
Quando todos pensavam que seria impossível, oito homens provaram o contrário. Sem apoio oficial do Governo da Indonésia, sem equipamentos de última geração, sem garantias de segurança. Apenas coragem, fé e solidariedade. Foi assim que Agam e sua equipe de voluntários desceram 590 metros de penhasco para resgatar o corpo da brasileira Juliana Marins, que morreu ao cair de uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. E agora, como forma de agradecimento, o Brasil inteiro se uniu em um gesto comovente criando uma vaquinha online que em menos de 24 horas ultrapassou os R$ 400 mil arrecadados.
Esses heróis não usavam capas. Vinham de outras cidades, pagaram suas próprias passagens, levaram o que podiam nos bolsos e nos corações. No topo da montanha, o frio cortava a pele. Na beira do penhasco, o medo era constante. As cordas arrebentavam. As pedras deslizavam. A fome apertava. Mesmo assim, eles seguiram com a missão de salvar alguém que nem sequer conheciam.
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Agam, o alpinista que liderou a missão, compartilhou o único chocolate que tinha com os colegas. Foi a última refeição antes de passarem a noite amarrados em cordas, ao lado do corpo de Juliana, presos a uma rocha, em uma tentativa arriscada de evitar que ela caísse ainda mais no abismo.
“Na hora que desci, sabia que talvez não tivesse volta. Mas ela não podia ficar lá sozinha.”, disse Agam.
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Ele e o guia voluntário Tyo viajaram por conta própria até o monte. Durante o resgate, Agam machucou a perna e enfrentou chuva e frio com outros sete companheiros de equipe. Nenhum deles desistiu. Nenhum deles esperava reconhecimento. Fizeram o que poucos fariam, e agora recebem o carinho de milhões de brasileiros.
Uma onda de solidariedade
Foi diante de tamanha entrega que o site Razões Para Acreditar lançou uma vaquinha na última quinta-feira (26). A meta inicial foi dobrada em poucas horas, mais de R$ 400 mil arrecadados em menos de 24h. E a promessa de Agam é tão nobre quanto sua missão: ele irá dividir o valor entre os oito socorristas, além de investir em equipamentos de resgate e projetos de reflorestamento na Indonésia.
“Essa vaquinha é um agradecimento. Um abraço do Brasil inteiro para um homem que fez o impossível só para que uma família pudesse se despedir da filha”, diz o texto publicado na campanha.
No início, Agam não queria receber nada. Disse que fez tudo por amor, pois esse é o trabalho dele. Mas cedeu após perceber que poderia transformar essa gratidão em recursos para salvar outras vidas e cuidar da natureza local, com o mesmo zelo com que cuidou do corpo de Juliana.
“Sabíamos que poderíamos morrer”
A intensidade do que viveram na montanha é impossível de medir. A tradutora que acompanhou a equipe relatou em uma live: “Ele disse que não sabe como conseguiram resistir. Estava muito, muito frio. Se chovesse mais um pouco, todos teriam morrido. Só por misericórdia de Deus eles não caíram.”
Segundo o relato, o solo cedeu várias vezes, cordas estouraram, pedras rolaram. O resgate durou horas. E mesmo com o trauma, Agam se desculpou com os brasileiros por não conseguir trazer Juliana com vida.
“Ele agradeceu de coração a todos vocês e pediu desculpas por não ter conseguido trazer a Juliana de volta. Disse que foi o máximo que conseguiu fazer.”
A página de Agam nas redes sociais, antes desconhecida, agora acumula mais de 1,5 milhão de seguidores. São mensagens de gratidão, carinho e reverência por alguém que demonstrou, com atos, o que é humanidade.
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