plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 24°
cotação atual R$


home
COTIDIANO

Entregadores estão nas ruas para garantir o sustento das famílias

Segundo pesquisa, os entregadores e motoboys já são quase 700 mil em todo o País e, inclusive na capital paraense, eles trabalham todos os dias, por muitas horas, tendo as entregas como única opção de trabalho

twitter Google News
Imagem ilustrativa da notícia Entregadores estão nas ruas para garantir o sustento das famílias camera Nilton pedala mais de 10 horas por dia para conseguir pagar as despesas de casa | Wagner Almeida

Faça sol ou chuva, eles estão por toda parte. Basta observar o movimento no trânsito da cidade para perceber um grande número de entregadores que prestam serviços para os aplicativos, onde empresas comercializam uma infinidade de tipos de alimentos. Basta selecionar o que deseja e fazer o pedido. De bicicleta ou motocicleta, esses entregadores atravessam bairros para fazer aquela entrega diretamente nas mãos do consumidor.

Um trabalho que exige agilidade, atenção e que, ao mesmo tempo, oferece muitos riscos a essas pessoas, seja de acidentes ou relacionados à violência. Em alguns casos, o objetivo desse trabalhador autônomo é gerar uma renda extra. Em outros, é a única fonte de renda que garante o sustento de uma família inteira. Alguns trabalhadores chegam a trabalhar 12 horas por dia, tendo apenas um intervalo para o almoço.

Com o objetivo de mapear o perfil desses trabalhadores que atuam em cinco regiões do país, incluindo Belém, de 19 unidades da Federação, a Universidade Federal da Bahia realizou uma pesquisa com entregadores.

De acordo com a pesquisa, entre os primeiros trimestres de 2015 e 2020, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), o número de motociclistas ocupados passou de 459 mil para 693 mil. A idade deles varia entre 18 e 50 anos, e, em média, trabalham para os “aplicativos” há 10 meses. Para 70% deles, esse é seu único trabalho - os demais têm mais de um, sendo a entrega ocupação principal ou subsidiária.

PERFIL

A necessidade chega a sacrificar a convivência com a família. É o que ocorre, por exemplo, com o Everton Sousa, 43 anos, que atua como entregador de aplicativo há sete meses. Ele vive hoje com a sua companheira e é pai de 3 filhos, que possuem 22, 15 e 4 anos. Com o ensino médio completo e alguns cursos profissionalizantes na área de vigilante, ele conta que atuou por 9 anos e meio nessa profissão, tendo sua carteira de trabalho assinada.

Mas, pouco antes da pandemia, ele ficou desempregado, devido a um corte na empresa. A atividade de motoboy, que até aquele momento servia de renda extra, tornou-se sua fonte de renda principal. De domingo a domingo, Everton trabalha cerca de 12 horas por dia e quase não tem tempo para curtir a família. A atividade inicia por volta das 9h e só encerra à meia-noite, todos os dias.

“É um bico que virou trabalho. É um pouco cansativo. Se Deus o livre acontecer algo, como já aconteceu com vários amigos meus, não temos a quem recorrer, não temos legislação trabalhista para amparar. Os custos das motos e os equipamentos saem do nosso bolso. Temos zero apoio do aplicativo. A gente ganha pelo o que faz”, disse ele que, mensalmente, fatura em torno de R$ 3.500 a R$ 4 mil.

É com esse dinheiro que ele paga as despesas domésticas, os custos da atividade e arca com o almoço diariamente. Adotando todos os cuidados, como o uso do álcool em gel e máscara, ele conta que não teve a covid-19. “O mercado de trabalho está fechado, principalmente agora. Particularmente quero montar um negócio com minha esposa e sair um pouco daqui, porque com um tempo pode prejudicar a nossa saúde. A coluna não aguenta. Pegamos sol e chuva, ficamos o dia inteiro em cima da moto. A gente tem que ter um tipo de ganho que possibilite estar mais próximo da família”, afirmou.

Faça chuva ou sol, as motos e bicicletas de entrega são encontradas pelas ruas da capital
📷 Faça chuva ou sol, as motos e bicicletas de entrega são encontradas pelas ruas da capital |Wagner Almeida

Também entregador de aplicativo, Cleiton Ferreira, 30, iniciou a atividade há um ano, que garante o seu sustento hoje, depois que saiu de um emprego de motoboy, onde tinha a carteira assinada. Natural de Castanhal, o jovem mora só em Belém e nutre o sonho de comprar um caminhão para atuar como caminhoneiro. Ele trabalha cerca de 9 horas por dia, de segunda a sábado. Ele fala dos riscos que os trabalhadores enfrentam no trânsito. “Há dois meses sofri um acidente. Uma mulher encostou na moto, não cheguei a cair, mas causou danos na minha moto. Se tivesse a opção de ter um emprego de carteira assinada eu trocaria”, garantiu.

Aos 20 anos, Nilton Júnior trabalha há 2 como entregador. O seu veículo de locomoção é a bicicleta, na qual ele pedala mais de 10 horas por dia nessa atividade. Esta foi a primeira atividade remunerada do jovem, que está ainda concluindo o ensino médio e sonha com um emprego de carteira assinada. “Venho do Parque Verde e faço entregas em várias partes de Belém. Tiro entre R$ 800 a R$ 900. A gente anda de 5 a 6 quilômetros para ganhar R$ 3,75 (de comissão pela entrega). Esse dinheiro vai todo para casa. Ajudo nas despesas. Moro com meu avô e meu tio. Trabalhar de carteira assinada é meu sonho hoje. Mas está difícil. Entrei nisso pela facilidade. O valor da corrida é baixo e a gente corre riscos. As pessoas jogam o carro pra cima da gente, não respeitam”, explicou ele, que também não teve a covid-19.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Notícias Pará

    Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

    Últimas Notícias