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BIODIVERSIDADE

Parque do Utinga: conheça as riquezas naturais do local

O espaço proporciona, além do desenvolvimento de práticas científicas, turísticas, apreciativas e recreativas, a proteção de várias espécies da fauna e flora amazônica

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Imagem ilustrativa da notícia Parque do Utinga: conheça as riquezas naturais do local camera Dentro da sua unidade de conservação estão os lagos Bolonha e Água Preta | Reprodução

Além de ser uma opção de lazer, o Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna agrega uma diversidade de riquezas naturais em uma área de 1.393,088 hectares, o equivalente a 1.400 campos de futebol. O espaço proporciona o desenvolvimento de práticas científicas, turísticas, apreciativas e recreativas, além da proteção de várias espécies da fauna e flora amazônica. Dentro da sua unidade de conservação estão os lagos Bolonha e Água Preta.

Esses recursos hídricos, segundo o gerente da Região Metropolitana de Belém do Ideflor-Bio, Ivan Santos, abastecem cerca de 1,7 milhão de habitantes de Belém. Isso porque “a água do lago Água Preta passa para o Bolonha, para posteriormente ser tratada e abastecer a população de Belém”, diz ele.

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O Parque é contornado pela avenida João Paulo II, pelo Rio Guamá e pelo conjunto Verdejantes (em Ananindeua) e, segundo o coordenador dos serviços de resgate de fauna do Ideflor-Bio, Augusto Jarthe, uma importante Área de Proteção Ambiental (APA), que segue até a avenida Almirante Barroso, o protege como uma espécie de colchão de amortecimento contra a poluição, lixo, esgoto, entre outros. “É como se tivéssemos dois lados. Um tentando invadir, e o outro mantendo a sua conservação. E a nossa luta é para manter o equilíbrio da natureza, proteger os mananciais e guardar sua biodiversidade”, destaca.

Sendo ainda uma unidade de conservação e proteção integral, os recursos do Parque só podem ser utilizados de duas formas: para apreciação e pesquisa científica. “Por isso, o Parque tem como principal vocação a visitação pública, para que as pessoas admirem suas riquezas. E e o fomento às pesquisas científicas, para que sejam estudados o que há neste território em fauna, flora, recursos minerais, paisagísticos e hídricos”, esclarece Santos.

Sua biodiversidade compreende cerca de 550 espécies de vertebrados, o que Jarthe considera extremamente representativo para uma região como Belém. “Além disso, se falarmos de invertebrados, onde entram abelhas, aranhas, lagartas, entre outros, passaremos dos milhares”, destacou Jarthe. Desde 2018, o Projeto Flora do Utinga, desenvolvido em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi, já catalogou 724 espécies de fungos e plantas do Parque. Para manter viva essas informações e fomentar o conhecimento público, o Parque receberá futuramente uma casa de acolhimento científico de pesquisa, com auditório e banco de dados.

“Pesquisadores que visitam a unidade de conservação, seja do Brasil ou do exterior, não entendem como conseguimos em uma parcela geograficamente pequena, ter tantos tipos diferentes de vida animal, riqueza vegetal e material arqueológico”, complementa o coordenador. Além disso, ele ressalta que Belém é composta de área continental e área insular (grupo de ilhas). “Temos 37 ilhas e, por incrível que pareça, a área insular é bem maior do que a área continental. Estudos apontam que mais de 85% da cidade já foi urbanizada, sobrando apenas 15% de área verde, que não foram urbanizadas. E são justamente esses 15% os responsáveis por manter um equilíbrio ambiental de todo o restante da cidade”, explica.

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Educação

A conscientização de que existe esse lugar na cidade, como uma “mini Amazônia”, permitiu que a administração do Parque buscasse maior proximidade com o público, sobretudo, com as crianças. “A ideia do Parque é também buscar uma aproximação maior com as crianças das escolas municipais e estaduais. Para isso, disponibilizamos ônibus que as buscam nas escolas, principalmente do Verdejantes, em Ananindeua, perto do Aurá, para trazê-las ao Parque, com a finalidade de conhecerem as riquezas locais. O que se deseja é construir desde cedo uma educação ambiental, pois esta área veio compor o que precisamos a nível de meio ambiente consciente na cidade”, ressaltou Santos.

Além do turismo ecológico de aventura, o Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna promove também a educação ambiental a partir de visitas guiadas diárias para grupos de crianças, jovens e adultos. Ainda dispõe de 4km de pistas sinalizadas, para pedestres e ciclistas, além de áreas para a prática esportiva de rapel, tirolesa, boia cross e mais 11 trilhas ecológicas, das quais, 9 estão abertas para visitação de grupos de até quinze pessoas. Para Santos, o Parque “é uma sala de aula a céu aberto para que as pessoas tenham contato com a natureza, seja por meio da fauna, da flora, dos recursos hídricos e, ainda, das informações técnicas e científicas de pesquisas”.

Papel da vegetação aquática no ecossistema

Existente em grande parte da superfície do lago Bolonha, a vegetação macrófita aquática merece atenção, pois desempenha um papel importante no funcionamento do ecossistema presente no ambiente, uma vez que filtra a água e se multiplica para tentar tirar os excessos de material poluente. “Elas se reproduzem, caso contrário, o lago ficará impossível para a vida”, diz Jarthe.

A preocupação dos biólogos e dos pesquisadores, no entanto, é que não se afete no lago aquilo que é natural, ou seja, o peixe, o sapo, a cobra, que lutam diuturnamente para a limpeza do ecossistema. “Um controla o outro numa cadeia alimentar. Se você tirar um desses, o outro se desenvolve mais, gerando problemas ao ambiente. Estes animais prestam serviços ecológicos gratuitamente e por isso trabalhamos para manter este equilíbrio”.

Em grande quantidade, entretanto, também podem trazer prejuízos ao sistema. Por isso, ao receberem o tratamento de limpeza, são primeiramente retirados os animais presentes para não comprometer o equilíbrio natural. “É feito um afugentamento porque não podemos permitir que nenhum animal morra, com um índice de afetação mínimo possível”, diz o coordenador.

Curiosidades

Desde a segunda metade do século XIX, em Belém, a população utilizava a água de algumas nascentes públicas e nascentes privadas (aqueles que tinham grandes propriedades e água de melhor qualidade). Ao longo dos anos, com o crescimento da cidade, essas nascentes já não estavam dando conta de suprir a população e a capitania, na época, criou um órgão para atender a cidade, que foi uma companhia de abastecimento inglesa, e que começou a coletar água a partir da construção de uma caixa d’água, no bairro de São Brás.

“Desde 1885 já tínhamos a coleta efetiva de água na região. O Utinga, no entanto, tinha um dos corpos hídricos e com as pesquisas científicas começou-se a coletar água também, além de receber pesquisadores e estrangeiros, em especial, para estudar a fauna, a vegetação, a flora, metais, etc.”, contou Jarthe.

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