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DOIS MESES DEPOIS

Ainda sem moradores, prédio teve falhas até na construção

Os residentes do edifício só poderão voltar para os seus apartamentos em caso de demolição das sacadas que ficaram ou recuperação estrutural por empresa especializada. Laudo aponta manutenção precária

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Imagem ilustrativa da notícia Ainda sem moradores, prédio teve falhas até na construção camera As 13 sacadas desabaram simultaneamente em maio passado. Desde então, o condomínio, localizado na Cremação, está desabitado | (Irene Almeida)

De acordo com laudo elaborado pelos peritos criminais do Núcleo de Engenharia Aplicada (NEA) da Polícia Científica do Pará (Pcepa), falhas ou vícios na construção, bem como manutenção precária, explicam a queda simultânea das 13 sacadas do edifício Cristo Rei, no bairro da Cremação, em Belém, em maio deste ano. E para que os moradores voltem aos apartamentos, só após demolição das sacadas remanescentes ou recuperação estrutural das estruturas por empresa especializada. O documento apresentado ontem à imprensa e imediatamente encaminhado à Polícia Civil, requerente do estudo, deve basear o andamento das investigações e determinar eventuais responsabilidades civis e criminais.

O engenheiro civil e perito criminal José Alberto Sá relata que a equipe se debruçou sobre as investigações nos últimos dois meses. “A questão básica era entender esse desabamento de todas as 13 sacadas de uma só vez, e chegamos à conclusão que a causa desse colapso está basicamente vinculada à combinação de falhas construtivas e falta de manutenção preventiva de todas as sacadas”, detalhou.

As falhas de execução de obra, ou seja, os vícios construtivos, criaram esforços de cargas excedentes para a estrutura das sacadas, que geraram fissuras e trincas para a laje de concreto armado de todas as sacadas do edifício Cristo Rei, que permitiram, ao longo do tempo, o surgimento de corrosão nas armaduras de aço, detalha o documento.

Leia também:

Cristo Rei: falta de manutenção provocou queda de sacadas

DEMOLIÇÃO

O laudo atesta ainda que para as pessoas voltarem a morar no edifício com segurança, inclusive de quem frequenta o entorno, é necessário ou a demolição das sacadas que ficaram ou recuperação estrutural por empresa especializada nesse tipo de atuação - não pode ser algo apenas paliativo, como já havia ocorrido no passado, confirma o perito criminal. Essa análise está em consonância com a feita pelo Corpo de Bombeiros (CBM-PA) “Há sacada com descolamento de paredes de concreto que, se funcionavam como elementos estruturais, hoje servem apenas de peso à estrutura como um todo, ou seja, há risco de desabamento dessas sacadas remanescentes. Há anomalias construtivas nessas sacadas, constatamos contrapisos excessivamente pesados, de 18cm contra uma lage de 12cm, nada justifica. Tudo isso é peso. A gente constatou isso em todos os andares onde ainda há sacadas”, anunciou Sá.

Se esse dano se estende ao prédio inteiro a ponto de haver riscos de desabamento de toda a área construída, isso somente um estudo complementar, que precisa ser solicitado pela Polícia Civil, poderá dizer. “Não temos como informar isso agora, porque nosso local de análise foram as sacadas que ainda estão lá e as que caíram. Mas a PC pode fazer essa solicitação para que haja essa análise”, finalizou.

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