As histórias de Benedito Martins é um convite à reflexão neste mês, que faz alusão ao Setembro Verde, momento em que são realizadas campanhas de conscientização sobre a doação de órgãos em todo Brasil.
Bené, como é conhecido pelos colegas, é oficial de manutenção no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua (PA), unidade sob gestão da Pró-Saúde.
A situação dele ficou difícil quando a irmã, Diana Martins, descobriu a gravidez de risco. No dia 28 de fevereiro de 2016, após um procedimento delicado, ela acabou apresentando problema renal grave, perdendo a funcionalidade dos rins. “Foi a partir desse dia que a vida dela parou”, declarou Benedito.
Como forma de ajudar a irmã, o oficial de manutenção decidiu que iria doar um dos seus rins. “Eu descrevo isso como amor. Isso vai ajudar ela a voltar a viver e fazer coisas que gostava de fazer, como estudar, viajar, sair e dividir momentos com a família”, completou.
Doação entre pessoas vivas
A Lei Brasileira não permite que as famílias escolham para quem vão os órgãos doados. As doações após a morte segue para uma lista única, respeitando os critérios de ordem de inscrição, gravidade do caso e compatibilidade genética.
No caso do Benedito é diferente, pois ele passará por um procedimento conhecido como “Transplante Intervivos”, quando um paciente vivo escolhe doar para outro paciente.
Por causa da falta de doador morto, por exemplo, casos de doação intervivos crescem. Os mais comuns são: rins e fígado. O intestino também está entrando nessa lista, mas ainda é raro.
“No ano passado, Hospital Metropolitano acompanhou 33 pacientes considerados potenciais doadores de órgãos. Desse número, apenas 11 famílias consentiram a doação, ou seja, 60% das autorizações foram negadas.”, alertou o coordenador médico do Órgão de Procura de Órgãos (OPO) do Metropolitano, Iury Burlamaqui.
Por ser uma unidade que atende demandas de média e alta complexidades em traumas e queimados do estado do Pará, o Hospital Metropolitano dispõe de um centro de captação de órgãos.
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Dados sobre doação de órgãos no Brasil
A Associação Brasileira de Transplantes (ABTO) aponta que houve uma redução de 6,5% no número de doadores de órgãos no primeiro semestre de 2020. A região norte do Brasil liderou essa queda com quase 47%.
Outro dado que chama atenção é da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), que mostra uma redução de 71% no número de doadores. “A pandemia prejudicou diversos processos. A captação e doação de órgãos também foi atingida com a pandemia”, enfatizou Iury Burlamaqui.
De acordo com o Ministério da Saúde, quase 1.400 pessoas estão na fila dos transplantes no Pará. Desse número, 321 pacientes aguardam por transplante de rins e 920 de córnea.
No Brasil, mais de 40.700 pessoas aguardam por algum tipo de transplante, segundo o Ministério da Saúde.
Como posso me tornar um doador de órgãos?
A ABTO, baseado na Lei dos Transplantes, diz que “nenhuma declaração em vida é válida ou necessária, não há possibilidade de deixar em testamento, e nem são mais válidas as declarações nos documentos de identidade e carteiras de habilitação”, que comprove que você é um doador de órgãos.
Por isso é importante conversar com a família e deixar claro o desejo de doar órgãos. “Conscientizar essa família sobre a importância da doação é o caminho, para que no final eles possam abraçar esse desejo”, concluiu o coordenador médico do OPO do Metropolitano.
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