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CARÊNCIA

Pará possui apenas 1,07 médico para cada mil habitantes

Estudo do Conselho Federal de Medicina mostra que o Pará a menor média de médicos por habitante do Brasil. Dificuldade de acesso e estrutura contribuem para o problema

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Imagem ilustrativa da notícia Pará possui apenas 1,07 médico para cada mil habitantes camera Sindicato da categoria alerta para falta de estrutura, fator que afasta profissionais do interior | Agência Pará

A sobrecarga causada nos sistemas de saúde em decorrência da pandemia acendeu o alerta para a proporção entre a demanda de atendimentos e a quantidade de profissionais de saúde. Mesmo fora da situação completamente atípica gerada pela Covid-19, o cenário ainda é de alerta para o Estado do Pará. O levantamento mais recente do tipo, realizado em colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP) e que utilizou dados de 2020, aponta que o Pará tem a menor proporção de médicos por mil habitantes do país.

A publicação Demografia Médica no Brasil 2020 aponta uma marca histórica alcançada pelo país em novembro do ano passado, quando o Brasil passou a contar com 500 mil médicos. De acordo com o estudo, nos últimos 100 anos, o número de médicos no Brasil aumentou proporcionalmente cinco vezes mais que o número de habitantes. Entre 1920 e 2020, o número de médicos no Brasil cresceu 35,5 vezes, enquanto que, no mesmo período, a população do país aumentou 6,8 vezes.

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Apesar disso, o estudo demonstra que a distribuição dos médicos pelo território nacional não se dá de forma igualitária. Com base em dados extraídos ainda em fevereiro de 2020, observou-se que enquanto estados como o Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo detém a maior razão entre médicos por mil habitantes do país, com taxas maiores do que a média nacional de 2,49, os Estados do Amapá, Maranhão e Pará registram os menores números de médicos em relação à população do país. Na pior situação, o Pará tem apenas 1,07 médico para cada mil habitantes.

As desigualdades que persistem na distribuição dos profissionais são evidentes, inclusive, entre as regiões brasileiras. Agrupando 8,8% de toda a população do país, a Região Norte conta com 4,6% dos médicos em atividade, enquanto o Sudeste agrupa mais da metade dos médicos do país, o equivalente a 53,2%. Considerando o número de registros de médicos nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o estudo aponta que apenas 7 das 27 unidades da federação têm mais de 2,50 profissionais por mil habitantes, ou seja, estão acima da média nacional.

CONCENTRAÇÃO

Se entre as regiões do país e entre estados essa desigualdade já está presente, o cenário também se repete nos territórios de cada unidade da federação quando considerada a concentração de profissionais nas capitais, em detrimento do interior. No geral, as capitais têm razão média de médicos por mil habitantes muito acima da razão nacional. Com razão de 4,24 médicos por mil habitantes, Belém concentra 69% dos médicos do Estado do Pará. Em contrapartida, com 31% dos médicos registrados, o interior do Pará tem uma proporção de apenas 0,40 médicos por mil habitantes.

Diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), Wilson Machado ressalta que o principal desafio enfrentado no Estado é o problema da distribuição dos médicos no território paraense, o que, segundo ele, está muito relacionado com a falta de estrutura. “O problema que nós encontramos é a distribuição destes médicos pelo Pará. Nós temos várias cidades do Marajó que não possuem, por exemplo, um único médico”, aponta. “Isso se dá em função de uma série de fatores como, por exemplo, a dificuldade da informação chegar a esses lugares. Hoje, é fundamental a internet para que o profissional fique ligado às informações científicas e, inclusive, para obter resultados de exames online rapidamente, o que ajuda a fazer diagnóstico. Com internet ele pode interagir com outros médicos à distância para esclarecer alguns casos mais complicados e nisso há dificuldades em muitas cidades do Pará”.

Wilson Machado acredita que essa falta de estrutura acaba afastando do interior os profissionais médicos, que precisam ter segurança para exercer a sua profissão. “Outra questão é a da remuneração, que, na maioria desses lugares, não é a que espera o médico, uma remuneração que possa justificar o seu afastamento dos grandes centros para trabalhar ali”, acrescenta. “O grande problema não é nem o valor em si, mas a segurança deste vínculo profissional. Não existe concurso público mais e, sem isso, não existe a garantia da vinculação. Então, essas questões, associadas à questão de colégios adequados para os filhos, garantia de uma residência adequada para o profissional médico, enfim, são pequenos detalhes que acabam afastando um pouco o desejo do médico de estabelecer nessas cidades afastadas dos grandes centros”.

Para que esse cenário se modifique, o representante do Sindmepa acredita que é necessário investir na melhoria desses impasses. “É preciso dar plano de carreiras para o médico através de concurso público, vinculando e dando garantias a ele; melhorar a capacidade tecnológica nessas cidades para que o médico possa ter contato permanente com os grandes centros, para que tenha resultados de exames mais rápidos”.

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