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Conheça os influenciadores que exaltam o Pará com bom humor

Os influencers paraenses são sucesso entre os seguidores na internet ao imitar o linguajar paraense, criar esquetes com expressões locais e fazer postagens em locais que o Pará tem de bom. Conheça alguns deles!

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Imagem ilustrativa da notícia Conheça os influenciadores que exaltam o Pará com bom humor camera Matheus Dias é um dos influenciadores que fazem sucesso nas redes sociais. | Mauro Ângelo/Diário do Pará

As características e peculiaridades da cultura e do modo de vida dos paraenses são fonte de inspiração para criadores de conteúdo que usam as redes sociais para exaltar o melhor do Estado do Pará. Nas diferentes plataformas de redes sociais digitais, não é difícil encontrar perfis de influenciadores que destacam como os paraenses falam e agem, sempre em um tom bem-humorado. Um conteúdo que, para muitos deles, já garante uma fonte de renda.

A vontade de gravar vídeos que registrassem as brincadeiras que ele já era habituado a fazer em meio à família sempre esteve presente na vida do Matheus Dias, de 24 anos. Criador de conteúdo por trás do perfil @cametuba, o jovem paraense demorou a amadurecer a ideia. “Na minha família eu sempre fui destaque em relação a brincadeiras, só que eu não tinha um personagem em mente. Esse sotaque eu já fazia porque a minha família é de Abaetetuba. Quando eu era menor eu ia muito para lá, escutava muito a vovó falando e quando eu chegava em casa, reproduzia tudo o que eu escutava e a galera ria e tal”, lembra Matheus. “No início a gente sempre tem esse medo de começar, de desenvolver o personagem, mas aí veio uma das maiores inspirações que eu tive, que foi o Epaminondas Gustavo [personagem criado pelo juiz e humorista Cláudio Rendeiro, que faleceu em 2021 após complicações pela Covid019], eu tenho até uma tatuagem dele”.

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Uma pessoa muito próxima de Cláudio Rendeiro falou com Matheus. “O filho dele me falou que se o pai dele estivesse vivo, ele com certeza iria gostar muito do que eu vinha fazendo. Não tem coisa melhor do que escutar isso, então, eu decidi começar a gravar. Até então eu não tinha ainda o perfil de personagem, tinha só o meu perfil pessoal, mas aí eu me senti na obrigação de levar esse trabalho e comecei a fazer”.

O primeiro vídeo publicado por Matheus teve meio milhão de visualizações. Era um vídeo respondendo uma caixinha de perguntas nas redes sociais. “Até então eu não tinha um nome do personagem, mas eu recebi um convite para ir num podcast muito conhecido, e lá a gente foi conversando e ele perguntou se eu era de Cametá ou de Abaetetuba e eu expliquei que sou tenho origem nos dois lugares e aí ele falou, ‘então tu és o Camétuba’ e isso foi um estalo. O Camétuba surgiu daí”, lembra.

“Eu sempre levo uma frase comigo que é a minha vontade de levar o Pará para longe. Se muita gente conseguiu, por que a gente não pode conseguir também? Aqui tem muito artista talentoso que pode fazer isso. Eu estou na internet há uns 4 anos, três anos só como Camétuba, e agora eu estou com planos de fazer um standup, tenho um show pronto que vai sair esse ano”.

Para Matheus, o que cria maior identificação das pessoas com os seus vídeos é justamente a relação com o sotaque e as gírias. “E eu digo isso porque eu mesmo tenho isso, às vezes eu escuto um áudio de outras pessoas que também fazem e eu lembro logo, ‘olha, que nem a minha avó’”, considera. “Quando eu faço live ou posto vídeo, eu recebo muitos comentários de pessoas de Florianópolis, de São Paulo e que têm parentes daqui que falam exatamente igual. Recentemente eu fiz uma viagem para Fortaleza e eu fui surpreendido porque teve muita gente que me reconheceu por esse trabalho. Teve um dia que eu passei na rua e uma mulher falou ‘Espia, mamãe’, que é um bordão, e pediu para tirar foto”.

A origem familiar no interior do Pará também é motivo de inspiração para o Caio Ariel, de 30 anos, que criou o perfil @tradutorparaense. Natural de Belém, mas com parentes em Vigia, Caio sempre se interessou pelas expressões locais e isso acabou sendo fonte de inspiração para o seu perfil. “Eu já faço vídeo para internet tem mais de 15 anos, mas nunca deu em nada. Em 2014, começaram a enviar muitos áudios pelo WhatsApp com algumas expressões e eu comecei a imitar esses áudios e enviava para os meus amigos de fora de Belém, e esses amigos de fora não entendiam nada do que eu falava, tinha que traduzir para eles as gírias. Aí começou esse trabalho com tradução”.

Já em 2020, Caio estava cursando medicina e, em oração, disse que pediu a Deus que lhe apontasse uma ideia de algo que ele pudesse trabalhar, ao mesmo tempo que fazia faculdade, já que o curso era integral e, por isso mesmo, muito difícil de conciliar com um trabalho. “Esse nome, Tradutor Paraense, é baseado justamente nas experiências que eu tinha com os amigos de fora. Antes do tradutor existir, em 2018, eu postei um vídeo no Facebook, que era uma Trend que estava rolando, e eu fiz a versão de Belém e o vídeo viralizou. Eu comecei a ver que, realmente, era um trabalho que dava para fazer”, lembra. “Só que eu fiquei com medo de abandonar o meu curso, de levar isso muito a sério e de repente não dar em nada. Então, eu não continuei. Só que em 2020 para 2021, eu estava passando por uma crise emocional muito grande e tranquei o curso para poder me tratar e quando eu melhorei um pouco mais e conversei com alguns amigos e uma amiga minha viu que existia essa página e falou que eu tinha que levar isso adiante”.

Foi quando o criador de conteúdo recomeçou o trabalho nas redes, começou a estudar marketing digital, viu que a tendência era humanizar ainda mais os trabalhos na internet e começou a fazer isso. Hoje, ele vive 100% do trabalho na internet. “Em 2022, eu já estava sentindo que era hora de largar a medicina, então eu larguei o curso e comecei a tratar o Tradutor Paraense como a minha profissão mesmo”.

Além das mensagens de seguidores que se identificavam com o conteúdo, Caio também começou a receber convites para entrevistas e viu seus vídeos viralizarem cada vez mais. “Eu comecei a receber mensagens de pessoas se identificando muito, principalmente quem mora fora de Belém porque sentem saudade das coisas daqui e as pessoas percebem mais ainda o nosso dialeto, o nosso jeito de falar anasalado, o sotaque, quando está morando fora de Belém. E as gírias que eu trago são sempre muito raízes porque eu me inspiro bastante nos meus parentes do interior, então, o pessoal se identifica legal”, conta.

Também no caso do criador de conteúdo Felipe Santoz, dono do perfil @eiparaense, tudo aconteceu de forma muito natural. Mais uma vez, a inspiração nas expressões e gírias locais foram o pontapé para a produção de conteúdo. “Eu sempre tive um sonho de trabalhar com internet, só não sabia qual assunto ia abordar pra ter um nicho na internet, e o Ei Paraense surgiu assim, sem pretensão nenhuma”, conta. “Eu assisti um vídeo de uma moça chamando ‘chopp’ de ‘sacolé’, aí eu fui e gravei ‘ei Paraense, isso é chopp e não sacolé’. A minha intenção era chamar atenção dos paraenses que também conheciam como chopp, só que eu percebi que aquilo que eu falei no começo do vídeo ‘Ei Paraense’ chamou atenção das pessoas. E foi aí que eu tive o start ‘é isso que eu vou fazer’”.

De início, Felipe começou a gravar os vídeos com a prima, Milena, e mais os amigos da rua de casa, o Tutu e o DF, sempre mostrando situações do cotidiano paraense. “Muitas coisas são do meu dia a dia mesmo, meus avós e tios são do interior de Abaeté e muita coisa eu aprendo com eles. Também tenho um dicionário só de gírias paraenses que eu acho incrível e muito legal pra gente se aprofundar mais nas gírias do nosso estado, gírias essas que já são vocabulário nosso”, considera, ao contar o que sentiu quando percebeu que tinha alcançado 63 mil seguidores no Instagram e 220 mil no Tiktok.

A repercussão que o seu conteúdo vem recebendo nas redes sociais tem um efeito parecido no criador de conteúdos, Hygo Palheta, de 28 anos. Dono do perfil @hygopalheta, ele também mantém um foco no seu cotidiano, em que as expressões paraenses estão sempre muito presentes. “Eu sempre fui muito observador e detalhista, então, tudo que eu escutava de gírias e expressões, eu ia guardando para reproduzir depois. Coisas como ‘eu vou me agasalhar pra dormir’, ‘dar uma remada’, ‘um sol para cada um’”, conta. “Eu comecei a gravar para o Tik Tok e comecei a usar esses palavreados e as pessoas sempre se identificaram muito, sempre lembravam de alguém, de um tempo do passado, então, eu comecei a reforçar isso porque eu achei muito bacana as pessoas se identificarem, tem aquela questão do saudosismo, de lembrar da avó. Acaba sendo uma coisa leve e bem-humorada”.

Hygo lembra que sempre trabalhou com pesquisa e deve defender a sua dissertação de mestrado em breve. Por isso, acabava não tendo muito tempo para fazer os vídeos, apesar da vontade de fazer alguma coisa na área sempre existir. “Eu pensei que quando eu tivesse um tempo, uma oportunidade, eu faria um vídeo de uma trajetória, por exemplo, a minha trajetória indo na inauguração de um supermercado. Esse foi o meu primeiro grande vídeo, que viralizou. Mas isso foi sem imaginar o que ia acontecer porque eu não tinha seguidores, era só eu e os meus amigos no Tik Tok”, lembra. “Depois eu fui para um aniversário de criança e gravei vídeo, mas tudo com um período longo de intervalo porque eu não tinha disponibilidade de tempo. E foi assim, eu comecei apenas no Tik Tok. Fui levar o conteúdo para o Instagram em julho desse ano apenas”.

Quando começou o trabalho também no Instagram, em julho de 2023, Hygo tinha 6 mil seguidores e, agora, fechou o mês de agosto já com 38 mil seguidores. “Quando eu terminei todas as minhas atividades do mestrado foi que eu decidi tentar trazer esse conteúdo também para o Instagram porque agora eu tinha tempo, eu fiquei desempregado porque antes eu recebia a bolsa do mestrado. Mas, graças a Deus, no mês de agosto, por exemplo, o meu trabalho foi todo da internet. Setembro já está entrando com trabalhos na internet também, então, eu estou conseguindo fazer disso o meu ganha pão, uma fonte de renda mesmo, e pretendo continuar com a internet até quando der certo”.

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