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Julgamento segue com mais revelações sobre morte de Henry

O julgamento do caso será retomado nesta terça-feira (14), na 2ª Vara Criminal da Capital do Rio

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Imagem ilustrativa da notícia Julgamento segue com mais revelações sobre morte de Henry camera Reprodução/ redes sociais

Nesta terça-feira (14), na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, irá ocorrer a continuação da audiência de instrução e julgamento do caso Henry Borel. A sessão terá início às 9h30 e serão ouvidas 10 testemunhas de defesa e duas de acusação.

A audiência que será presidida pela juíza Elizabeth Machado Louro teve início no dia 6 de outubro com o depoimento de dez testemunhas de acusação e durou mais de 14 horas.

Nove meses após o assassinato do menino Henry Borel, de quatro anos, a história do crime é contada no livro “Caso Henry Morte Anunciada – A investigação e os detalhes não revelados da história que chocou o país”.

A obra de Paolla Serra, primeira jornalista a divulgar o caso na imprensa, foi lançada na última quinta-feira (9), no Rio de Janeiro.

O livro é resultado de oito meses de apuração, com a análise de 1,5 mil páginas de documentos, 50 mil arquivos digitais e 200 entrevistas, uma delas com a mãe de Henry, Monique Medeiros, realizada na cadeia onde ela está presa desde abril.

O livro de 240 páginas reúne as reviravoltas do caso já publicado, contando desde quando o casal se conheceu até os dias encarcerados. Além disso, a obra traz detalhes da vida familiar e características pessoais, como semelhanças da origem no bairro de Bangu, a vaidade extrema e o gosto por roupas de grife e restaurantes finos.

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"A busca incessante pela verdade me fez mergulhar fundo nessa história que envolve relações familiares, dinheiro, poder, vaidade e, infelizmente, violência. O objetivo era apresentar um trabalho jornalístico, baseado em mais de uma centena de investigadas e na análise de todo o material do processo no qual Jairinho e Monique são réus, para trazer, com riqueza de detalhes, os bastidores deste crime que chocou a sociedade ”, relata Paolla Serra.

A versão apresentada pelo casal, de que Henry teria caído da cama, logo foi derrubada por laudos periciais e da necropsia, como o documento com a descrição das 23 lesões que o corpo da criança apresentava, com graves ferimentos internos em vários órgãos. Uma investigação terminou com uma denúncia de Monique e Jairinho, acusados ​​por homicídio triplamente qualificado, tortura, fraude processual e coação de testemunhas.

"Sem sombra de dúvidas, o que mais me marcou em toda a cobertura foi tentar entender, muito além da prisão de um vereador democraticamente eleito pelo povo, a suposta participação de uma mãe nas torturas e no homicídio do próprio filho, uma criança saudável e amável de apenas 4 anos ", conta a autora.

A rede de apoio de Jairinho

Em conversas retiradas de celulares, o livro detalha a rede de apoio com que o político contou enquanto a polícia tentava entender o que havia acontecido com Henry. Isso fica claro em uma mensagem enviada pela assessora parlamentar Cristiane Izidoro a um psiquiatra em 5 de abril, três dias antes de Jairinho e Monique serem presos.

"Seria ótimo se conseguisse um laudo de um psiquiatra para falar que o vereador não tem nenhum transtorno de personalidade ou algo que aponte para uma personalidade agressiva ou sádica. Teria que ser, de preferência, um nome de inquestionável capacidade e não um médico que atenda Jairinho regularmente. " O psiquiatra recusou arrumar o laudo para Jairinho alegando não querer aparecer na mídia.

Em outro trecho do livro, são expostas conversas que indicam interferências principalmente da assessora e da irmã de Jairinho, Thalita Fernandes.

"Tem que fazer carinho na Ana. Conseguiu falar com ela? Cuida da Ana. Precisamos dela", adicionou ele à irmã menos de seis horas antes de ser preso. A mensagem referia-se à ex-mulher Ana Carolina Ferreira Netto, que chegou a prestar queixa por agressão contra ele anos antes, mas voltou atrás.

O vereador ainda pediu que sua assessora falasse com outras duas ex-companheiras que prestaram depoimento. "Ela tem que ser grata a tudo", falou sobre Débora Saraiva, que denunciou torturas ao filho. "Conversa com ela com muita calma", recomendou sobre Fernanda Abidu.

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Modificação na cena do crime

Um trecho do livro indica que Jairinho pode ter alterado a cena do crime. Enquanto aguardava a liberação do corpo do filho no hospital, Monique refez que o namorado havia sumido. "Estava no posto aguardando você ir na DP", ele escreveu.

"Nesse meio tempo, na verdade, o vereador voltou ao apartamento, como mostrou a câmera do elevador. Na delegacia, ele disse que foi trocar os chinelos por tênis. Às 14h, um primeiro perito esteve no apartamento e constatou que o ambiente estava milimetricamente organizado ", diz o livro.

Outra cena de bastidores narrada é uma operação montada pela polícia para vigiar o casal um dia antes das prisões, com três equipes de tocaia, seguindo os carros que chegavam e saiam das casas das famílias. A polícia sustentou que o casal havia procurado residências de luxo em outra cidade na internet e havia risco de fuga.

Relação conturbada

Com uma vida amorosa tumultuada, com diversas traições no histórico, Jairinho conhece Monique pelas redes sociais, quando ela vivia uma crise no casamento.

O relacionamento evolui rápido e, em juntos meses, passam a morar em um condomínio de alto padrão, onde Henry morreu.

"Um ponto curioso em toda essa história é o enlace de Jairinho e Monique - em menos de seis meses, eles tiveram o primeiro encontro amoroso, divulgou a namorar, montaram apartamento e foram morar juntos. A partir da análise de mensagens, fotos e vídeos , apresento detalhes de como se deu, por exemplo, a compra de móveis, eletrodomésticos e até materiais de limpeza em um curto espaço de tempo para que a mudança fosse feita ", detalha Paolla.

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O livro conta, por exemplo que, galanteador, Jairinho costumava elogiar mulheres da Câmara do Rio e fazer sucesso com algumas delas. A ex-vereadora e ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB), filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson, viveu com Jairinho um breve romance, que terminou após descobrir uma traição dele.

A longa carta que Monique escreveu na prisão, descrever uma suposta relação de abuso e contando uma nova versão para a morte do filho também está no livro. Ela diz que foi dopada por Jairinho e acordada por ele quando o menino já não respirava. Já a defesa do ex-vereador continua sustentando que houve um acidente.

O livro traz ainda relatos de Monique sobre a adaptação de Henrique na nova casa que passou a dividir com Jairinho, além das brigas entre o casal. "Não foi fácil, ele não dormir sozinho no quarto, e o Jairinho passou a reclamar disso, dizer que ele era mimado. Passamos a brigar por isso e também pelos ciúmes excessivos dele, que queria controlar minhas redes sociais e meu celular".

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