
Em tom intimidador, cartas enviadas a crianças imigrantes nos Estados Unidos estão alarmando famílias e ativistas. O conteúdo dos documentos, segundo revelado por reportagem do Chicago Tribune, traz ameaças diretas de deportação a menores de idade que chegaram ao país sob liberdade condicional humanitária, muitos deles sozinhos, durante a infância, em 2014.
“Está na hora de vocês deixarem os Estados Unidos”, é a primeira frase de uma das notificações. Os textos, que alegam o cancelamento da permissão de permanência desses menores, advertem que, caso não deixem o país de imediato, poderão ser alvo de ações policiais, processos criminais e outras penalidades civis.
VEJA TAMBÉM
- Polícia resgata 160 mulheres vítimas de exploração sexual
- Ao buscar filha na escola, brasileiro é preso pela imigração dos EUA
- Donald Trump confirma saída de EUA da Unesco
A prática expõe uma mudança drástica na abordagem do governo de Donald Trump quanto à imigração, principalmente em relação a menores desacompanhados, um grupo que até então contava com garantias legais específicas sob a lei americana. Segundo organizações de defesa, as medidas indicam o desmonte silencioso de um sistema já fragilizado.
De acordo com o jornal, as crianças afetadas foram acolhidas por familiares nos Estados Unidos após entrarem legalmente por meio de um programa federal de proteção.
No entanto, como não podem ser representadas legalmente pelos pais em tribunais de imigração, devido às normas específicas sobre sua entrada, muitas enfrentam os processos sozinhas, sem acesso garantido a um advogado.
A situação se agravou em março, quando a administração Trump cortou o financiamento federal para advogados que atuam em defesa de menores imigrantes. A verba só foi parcialmente restabelecida após uma ação judicial movida por grupos de direitos humanos.
Apesar das denúncias, o Departamento de Segurança Interna (DHS) nega irregularidades. Em nota oficial, a secretária adjunta Tricia McLaughlin declarou que “nenhuma criança está sendo perseguida” e que a atuação do órgão está dentro da legalidade. Segundo ela, as mães são consultadas sobre a permanência ou repatriação dos filhos, que seriam direcionados a locais “seguros”.
A retórica, no entanto, não convence defensores da causa. Dados compilados por uma organização ligada à Universidade de Syracuse revelam que, somente no primeiro ano do governo Trump, mais de 53 mil crianças foram ordenadas a deixar o país. Entre elas, milhares ainda sequer atingiram os 4 anos de idade.
Quer saber mais de mundo? Acesse o nosso canal no WhatsApp
Para os ativistas, trata-se de uma crise humanitária em formação, em que crianças migrantes, muitas fugindo da violência e da pobreza extrema, passam a viver sob constante ameaça, sem proteção legal adequada nem perspectiva de permanência segura.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar