas taxas de mortalidade de recém-nascidos. É muito importante não atrasar a dose dessa vacina, pois, caso o bebê nasça prematuro, ele já terá recebido a imunização.

Idade Cronológica x Corrigida

A "idade cronológica" é a idade real que o bebê tem, o tempo de vida dele depois do nascimento. Por exemplo: um bebê que nasceu dia 10 de Abril terá 3 meses de idade cronológica no dia 10 de Julho.

A "idade corrigida" é a idade ajustada ao grau de prematuridade. É a idade que o bebê teria se tivesse nascido de 40 semanas.

Por que utilizar a idade corrigida?

É preciso levar em consideração que quando o prematuro nasce, ele é submetido a várias situações adversas ainda na UTI e, o que influenciará no padrão de crescimento.

Sendo assim, utilizamos a "idade corrigida" para avaliar de forma mais adequada o desenvolvimento físico, intelectual e comportamental até mais ou menos os três anos da criança.

Nutrição

Em função da imaturidade do trato gastrointestinal dos prematuros e da falta de reflexos de sucção e deglutição, eles podem precisar receber suas primeiras calorias por via intravenosa ou sonda, mas ainda assim, a amamentação é possível e imprescindível.

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