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Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem o Estado da Palestina

A iniciativa, que pode inspirar outras nações, abriu uma crise com Israel

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Imagem ilustrativa da notícia Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem o Estado da Palestina camera Bandeira da Palestina | Reprodução

Quase uma semana depois de anunciar que reconheceriam o Estado da Palestina, Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram a medida. A iniciativa, que pode inspirar outras nações da Europa Ocidental, foi recebida com otimismo por líderes palestinos e abriu uma crise com Israel.

Ao oficializar o reconhecimento, nesta terça-feira (28), os países disseram esperar que a medida acelere os acordos para um cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, que completa oito meses no dia 7 de junho e já matou mais de 36 mil pessoas, de acordo com a facção.

O reconhecimento acontece após mais de 70 anos de conflito na região, durante os quais mais de 140 países legitimaram a existência da nação, de acordo com a Autoridade Palestina, que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada.

No entanto, ter apoio de três quartos dos 193 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, não garante a legitimidade da Palestina perante órgãos internacionais, já que nações como Estados Unidos, Canadá, França, Austrália e Japão mantém a política de atrelar o eventual reconhecimento com um processo de paz com Israel.

Em um comunicado, o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, disse ter antecipado o reconhecimento devido às circunstâncias e citou seu homólogo israelense, Binyamin Netanyahu.

"Queríamos reconhecer a Palestina no final de um processo de paz, mas fizemos este movimento ao lado da Espanha e da Noruega para manter vivo o milagre da paz", afirmou o centrista. "Novamente faço um apelo ao primeiro-ministro Netanyahu para que escute o mundo e detenha a catástrofe humanitária que estamos vendo em Gaza."

Ao anunciar o reconhecimento, o chanceler da Noruega, Espen Barth Eide, disse que esta terça era "um dia especial" para as relações entre o país e a Palestina. "Há mais de 30 anos, a Noruega tem sido um dos mais fervorosos defensores de um Estado palestino", afirmou o ministro.

Nem Dublin nem Oslo surpreenderam ao tomar essa decisão.

Governada por séculos pelos britânicos, a Irlanda se tornou independente em 1921 e sempre se identificou com o movimento nacionalista da Palestina —que também esteve sob controle do Reino Unido, no chamado Mandato Britânico, até a fundação de Israel, em 1948.

Já a Noruega sediou as negociações dos Acordos de Oslo, que prometiam a paz entre israelenses e palestinos e culminaram no famoso aperto de mão entre o israelense Yitzhak Rabin e o palestino Yasser Arafat em 13 de setembro de 1993, na Casa Branca.

A decisão da Espanha, por sua vez, foi a mais inesperada, embora o país tenha desempenhado um papel importante no processo de paz da década de 1990 ao acolher uma conferência de paz árabe-israelense em 1991 que abriu caminho para os Acordos de Oslo.

Curiosamente, foi o governo Espanhol o responsável por encabeçar a iniciativa desta terça. Um dos líderes europeus mais críticos da conduta de Israel na guerra, o primeiro-ministro espcanhol, Pedro Sánchez, chamou a decisão de histórica.

"Atuamos conforme o que se espera de um grande país como a Espanha. Não é apenas uma questão de justiça histórica, é a única maneira de avançar para a solução de um Estado palestino que convive com o Estado de Israel em segurança e em paz", afirmou o socialista ao oficializar sua mais importante medida de política externa desde que chegou ao poder, em 2018.

A Espanha reconheceu um Estado palestino unificado, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, sob a Autoridade Nacional Palestina com Jerusalém Oriental como sua capital. Sánchez disse que Madri não reconhecerá quaisquer mudanças nas fronteiras pré-1967, a menos que sejam acordadas por ambas as partes.

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