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PEDAL NA PANDEMIA

Bike é o meio mais barato, saudável e essencial para fugir de aglomeração

Nas ruas de Belém é cada vez maior o número de pessoas circulando de bicicleta.

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Imagem ilustrativa da notícia Bike é o meio mais barato, saudável e essencial para fugir de aglomeração camera Nas ruas de Belém é cada vez maior o número de pessoas circulando de bicicleta e muitas escolheram a bike como meio de transporte para fugir da aglomeração em ônibus. Mas ciclistas ainda têm que enfrentar a falta de estrutura. | Mauro Ângelo/Diário do Pará

Com a pandemia da Covid-19, deixar as aglomerações segue sendo uma das principais formas de se evitar o contágio e proliferação do novo coronavírus. Em meio a retomada gradativa de diversas atividades e para evitar aglomerações em coletivos, a bicicleta surge como uma alternativa de locomoção em Belém.

Um levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) apontou que a venda de bicicletas teve um aumento de 118% entre 15 de junho e 15 de julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao período de 15 de maio a 15 de junho, o aumento é de 19%.

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Seja para o trabalho ou outro tipo de compromisso, muitos dos que utilizam a bicicleta recomendam ela como meio de transporte ideal na pandemia. Apesar disso, nem tudo tem sido fácil para os amantes da bike.

A falta de uma estrutura adequada tem sido a principal reclamação, além da falta de respeito às leis de trânsito por parte de motoristas que, para tentar fugir de engarrafamentos, resolvem usar os espaços destinados aos ciclistas.

PROBLEMA

Quem sente na pele esses problemas é Fernando Mendes, 32 anos. Ele trabalha como cobrador e utiliza a bicicleta como principal meio de transporte. Mas, apenas este ano já sofreu dois acidentes que, segundo ele, foram causados pela imprudência por parte de motoristas.

“Já sofri dois acidentes por causa de motoristas que estacionaram na ciclofaixa e nos obrigam a ir para a pista. Se o motorista fizesse a parte dele, o trânsito de Belém seria bem melhor. O motorista precisa ter um pouquinho de consciência de que aqui é uma vida também. Nós precisamos trabalhar com a bicicleta e espero que se conscientizem mais e assim as coisas ficarão melhores para todo mundo”.

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Apesar disso, Fernando não pretende abandonar a bike. “A bicicleta me dá mais mobilidade, economizo dinheiro e ganho em saúde. Me sinto bem com ela. Andar de bicicleta pode ficar ainda melhor se cada um fizer a sua parte. Não adianta cobrar de político se você não fizer sua parte. A mudança começa nas nossas atitudes”, completou.

O uso da bicicleta também é aprovado pelo mecânico Alfredo Marques Teixeira, que a utiliza sempre que possível. Ele diz que durante a pandemia a bicicleta tem sido o melhor meio de transporte. “Quando está só eu e a bicicleta não corro risco de pegar esse vírus maldito. Evito aglomeração e melhora até mesmo o meu físico”.

PREFERÊNCIA

A bicicleta também foi adotada por Evandro Nazareno, 40, para fazer compras. Não importa a distância. Utilizando a ciclovia da avenida Duque de Caxias, no bairro do Marco, ele voltava, na ocasião, do bairro da Cidade Velha, onde havia feito compras, e seguia para a sua casa, no bairro Pratinha II, distrito de Icoaraci. A enorme distância é encarada com tranquilidade por ele.

“É bem melhor usar a bicicleta nesse momento, ainda mais com essa pandemia. A bicicleta vira um transporte mais seguro. Às vezes a gente encontra uma certa dificuldade, principalmente quando tumultua o trânsito, por exemplo. Ainda tem a questão de existirem poucas vias para a gente e isso causa muito constrangimento. Seria bom olharem mais por nós, principalmente para o centro da cidade e ali na Augusto Montenegro”.

Anderson Amaral, 35, trabalha como entregador de ofício e também é mecânico de bicicletas e entende bem as dificuldades de quem utiliza este tipo de meio de transporte.

“Corremos muito risco e quando a gente reclama ainda acham ruim e querem discutir com a gente”, lamentou. Apesar disso, ele diz que não troca a bicicleta por outros meios de transporte. “Eu ando mais de bicicleta que de ônibus porque é um transporte rápido e economizo bastante, não gasto com nada. Apenas manutenção. E ainda faz bem para a saúde”.

A pedagoga Nilma de Oliveira, 52, participa de um grupo de ciclismo. “Temos um espaço limitado para pedalar com segurança e precisamos nos preocupar com a sinalização e carros e ficamos sempre atentos”, diz.

A necessidade de melhorias nas ciclovias existentes na capital é destacada por Melissa Noguchi, integrante do Coletivo ParáCiclo.
📷 A necessidade de melhorias nas ciclovias existentes na capital é destacada por Melissa Noguchi, integrante do Coletivo ParáCiclo. |Wagner Santana/Diário do Pará

Coletivo pedirá mais estrutura para os ciclistas

A necessidade de melhorias nas ciclovias existentes na capital é destacada por Melissa Noguchi, integrante do Coletivo ParáCiclo. O grupo trabalha com a conscientização dos ciclistas por meio de campanhas para a garantia da segurança.

Além disso, o coletivo também está preparando documentos ao poder público pedindo mais estrutura para os ciclistas, por meio da instalação de ciclovias emergenciais que possam atender a demanda crescente na cidade.

“Estamos desenvolvendo a nível nacional e local uma campanha sobre como a bicicleta pode colaborar para o desenvolvimento das cidades e estamos no processo de elaboração de documentos demandando a garantia dessa estrutura, com ciclovias emergenciais, pois teve um aumento no fluxo de ciclistas na cidade”.

A melhoria da infraestrutura existente também é algo que precisa de atenção, de acordo com Melissa. Belém é uma cidade, segundo o coletivo, onde se realizam mais de 55 mil viagens diárias na bicicleta.

“A manutenção da infraestrutura existente na cidade é muito precária e aquém das nossas expectativas. Seria necessário implementar ciclovias emergenciais, pensar numa estrutura para estes ciclistas e melhorar coisas básicas como buracos e pintura em área de cruzamentos, que indicariam onde é a ciclovia”, afirmou.

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